O principal momento do filme quase foi deletado pelo simples fato de que não entendiam o que é um super-herói
SPOILER! No fim do segundo ato de Mulher-Maravilha, seguindo as regras e convenções do mundo dos homens, Steve Trevor afirma que não é pra salvar o povo da Terra de Ninguém que eles estão ali, sendo aquele lugar completamente destruído, em diversos sentidos, apenas uma passagem para onde eles deveriam originalmente seguir.
É nesse exato momento em que Diana Prince, ao responder que “você não está aqui pra isso, mas eu sim” depois de tirar a sua capa e colocar sua tiara, vira a Mulher-Maravilha. Deixando todos ATÔNITOS, ela sobe a escada do bunker e encara a chuva de tiros que segue.
Você já viu boa parte dessas imagens nos trailer. É ali que ela desvia os tiros com os braceletes, ainda impressionada com o fato, que usa o escudo pra desviar as milhões de balas que são atiradas, chamando toda a atenção pra si e, enfim, permitindo que a Terra de Ninguém fosse retomada.
Foi nesse momento que toda a ideia do que é um SUPER-herói bateu; foi nesse momento em que não só Diana Prince virou a Mulher-Maravilha, mas também Gal Gadot se tornou a versão definitiva da personagem; e foi nesse momento, também, que eu chorei.
Um momento inesquecível para a cultura pop que, por pouco, não foi tirado do filme.
“É a minha cena favorita do filme e também a mais importante”, contou a primeira mulher a dirigir um filme com US$150 Milhões de orçamento, Patty Jenkins ao Fandango. “É também a cena que fez menos sentido pra algumas pessoas e por isso é uma vitória maravilhosa pra mim”.
“Eu penso que, nos filmes com super-heróis, eles lutam contra outras pessoas, vilões. Então quando eu comecei a realmente enfatizar o significado da Terra Ninguém, algumas pessoas ficaram profundamente confusas, pensando, tipo, ‘Bem, o que ela vai fazer? Quantas balas ela pode consegue enfrentar?’. E eu continuei dizendo ‘não é sobre isso. É uma cena diferente dessa. Essa cena é a que mostra ela se tornando a Mulher-Maravilha”.
Apesar de ser dirigido por ela, o Mulher-Maravilha deveria se encaixar em um universo, com tons e ideias previamente definidos — o que é muito facilmente percebido, aliás. EXPLICA-SE, ainda que não faça sentido, essa relutância, além de que, de fato, normalmente, em outros filmes desse tipo, o herói só se torna o herói depois de uma primeira treta contra algum vilão ou seus CAPANGAS.
Nesse caso, a Mulher-Maravilha, além de aparecer sozinha na maior parte da cena, não ataca ninguém, o que REALMENTE parece ser um conceito absurdo pra algumas pessoas.
[Essa cena] É sobre ela. Nós não estamos putos com os Alemães. A gente não se preocupa com eles, nem ela. Isso é o que ela precisa fazer pra atravessar a Terra de Ninguém, então é sobre ela
Patty Jenkins conta que, pra resolver isso, precisou tornar a piada em realidade e desenhar o que estava dizendo. “Você tem artistas de storyboard maravilhosos, grandes diretores de segunda unidade e pessoas com quem você colabora, mas nesse caso eu disse apenas ‘vou tratar isso como eu trataria um drama muito simples e desenhar o que eu tou tentando fazer antes de a gente continuar”.
“Eu fico extremamente grata que, no fim, todos nós juntos pudemos transformar isso naquela cena. Foi sempre a mais importante do filme pra mim, já que é o nascimento da Mulher-Maravilha”.
Em entrevista ao Collider, aliás, Patty Jenkins contou que essa cena é a única que contem uma “versão alternativa”, que foi simplesmente editada de maneira diferente. “Nós não cortamos uma cena desse filme e nem trocamos a ordem do que estava no roteiro quando começamos a gravar (...) O pessoal do DVD ficou pedindo cenas cortadas, mas não tinha uma”.
Que mulher. :)