Criação da Valiant, personagem chegaria para fortalecer o lado CBS do canal
Cinco séries baseadas em quadrinhos, sendo quatro – The Flash, Arrow, Supergirl, Legends of Tomorrow – com super-heróis. É assim que, hoje, está formada a programação do canal CW dos EUA. E esse número vai aumentar: de acordo com o Deadline, o canal tá interessado em uma nova produção, baseada na personagem Doctor Mirage, da Valiant Comics, originalmente criada por Bob Layton e Bernard Chang, reforçando ainda mais a tal da terceira via nas adaptações de HQs.
O roteirista da série será Gary Dauberman, o mesmo do filme Annabelle, enquanto a produção ficará com a chinesa DMG Entertainment, que esteve envolvida com Homem de Ferro 3 e Looper. Só não foi dito se o canal já encomendou a produção de um piloto ou se apenas estão estudando o PACOTE CRIATIVO antes de dar um aval.
O que chama a atenção nessa história é que não estamos falando de um personagem da DC, que tem sido, até agora, o caso do CW. Ainda assim, a decisão tem a sua justificativa: esta será uma produção assinada pela CBS TV Studios, do grupo CBS, que tem 50% do CW. Obviamente a emissora tá ganhando uma grana com o Arrowverse, mas, fora de lá, todos os outros dividendos (inclusive distribuição internacional) dessas séries vão pra outra dona dos 50% do canal, a Time Warner. Hora de eles ganharem uma parte desse bolo, também, e não daria pra ser com um personagem que é propriedade da parceira.
Tudo isso começou em 1993, na HQ The Second Life of Doctor Mirage, que é sobre Hwen Fong – ou Hwen Mirage, como prefere ser chamado –, um investigador de atividades paranormais ao lado da esposa, a brasileira Carmen Ruiz (que sim, é representada como uma ~latina, eu sei). Certo dia os dois são convocadas para investigar corpos que estão sendo carregados com uma energia necromântica. Esses corpos voltam à vida e um deles se revela como Master Darque, um mago necromante que domina algo chamado “Darque Power”, uma energia que é liberada pelos humanos quando morrem.
O casal parte numa grande viagem pelo mundo para derrotar o vilão, até que, eventualmente, eles se enfrentam no Tibet. Darque ataca para absorver a energia de Hwen, que é salvo pelo amor da companheira, e no meio dessa luta o cara descobre que também tem acesso ao Darque Power. A partir daí, Hwen se transforma em um ser de energia, um fantasma que não é capaz de tocar as outras coisas e pessoas, chamado Doctor Mirage. Se por um lado, Hwen e Carmen passam a chutar, juntos, a bunda de malvados fantasmagóricos, ao mesmo tempo não conseguem mais ter um relacionamento ~normal.
Doctor Mirage fez uma primeira aparição nas páginas de Shadowman #16 para, em seguida, ganhar um título próprio, que teve 18 edições até 1995. Depois disso, a Valiant entrou em uma espiral, sendo comprada, vendida e tendo mudando de nome algumas vezes.
Assim, o herói ficou no limbo por um bom tempo, voltando apenas em 2014, após a reestruturação e o grande reboot da Valiant. The Death-Defying Doctor Mirage introduziu uma nova versão, agora estrelada por Shan Fong, uma mulher que pode se comunicar com os mortos. Só que aí, certo dia, o marido, chamado Hwen, morre. Shan começa uma jornada para não só ficar ao lado do companheiro – agora transformado em um espirito que a acompanha – mas também para trazê-lo de volta à vida. Pra isso, ela precisa entrar nesse submundo cheio de morte e enfrentar grandes perigos para, um dia, novamente ficarem juntos de verdade.
A HQ, escrita por Jean Van Meter e com arte de Roberto de La Torre, teve cinco edições, além de mais dois especiais. Apesar de interessante, o título acabou perdendo alguns dos diferenciais mais importados da versão dos anos 1990, incluindo a dinâmica de “combate” e relacionamento do casal protagonista. Ah, e eles passaram a ser de dois americanos de origem asiática. Mais recentemente, entre dezembro do ano passado e março de 2016, essa nova versão da personagem ganhou mais uma minissérie de quatro capítulos, chamada The Death-Defying Doctor Mirage: Second Lives.
Com tudo isso, dá para entender bem para onde o CW quer ir: vão aproveitar o hype dos super-heróis para trazer uma personagem que pega um público bem diferente da Supergirl, que é mais alegre e com uma mensagem, no geral, mais positiva. Doctor Mirage é sombria, fala sobre a morte, então entrar nesse meio mais explorado por Supernatural e, querendo ou não, Arrow. Pensando em programação, faz sentido.
Até por isso, a produção será baseada nessa versão mais recente, que tem realmente uma mulher como protagonista — a dos anos 90 era algo dividido entre o casal, por mais que o Doctor Mirage fosse o fortão da parada. Só há o risco de cair no caminho fácil de fazer um novo Supernatural, apenas trocando os irmãos Winchester por um casal.
Vamos torcer para que não seja o caso, né?
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