Pétalas: muita fofura e muito amor na nova obra de Gustavo Borges | JUDAO.com.br

Jovem quadrinista faz projeto em parceria com a colorista Cris Peter e explode de arrecações no Catarse

Pétalas é um conto mudo e fechado que trata da vida de uma família de raposas durante um inverno rigoroso. A história se desenrola quando um estranho chega pra mudar tudo. Posso resumir em uma palavra: Generosidade”.

Esta é a descrição de Gustavo Borges, 19 anos, um jovem e promissor quadrinista gaúcho que não tem nada de nadador mas que mergulha de cabeça em cada projeto (viram o que eu fiz aqui?), sobre sua nova obra, Pétalas, uma parceria com a conceituada colorista Cris Peter.

Em conversa exclusiva com o JUDÃO, pedimos que ele mesmo contasse a sinopse da história, ao invés de fazermos um daqueles CTRL+C, CTRL+V que todo mundo faz por aí. E, com base nesta descrição simples e ao mesmo tempo misteriosa, já não dá aquela vontadezinha de ler?

Pois é, e parece que tem MUITA gente que concorda com isso. Afinal, o projeto que está para financiamento coletivo no Catarse tinha como meta modestos R$ 5.000 – e já ultrapassou a casa dos R$ 34.000, liberando rigorosamente todas as recompensas extra e reunindo um número impressionante de 869 apoios...até o momento.

“Bom, eu estou maravilhado com isso tudo”, confessa ele. “Não foi um só fator... É o nome da Cris -óbvio-, é o fato de eu já ter dois títulos publicados e em quase dois anos estar criando o meu público, é o meio de quadrinistas e ilustradores ter gostado e ajudado a espalhar, e claro, os apoiadores, já que cada um que apoiou ajudou a trazer dois pra apoiarem também. Então, não sei se tem receita pra isso!”.

Teaser_Petalas_cores_BAIXAApesar da pouca idade e de estar em atividade há apenas dois anos, Gustavo já é um nome reconhecido no mercado nacional. Autor de duas webcomics de sucesso, sobre o filosófico castorzinho Edgar (que teve a primeira edição impressa lançada oficialmente durante a última CCXP) e sobre a cadavérica e ao mesmo tempo simpática protagonista de A Entediante Vida de Morte Crens, ele conta que sempre teve certeza que queria ser desenhista.

“Não tinha dúvidas disso. Mas eu decidi desenhar HQs só quando conheci os mangás através de uma edição de Dragon Ball. A partir disso, eu consegui focar e planejar meus passos quando conheci o mercado independente através do Puny Parker do Vitor Cafaggi”, revela. “Então eu me encontrei completamente, comecei a produzir tiras do Morte Crens e aí vocês já sabem o resto da história. Como eu sempre quis, o abismo de querer e fazer foi só o de entender, e então focar”.

A ideia de produzir Pétalas começou quando ele estava finalizando Edgar – que, assim como A Entediante Vida de Morte Crens, era uma história rolando na horizontal.

“Eu estava sedento por contar uma história fechada, contínua, desenhada na vertical! Então eu pensei num número de páginas que poderia desenhar e encontrei o sentimento que eu queria desenhar: generosidade”, explica. “A partir disso eu comecei a criar os personagens, as cenas e o roteiro passou a se formar. Então, a ideia veio da vontade de produzir algo diferente do que eu já tinha criado, e claro, é uma história muda, então me exigiu muito mais pra criar a narrativa”.petalas_03_cor

Pode ser que a presença da Cris, que tem trabalhos para a Marvel e para a DC, indique que foi necessária uma complicada negociação de agendas para fazer acontecer. Nada disso.

Conterrânea de Gustavo, ela dividiu uma mesa com ele na GibiCon, convenção de quadrinhos realizada em Curitiba, no ano passado. Os dois conversaram bastante e o amor pelos gibis derrubou qualquer fronteira que a diferença de idade (ele com 19, ela com 31 anos) pudesse causar.

“Na volta, ela me perguntou no que mais eu estava trabalhando, então mostrei o Pétalas, que seria originalmente em preto e branco, e contei a história pra ela. Imediatamente ela me pediu pra colorir! Foi legal demais ela ter entrado no projeto porque se apaixonou pela ideia”.

Envolvido ainda com dois outros projetos também custeados por financiamento coletivo, os álbuns 321: Fast Comics – Vol 2 e A Samurai, Gustavo aposta que estamos vivendo um “período maravilhoso” para as HQs nacionais. “É catarse, internet, Facebook, editoras olhando pros independentes, as Graphics MSP impulsionando o mercado, só coisa boa. Mas ainda estamos bem longe de competir com essa hegemonia Marvel/DC. Recém estamos expandindo o nosso nicho, e fidelizando nossos leitores”.

Ele conta, no entanto, que diferente do que rola com Edgar e Morte Crens, o universo dos personagens de Pétalas começa e termina nas páginas dessa edição. “Eu acharia maravilhoso ver ela reproduzida numa animação, ver estatuetas e outras coisas dos personagens. Mas eu não vou fazer um 2° só porque o projeto deu certo”, diz.

Maturidade, bicho, o moleque tem. E mais do que muito marmanjo por aí. ;D