Por que, afinal, filmes sobre crimes reais fazem sucesso? | JUDAO.com.br

O chamado “Caso Suzane Von Richtofen” vai virar filme — mais um sobre uma tragédia que todos nós vivemos, de uma maneira de outra

“Goleiro Bruno”, “Menina Isabela”, “Caso Eloá”. Esses e muitos de outros momentos ficaram CONHECIDÍSSIMOS na mídia nacional. Isso se dá, entre outros motivos, porque a cobertura jornalística desse tipo de acontecimento costuma ser constante e espetacularizada. Dá audiência, gera vários sentimentos na galera... Existe ATÉ quem vá acampar na frente de tribunais durante os julgamentos para mostrar sua indignação com cartazes e pedidos estridentes de justiça. E mesmo que você não seja dessa turma, por mais que saiba MUITO BEM que alimentar algo assim não é muito bom, não consegue deixar de acompanhar.

O apelo dessas narrativas chocantes é tão grande que já rendeu até algumas versões cinematográficas: Carandiru (2003) conta histórias baseadas no enorme massacre ocorrido durante uma rebelião dentro do presídio em 1992; o sequestro de um ônibus da linha 174 no Rio de Janeiro em 2000 rendeu duas produções: Ônibus 174 (2002) e Última Parada 174 (2008), ambas contando a trajetória do autor do crime, Sandro Barbosa do Nascimento.

Sandro mesmo era um sobrevivente de outro grande caso: a chacina da Candelária, de 1993.

Recentemente foi anunciado o início das gravações de um longa que nos mostrará detalhes de outro evento FAMOSÍSSIMO desses, talvez o maior: o caso de Suzane Von Richthofen, que assassinou seus pais com a ajuda de Daniel e Cristian Cravinhos. Com o título critivíssimo de A Menina Que Matou Os Pais, a produção promete não ser algo ESTRITAMENTE documental. O diretor Mauricio Eça, conhecido pelo seu trabalho na novela Carrossel do SBT e o filme Apneia, afirmou “é um thriller psicológico, de suspense, onde discutiremos os motivos que levaram ao fato, entrando em detalhes e discussões nunca antes debatidos sobre o caso”. A roteirista é a escritora e criminóloga Ilana Casoy, é autora do livro O Quinto Mandamento – Caso de Polícia, sobre a morte do casal Richthofen, além de outros sobre a família Nardoni e serial killers brasileiros.

Mas, se foi tão traumático, pra que ficar relembrando? A psicóloga Alessandra Dutra falou ao JUDAO.com.br pra explicar: “Isso é uma coisa do ser humano, é universal. Os grandes mitos eram sobre tragédias exageradas. Isso porque adoramos nos apropriar dessas histórias e aprender por meio de uma catarse”, disse. E completou: “Para nós, toda emoção impactante precisa ser eternizada. Usando uma foto, compondo músicas, produzindo um filme... Temos essa necessidade de gravar esses momentos de forte apelo emocional, negativo ou positivo.”

Esses crimes MUITO chocantes e a maneira com a qual lidamos com eles é algo que faz parte da nossa cultura. E esses filmes parecem ser, simultaneamente, uma etapa desse circo midiático e um pedaço de uma tentativa de digestão de algo tão difícil.