Os SWAT Kats querem alçar voo mais uma vez! | JUDAO.com.br

Cultuados personagens dos desenhos animados dos anos 1990 podem ganhar nova chance graças ao financiamento coletivo, 20 anos depois do cancelamento

Sério, gente, o que diabos nós tínhamos com gatos como protagonistas de desenhos de ação quando éramos moleques? Nos anos 1980, a onda eram os Thundercats (que eram MUITO mais legais do que o He-Man). E aí, quase dez anos depois, eis que a Hanna-Barbera me solta uma animação que se tornou um pequeno hit instantâneo – igualmente estrelada por felinos: quem aí se lembra de SWAT Kats, que ainda atendiam pelo subtítulo de “O Esquadrão Radical”?

Produção dos irmãos Christian e Yvon Tremblay para a Turner Program Services (TPS, o braço de produtos sindicalizados do grupo Turner, responsável pelo Cartoon Network) e para a Hanna-Barbera, SWAT Kats tornou-se rapidamente o desenho animado sindicalizado número 1 dos EUA entre 1993 e 1994, de acordo com levantamentos da Nielsen Television Index (NTI) e da Nielsen Syndication Service (NSS).

Mas, perto do final da produção da segunda temporada, a Turner Networks decidiu simplesmente cancelar o programa. Uma razão oficial nunca foi dada, embora fatores como a violência (?) dos episódios e a sua incapacidade de gerar produtos licenciados que vendessem MUITO bem tenham sido mencionados em algum momento.

Foi um total de 23 episódios – deixando ainda três deles, que encerrariam a temporada de número 2, inacabados. A derradeira aventura da dupla formada por Chance “T-Bone” Furlong e Jake “Razor” Clawson iria ao ar em janeiro de 1995, duas décadas atrás. E, em nenhum momento, a Turner sequer manifestou qualquer interesse em trazê-los de volta. Mas os Tremblay Bros., que voltaram a ter os direitos de exibição de seus personagens, quiseram aproveitar toda esta onda de financiamento coletivo e foram parar no Kickstarter para tentar tirar do acetato o tão sonhado retorno dos SWAT Kats em uma nova série de desenhos. Vinte anos depois, pensa nisso.

A primeira meta, de US$ 50.000, já foi ultrapassada. O objetivo era criar a “bíblia” da série, com as artes conceituais, o design dos personagens e ainda três roteiros iniciais. Conforme Christian Tremblay explica nesta entrevista captada para o filme Kickstarted, a intenção era envolver diretamente os fãs para que os irmãos pudessem ter não apenas este apoio, mas também material em mãos para levar aos parceiros/investidores que, então, poderiam injetar a grana necessária para bancar uma série completa, que é algo BEM mais caro. Uma abordagem no mínimo diferente do financiamento coletivo, para ser honesto.

No entanto, existem outras metas – a próxima delas, que deve ser alcançada em breve (US$ 100.000), prevê a criação de um teaser de 2 minutos. Com US$ 200.000, eles podem deixar prontinho um episódio de 22 minutos. E aí vem o lado ambicioso da coisa: com US$ 1.000.000, seria feita uma minissérie em cinco capítulos e, com polpudos US$ 1.500.000, daria para bancar um longa para ser lançado diretamente numa plataforma de streaming. Quem viver, verá.

Creditando este retorno às “centenas” de mensagens que ele e o irmão recebem em sua produtora, a Tremblay Bros. Studios (responsável, entre outras, por aquela série chamada Loonatics, uma versão “super-herói dark” dos Looney Tunes), Christian confessa, empolgado, que este é um momento bastante interessante para o mundo do entretenimento. “Antes a gente tinha que sentar com os bancos, com os estúdios, para conseguir algum dinheiro. Agora a gente pode falar direto com vocês. Isso é demais”.

Os irmãos estavam trabalhando com alguns sujeitos que se declararam fãs dos SWAT Kats e que diziam que queriam fazer alguma coisa com os personagens. Então, Christian prometeu que ia colocá-los em contato com a Warner (atual dona da Turner) para ver o que podia rolar. O criador revela que teve acesso a alguns dos e-mails trocados e um deles, particularmente, chamou a atenção: “a Warner dizia ‘não, obrigado, não temos interesse’, mas os nossos amigos usaram como argumento a quantidade de fãs que os SWAT Kats tinham em diversos grupos e páginas do Facebook. Eu olhei para aquele número total e disse para o meu irmão: olha isso. Precisamos ir atrás destes caras todos”. E foram. ;)

Sem entrar em detalhes, Christian deixa claro que não veremos mais do mesmo. Serão novos roteiros, novas histórias, nova animação, novo visual. E até um novo nome: SWAT Kats – Revolution. “Estamos em 2015, o estilo de fazer televisão mudou”, explica. “Tínhamos que evoluir também”.

Swat_Katz_02Na trama original, que não deixa nada a dever a qualquer filme de ação oitentista, T-Bone e Razor eram membros de uma agência paramilitar de manutenção da paz chamada Enforcers, a principal linha de defesa da cidade de Megakat City contra as forças do mal.

Numa missão de combate contra o misterioso Dark Kat, o maior vilão das redondezas, eles acabaram desobedecendo as ordens do Comandante Ulysses Feral e, agindo sozinhos, caíram numa armadilha do próprio Feral e espatifaram seu jato contra a sede dos Enforcers, deixando Dark Kat fugir. Resultado? Expulsão imediata. E para pagar pelo estrago que fizeram, forçam forçados a trabalhar no ferro velho do exército. Com um detalhe: devidamente proibidos de voar.

Mas o caso é que os dois eram dois sujeitos bem teimosos. E, se T-Bone era um excelente piloto, seu parceiro Razor era um mecânico de mão cheia. Usando partes de diferentes armas e veículos de combate, eles criaram um jato chamado Turbokat. Tomaram conta de um hangar secreto debaixo do lixão. E, assumindo as identidades secretas de dois heróis mascarados desconhecidos, tornaram-se vigilantes para patrulhar Megakat City. Os SWAT Kats contavam ainda com uma ajuda bem especial – Calico “Callie” Briggs, que ocupava um cargo similar ao de vice-prefeita na cidade, governando de fato enquanto o prefeito se preocupava em jogar golfe. Com uma linha de rádio para falar direto com os dois heróis, era ela quem avisava sempre que dava merda e os dois seriam necessários para salvar o dia.

Além do Dark Kat, a sua lista de inimigos era bastante extensa – e divertida. Tinha a aberração genética parte gato, parte réptil conhecida como Dr. Viper. O ladrão tecnológico Hard Drive. E o feiticeiro morto-vivo Mestre do Passado, vindo diretamente da Idade Média para tentar devolver o nosso mundo a uma era de trevas. Mas nenhum bandidão era mais legal que os Metallikats, cujo nome era – claro! – uma espécie de brincadeira para homenagear o Metallica. Outrora líderes de um sindicato de mafiosos na cidade, Mac e Molly Mange sofreram um acidente quanto tentavam fugir da prisão e acabaram tendo suas consciências inseridas em poderosos corpos robóticos. Meu lado adolescente de 14 anos diria “IRADO”.

Aliás, o meu lado adulto já está dizendo a mesma coisa desde o começo deste texto. Então tudo bem. Estão todos perdoados. :D

Obs.: A dublagem brasileira era praticamente uma sucursal dos Cavaleiros do Zodíaco. T-Bone era dublado por Élcio Sodré, o Shiryu de Dragão; Callie Briggs tinha a voz de Letícia Quinto, a Princesa Atena; o Dr. Viper era interpretado por Francisco Bretas, o Hyoga de Cisne; e o Dark T-Bone, versão sombria do herói, era cortesia de Leonardo Camilo, o Ikki de Fênix. Isso se a gente não contar ainda que Felina Feral, a sobrinha rebelde do Comandante, era dublada por Cecilia Lemes – que, além de conhecida pela voz da Chiquinha do Chaves, ainda foi a deusa Artemis no longa Prólogo do Céu.