Perdido em Marte chega aos cinemas mostrando que é bom sonhar. E que, sozinhos, não vamos a lugar nenhum… Nem saímos de lá.
Eu não sei dizer se Perdido em Marte é lá o melhor título pra The Martian. Me dá uma impressão de uma comédia, talvez porque até outro dia Marte fosse o planeta dos seres verdes, coisas assim. Aliás, talvez nem The Martian seja um bom título pra esse filme. Que muita gente vai chamar de ficção científica, diga-se. Não sem razão. Mas talvez resumir a uma história de ficção com bases científicas seja pouco.
Porque essa história é sobre a humanidade. Aquela que resolve se aventurar por “mares nunca dantes navegados”, em busca sabe-se lá do quê. Da humanidade que pensa na humanidade, da humanidade que aprendeu tantas coisas ao longo de milhares e milhares de anos, pra poder seguir em frente, por mais outros milhares e milhares de anos. A humanidade que eu gostaria em que meus filhos vivessem.
A humanidade que se dá ao direito de sonhar.
É uma humanidade que as vezes dá a impressão de que a gente só vê no cinema... Mas é a mesma humanidade que, por conta de Star Treks da vida, cresceu sonhando em mudar o mundo. E é o que eu espero que aconteça sempre que eu vejo filmes como Perdido em Marte.
Baseada no livro homônimo escrito por Andy Weir, a história é relativamente simples: Mark Watney (Matt Damon) é um dos primeiros homens a colocar os pés em Marte e, no meio de uma evacuação de emergência, acaba sendo atingido por destroços e sendo deixado pra trás. Dado como morto, ele acorda no dia seguinte, sozinho, num planeta absolutamente inóspito, sem qualquer chance de contato com outros humanos.
Inicialmente resignado com a própria morte, Watney resolve que vai “science the shit out of this” ou, numa tentativa livre de tradução, “se cienciar fora dessa história”. E é aí que você começa a crer que absolutamente QUALQUER coisa é possível... Se você souber como fazer. De criar água à comer batatas com vicodin, de usar a própria bosta como adubo à usar códigos hexadecimais pra se comunicar.
Aquele tipo de coisa que te deixa tão incrédulo quanto empolgado e ansioso. E feliz por saber que aquilo, de alguma maneira, é perfeitamente possível. Não só plantar batatas no solo de Marte, mas provar que se vários cérebros se focam numa coisa em comum, tudo se resolve. Sejam tretas diplomáticas históricas, bombas-relógio políticas... Ou mesmo o resgate de um ser humano sozinho em um planeta em que não pode sequer respirar.
Veja só: Matt Damon é o ator principal do filme, isso é óbvio. Ele é quem mais aparece na tela e, tirando uma ou duas sequências, está sempre sozinho. Mesmo quando interage com alguém, é através de alguma coisa — uma câmera sem som e que só capta e transmite informações de 20 em 20 minutos, um teclado, um telefone. Mas é como se cada um dos outros personagens fosse, junto com ele, o protagonista.
O pessoal da NASA — destaques a Chiwetel Ejiofor, tipo a alma gêmea de Watney na Terra; Kristen Wiig, responsável pelas relações públicas; Donald Glover e Mackenzie Davis — que trabalha o tempo todo com a galera da JPL, o laboratório de propulsão de jatos que, em resumo, é o responsável pelas ESPAÇONAVES da NASA, e a tripulação da Ares 3, a missão de Mark Watney, com o óbvio destaque a Michael Peña, que parece que rouba QUALQUER filme pra ele... Todos funcionam como um só. Todos têm a mesma importância. Todos, juntos, resolvem esse problema.
E quaisquer outros, na verdade. Só é preciso um pouco de boa vontade... E ciência. ;)
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