A Pixar tem um enorme problema pra resolver | JUDAO.com.br

Rashida Jones voltou a falar sobre o que a tirou de Toy Story 4: “Você olha para os registros [da Pixar] e vê apenas uma mulher dirigindo um longa em 25 anos, e ela foi demitida.”

Aaaah, a Pixar! Esse estúdio incrível que nos conta histórias mágicas sobre amizade, amor, família, a importância de ser quem você é... Mas já reparou que nunca essas histórias são contadas por mulheres? Nos últimos 25 anos, TODOS os filmes foram dirigidos por homens — Valente até tem uma diretora creditada, Brenda Chapman, mas ela foi demitida e substituída por Mark Andrews depois.

As coisas pareciam que estavam mudando quando Rashida Jones teve seu nome ligado ao roteiro de Toy Story 4; em Novembro do ano passado, no entanto, ela anunciou que estava de saída do projeto junto com seu parceiro Will McCormak. E apesar de ter sido na mesma época em que John Lasseter, um dos co-fundadores da Pixar, foi afastado de seu cargo após denúncias de assédio sexual, Jones e McCormak disseram ao New York Times que a decisão havia sido tomada após “diferenças criativas e filosóficas” e por terem observado “uma cultura na qual mulheres e pessoas não-brancas não têm a mesma relevância criativa”.

O tempo se passou e, na última semana, Rashida voltou a falar sobre o assunto em uma entrevista ao Net-A-Porter abordando sua carreira como diretora e produtora. Ao ser questionada sobre essa história toda, Rashida mandou a real: “Você olha para os registros [da Pixar] e vê apenas uma mulher dirigindo um longa em 25 anos, e ela foi demitida.” E completou: “Mas isso não é diferente da maioria dos estúdios de Hollywood. O que eu posso fazer é ser autêntica, dar minha opinião e ser honesta sobre quando as coisas não refletem o mundo atual. Sendo uma empresa, ela precisa ser responsabilizada.”

Will McCormak e Rashida Jones no palco da D23 Expo 2015

Essa é a hora em que alguns vão bater o pé. “Mas será possível que TUDO tem que ter mulher agora?”. E a resposta é SIM, meus amigos! Se nós fazemos parte da sociedade, precisamos ocupar cargos poderosos. Seja na política, na mídia ou em grandes estúdios que produzem uma massiva parte do entretenimento que consumimos. E a gente tá BEM cansada de ver os mesmos estereótipos femininos escritos por homens. Mesmo quando há uma boa intenção, sempre somos colocadas em certas caixinhas, como se mulher pudesse ser só, sei lá, duas ou três coisas. Cai naquela história da Emilia Clarke estar PUTA com o título de “mulher forte”, sabe?

“Mulheres são ensinadas a serem boazinhas. Homens, a serem poderosos. Eu quero encontrar uma maneira de contar histórias com uma perspectiva feminina e que não pareçam ter falas colocadas na boca de uma mulher por um homem”, disse Rashida nessa entrevista. Bem, é isso! Representatividade não é só TER uma mulher no elenco, pronto, acabou. É realmente incluir sua visão de mundo, contexto cultural e experiências. :)