A Pixar já não parece estar na vanguarda da animação. Isso será um problema? | JUDAO.com.br

Bem, pra ELES com certeza é. Pra NÓS é que pode até ficar parecendo com uma solução…

A Disney sempre foi sinônimo de animação. Não só por conta do Mortimer Mouse e toda sua turma: Branca de Neve e os Sete Anões, lançamento do estúdio em 1937, foi o primeiro longa de animação da história do cinema. O que foi chamado naquela época de “loucura da Disney”, se tornou o início do que seria um dos maiores e mais importantes estúdios de todos os tempos.

Com um período de muito sucesso em bilheterias e um bem sucedido renascimento, a Disney colocou as mãos na Pixar, empresa que nasceu com o objetivo de fazer o primeiro filme animado por computador do mundo. E foi esse desejo que gerou Toy Story, em 1995.

Depois do sucesso da aventura de Woody e seus amigos, a animação se tornou um padrão na indústria cinematográfica ao criar uma mudança em quais tecnologias, ferramentas e profissionais eram necessários nos estúdios de animação — já não bastava “apenas” saber desenhar. Essa mudança criou a necessidade dos estúdios terem softwares cada vez mais poderosos, além de bancos de dados para essa quantidade enorme de informações que estavam sendo criadas.

A partir daí, animadores e cineastas estão sempre tentando encontrar maneiras de mesclar tecnologia com animação, com uma evolução tecnológica que não se restringiu apenas ao mundo da animação e sendo essenciais em setores de efeitos visuais e modelagem 3D. Essa sede por avanços colabora para nos deparamos com novos animações de visuais cada vez mais assombrosos, seja por serem muito realistas ou extremamente detalhados.

Mas se todos os estúdios estão evoluindo rapidamente, o que acontece com a Pixar, a grande responsável por essa padronização?

Em 2019, o estúdio perdeu sua dominância no Oscar para a Sony Pictures com a revolução visual de Homem-Aranha no Aranhaverso, que além de tudo tem uma história fantástica. Na semana passada, então, o estúdio liberou o primeiro teaser de Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica, nova animação original que contará a história de dois irmãos elfos adolescentes em um mundo fantástico e embarcam em uma missão para descobrir se ainda há magia no mundo.

Escrito e dirigido por Dan Scanlon, a animação parece beeeem bonita, mas... ainda mais comum visualmente. Não é difícil imaginar essa animação nas mãos de qualquer outro estúdio. Aliás, é até bem capaz de algum desavisado olhar e pensar que se trata de apenas e tão somente mais uma animação, daquelas feitas “por obrigação”, só porque sim... Indo absolutamente contra tudo o que a Pixar fez (mesmo quando cometeu erros).

Esse é o preço da padronização, claro. Hollywood é uma indústria, os mesmos profissionais costumam trabalhar nos mesmos lugares em diversas obras diferentes e, com o desenvolvimento de novas tecnologias, todos passam a utilizá-las até que, em um determinado momento, deixa de existir qualquer diferença entre um e outro. Em teoria, nenhum problema quanto a isso... Mas isso vai absolutamente contra tudo o que a Pixar fez (mesmo quando cometeu erros).

Homem-Aranha no Aranhaverso mostrou que é possível SIM contar histórias visualmente diferentes e inovadoras e, mais importante que isso, que existe gente disposta e com vontade de fazer isso acontecer. VEJA BEM: a própria Pixar surgiu desse desejo! Mas será que cansaram? Será que todo o poder e responsabilidades de um estúdio como a Disney acabou tirando justamente o que sempre diferenciou a Pixar de tudo o que era produzido, o tal do coração?

Enquanto isso, vemos a DreamWorks chegando no mesmo nível de qualidade narrativa e valores emocionais com Como Treinar seu Dragão 3; uma produção como As Aventuras do Capitão Cueca: O Filme aparecendo do nada e surpreendendo; sem contar o já SUPRACITADO Homem-Aranha no Aranhaverso e outros trabalhos impressionantes vindos do Cartoon Network Studios, a Laika Studios, especializada em animação stop motion, as empresas japonesas Studio Ghibli e Sunrise, além da filipina Toon City.

Com a tecnologia evoluindo tão rápido nas mãos de diferentes profissionais, talvez seja o caso da Pixar correr pra voltar a ficar uns dois ou três passos à frente. Isso ou nós, consumidores de cultura pop, que devemos começar a olhar pros outros estúdios com o mesmo carinho que olhamos pras produções da Pixar. Nesse caso, quem tem a ganhar somos nós e somente nós.