Todo o poder e amor para Iron Max, o jovem Menino de Ferro | JUDAO.com.br

Porque é de momentos como estes que a cultura pop é REALMENTE feita, afinal de contas

A edição número 4 de Invincible Iron Man, escrita por Brian Michael Bendis e desenhada por David Marquez, poderia ter se tornado célebre apenas pela presença de Mary Jane Watson – a mais do que icônica ex-esposa do Homem-Aranha, que de maneira inesperada vai se tornar parte do elenco de coadjuvantes de OUTRA revista da editora. Só isso já seria motivo o bastante.

O lance é que tem mais. BEM mais. Porque o gibi tem uma participação especial que transborda fofura e que merece ser destacada: o jovem Max Levy, um garotinho de oito anos de idade que Tony Stark visita no hospital.

O moleque se declara apaixonado pelo Homem de Ferro (“verdade, não estou dizendo isso só porque o Homem-Aranha não está aqui”) e ganha um presentão: o bilionário reconfigura sua armadura para que o menino possa ter a sensação de vesti-la. Pra completar o presente, que tal a dupla se juntar para encarar o Doutor Destino em pessoa? :)

Vista sob este ponto, a história já seria uma GRACINHA por natureza, algo com uma pegada da mais do que clássica – e emocionante – O Garoto Que Colecionava Homem-Aranha, aquela que é pra mim a melhor HQ do Teioso de todos os tempos. Mas a parada mais representativa aqui é que Max Levy existe de verdade. Quer virada na trama mais legal do que esta?

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O Max da vida real não tem oito anos – na verdade, tem apenas cinco. Quando era bebê, o garoto foi diagnosticado com hemofilia do tipo A, um distúrbio que afeta a capacidade do sangue coagular corretamente. Ano passado, Max foi submetido a uma abertura em seu peito, para a introdução de um implante como parte de seu tratamento. O menino já era maluco por super-heróis. Imagina como ele não pirou quando os pais começaram a comparar aquilo com o reator que Tony Stark carrega em seu peito, para que ele entendesse a operação? O jovem herói ganhou até um apelido: Iron Max.

“Um jovem menino que faz uma grande diferença”, descreve a Marvel, ao anunciar esta participação especial. E eles estão certos – ao lado da irmã de oito anos, Zoe, Max criou um calendário beneficente chamado Hearts 4 Hemophilia. A iniciativa já arrecadou mais de US$ 7.000 para o Children’s Hospital of Philadelphia, justamente onde o garoto foi tratado durante a maior parte de toda a sua ainda curta vida.

A coisa toda começou quando o pai de Max, Dan, começou a falar sobre o assunto no Twitter, anunciando a cirurgia do garoto e usando a hashtag #IronMax para quem quisesse mandar uma mensagem de incentivo. Foi aí que o perfil oficial dos filmes do herói metálico resolveu enviar uma força pra ele...

O caso é que Dan tem um monte de amigos. E alguns deles são fanáticos por quadrinhos. E alguns deles são, inclusive, jornalistas especializados em quadrinhos – como Matt Terl. Um papo leva ao outro e, quando Dan menos esperava, eis que ele se depara com o seguinte tweet:

Dan respondeu, perguntando se era sério. E o Bendis confirmou que sim, que jamais brincaria com uma coisa destas. “Eu literalmente apenas chorei pela primeira vez em três anos quando fui contar para a minha esposa sobre isso”, revelou ele, em resposta. “Fique forte, meu amigo”, replicou Bendis.

Naquela época, Bendis ainda estava envolvido com o Universo Ultimate e também escrevendo os Guardiões da Galáxia, além de igualmente dedicado ao lançamento da série de TV baseada em sua criação autoral, Powers. Mas eis que, em setembro, Dan foi surpreendido por uma comunicação oficial da Marvel, pedindo fotos de referência do pai e do filho para o desenhista. “Max vai conhecer o Homem de Ferro no número 4 da nova revista”, foi a resposta que fez todo mundo pular de alegria na casa dos Levy.

“Eu achava que o Homem de Ferro só voaria pela rua e daria alô para um menino num ônibus escolar que se parece com o Max. Nunca na minha vida imaginei que eles fariam parte da história ser sobre ele”, escreveu o pai, jornalista esportivo, numa crônica para o site especializado em futebol americano The Comeback. “E esta é a história de 18 meses do Iron Max, de um menininho com hemofilia para se tornar um super-herói que combate supervilões. É uma boa história de origem”.

Ah, se é. Daquelas que fazem valer a pena este negócio de curtir cultura pop, sabe? <3