Para a Warner, o futuro é seriado | JUDAO.com.br

Seja no cinema ou na TV, para o CEO da Caixa D’Água, Kevin Tsujihara, são as franquias e grandes séries que vão resolver o mundo dele. Mas quem foi que criou isso, mesmo?

Bancos e dinheiro. Lá no final da cadeia, é sobre isso que é o mercado do entretenimento e a cultura pop — tem até gente que prefere anunciar coisas que fãs tanto querem em CALLS com investidores, por exemplo. Essa semana, o CEO da Warner Bros. Entertainment, Kevin Tsujihara, foi prestar contas falar de como anda a Caixa D’Água num painel na Credit Suisse Technology, Media & Telecom Conference no Arizona.

Credit Suisse, não sei se você sabe, é um dos maiores bancos de investimento do mundo – e um dos mais sólidos.

O grande assunto de Tsujihara foi, claro, o começo de Westworld, que conquistou uma audiência de 3 milhões de pessoas nos EUA, maior que o início de Game of Thrones. “Eu estou muito, muito empolgado com as potencial que temos com Westworld. Se você olhar para os números, em todas as plataformas, é um primeiro ano melhor que Game of Thrones”, disse o executivo.

Esses dois sucessos – e, vamos combinar, esforços como as séries originais de Netflix e Amazon – estão mostrando que “conteúdo episódicos” que se tornam febre, como o chefão se referiu durante o evento, são uma ótima fonte de dinheiro. Por isso a ideia é conseguir ter algo do gênero na TNT, que fica em outra parte do conglomerado.

Em termos de conteúdo, isso é ótimo: EM TEORIA, pra conseguir tornar uma série em um sucesso tão grande, é preciso ter qualidade.

Kevin Tsujihara

Kevin Tsujihara

Mas, DIGAMOS ASSIM, tem um problema ao levar uma ideia parecida para os cinemas, com o CEO prometendo mais investimento em grandes propriedades da empresa, como os DC Filmes, LEGO e, claro, Harry Potter. “Essas grandes franquias estão se tornando mais e mais importantes”. O argumento do executivo tem uma base: na TV/streaming há conteúdo muito bom, de qualidade. Então os filmes que conseguem quebrar essa barreira e fazer com que as pessoas saiam de casa são dessas grandes franquias... Porque é assim que eles resolveram trabalhar.

Veja bem: até o surgimento das franquias, ninguém tinha pensado nisso exatamente. Mas aí veio Harry Potter e mostrou o quão bom poderia ser ter um filme todo ano — e o quão ruim seria não ter, quando acabou... Esse virou o MODUS OPERANDI. Não necessariamente é ISSO o que dá certo, mas dá certo porque é isso.

E dá certo até certo ponto, também: qualidade não costuma ser o maior destaque das franquias. E se você pegar o exemplo da Saga Divergente, nada adiantou...

Tem outra questão aí também, que Tsujihara também tá ligado: quando o conteúdo chega na casa das pessoas, seja via Blu-ray, TV ou VOD, boa parte da força que ele tinha se dissipou, perdendo feio para os conteúdos exclusivos dessas plataformas. Por isso, a ideia da WB é aproximar essas “janelas”, como são chamados esses períodos, do lançamento nos cinemas. “Nós estamos tendo conversas muito construtivas com exibidores pela primeira vez em muito tempo. (...) Nós queremos encontrar um caminho juntos. Nós estamos trabalhando com eles para encontrar uma nova janela. Nós queremos dar aos consumidores mais escolhas, mais cedo. Acreditamos que é imperativo e vamos fazer isso”.

Recentemente, a Marvel Television fez aquele acordo com o IMAX para trazer a série de TV dos Inumanos para a tela gigantesca, então é de se esperar que eles e outros exibidores estejam conversando com as distribuidoras sobre novos formatos de distribuição. A água, claro, tá batendo na bunda...

Mas, mais importante do que qualquer coisa: os executivos de Hollywood perceberam que pouco importa se estão produzindo filmes para o cinema, séries para o streaming ou produtos de TV paga. O dinheiro, no final das contas, vem tudo do mesmo lugar – e o dono não quer jogá-lo fora.