Phoebe Waller-Bridge quer mudar a forma como a franquia 007 trata as mulheres | JUDAO.com.br

Apareceu alguém para falar exatamente o que a gente já sabia…

Criado por Ian Fleming em 1963, James Bond é uma das franquias cinematográficas mais bem sucedidas da história do cinema com seus 24 filmes. Apesar de uma vida tão duradoura e cheia de cifrões, alguns elementos tradicionais do universo 007 e do próprio personagem começaram a ser questionados. Com uma nova produção ainda em andamento, a forma como o Agente 007 trata as mulheres parece ultrapassada no momento em que movimentos como #MeToo e Time’s Up abordam o comportamento tóxico masculino.

Fruto do seu tempo, James Bond sempre foi um personagem extremamente machista e misógino, que se relacionava com basicamente todas as personagens femininas que passavam na sua frente. Denominadas Bond Girls, essas mulheres caracterizadas pela beleza geralmente precisam ser resgatadas pelo herói ou fazem parte de uma organização criminosa combatida pelo protagonista e, em alguns casos, são agentes secretas aliadas. E, claro, a grande maioria dessas 68 (!) personagens tem uma relação romântica ou sexual com o agente secreto.

Como uma forma de atualizar esse estereótipo e comportamento ultrapassado do personagem, a equipe do filme número 25 de Bond contratou a roteirista Phoebe Waller-Bridge, criadora e protagonista de Fleabag e uma das criadoras de Killing Eve, para polir o roteiro e dar mais pluralidade para as personagens femininas.

“Tem havido muita conversa sobre se a franquia de Bond é ou não relevante agora por causa de quem ele é e da maneira como ele trata as mulheres”, afirmou Waller-Bridge em uma entrevista para o Deadline. “Eu acho que é bobagem. Eu acho que ele é absolutamente relevante agora. Acabou de crescer. Acabou de evoluir e o importante é que o filme trate as mulheres adequadamente”, completando que James Bond precisa ser fiel ao personagem. “Ele não precisa [mudar]. Ele precisa ser fiel à esse personagem”.

Com sua contratação, Waller-Bridge se tornou apenas a segunda mulher na história da franquia a ser creditada como roteirista, depois de Johanna Hardwood, que escreveu 007 Contra o Satânico Dr. No e Moscou contra 007, em 1962 e 1963, respectivamente. Essa visão bastante masculinizada da relação entre Bond e as Bond Girls claramente é reflexo da enorme quantidade de roteiristas homens que trabalharam nessas histórias ao longo dos anos.

Enquanto existe um pedido de mudança do personagem, Waller-Bridge acredita que Bond não precisa sofrer uma mudança drástica que modifique sua essência, mas crê que O FILME precisa mudar a forma como trata as personagens femininas. Nem toda Bond Girl precisa aturar o comportamento do agente secreto e ainda dormir com ele apenas porque sua função é essa.

Modificando a forma como essas mulheres são retratadas e como respondem aos avanços do personagem já faria uma tremenda diferença nesse universo. Nem toda mulher presente em tela precisa ter alguma conexão romântica com o protagonista. Essa mudança de dinâmica entre Bond e as Bond Girls proposta por Waller-Bridge poderá ser vista em 2020.