As séries de TV live-action do Homem-Aranha! | JUDAO.com.br

Dos EUA ao Japão, a trajetória do Aranha na telinha

O Homem-Aranha não é apenas um personagem dos gibis. Muito menos é unicamente do cinema. A TV foi um grande lar para o Amigão da Vizinhança. Começou com os desenhos animados, mas também chegou nas séries live action, com atores de verdade.

Hora, então, de falar essas produções, muitas vezes desconhecidas do grande público.

LEIA TAMBÉM! Especial HOMEM-ARANHA: Tudo o que fez o Cabeça-de-Teia ser o que é hoje

A primeira série

A primeira versão live action do Homem-Aranha não é bem diferente para os padrões do personagem. Em 1974, a Marvel licenciou sem nenhum custo o Cabeça-de-Teia para ser utilizado pela The Eletric Company, que não era uma empresa de energia elétrica, mas sim um programa educacional que ia ao ar no canal público PBS (meio que parecido com a nossa TV Cultura). Assim, surgiu Spidey Super Stories, que era produzido pela mesma equipe da Vila Sésamo e tinha no elenco ninguém menos que DEUS, Morgan Freeman.

Nessa série de curtas, o Aranha nunca tirava seu uniforme e não falava, se comunicando apenas por balões de texto. A ideia, de acordo com os produtores, era incentivar a leitura, por isso as aventuras rolavam como se estivesse em um gibi, mesmo que com atores reais. Ok, tinha horas que misturavam umas animações no meio, mas era só por conta do orçamento curto.

Durante três temporadas, inúmeros episódios foram produzidos, sendo que vários narrados pelo próprio Morgan Freeman. =D

spider-man[one-half]

Aranha Canastrão e sem carisma

[/one-half][one-half last=”true”]As coisas mudaram poucos anos depois, com uma nova produção. The Amazing Spider-Man, o piloto da série live action, foi lançado em 1977, dirigido por E.W. Swackhamer. Em 78, a iniciativa virou realmente um seriado da CBS, estrelado pelo canastríssimo Nicholas Hammond (o filho caçula do capitão no filme “A Noviça Rebelde”). A série tinha alguns atrativos, é verdade... Mas estava tão distante do carisma dos personagens do gibi que, em 79, acabou cancelada, pouco mais de um ano depois de sua estréia. Justamente numa das épocas mais efervescentes do herói nos quadrinhos...”Todas as coisas que fizeram do Homem-Aranha um sucesso foram deixadas de fora. Não havia humor, não havia charme. Era só um cara com uma câmera ridícula no ombro. Era tão bidimensional...”, afirmou anos depois Stan Lee, criador do Aranha, em entrevista a revista Wizard.[/one-half]

O Peter Parker de Hammond (que sempre foi um ator muito meia-boca) era uma espécie de mauricinho, sempre alinhado de terno e gravata, com a câmera fotográfica pendurada para a eventualidade de qualquer foto, distante do Peter levemente desastrado e desengonçado das HQs. Se como Peter Parker ele não se parecia com o dos gibis, que dirá como Homem-Aranha: fantasiado, o sujeito não dava um pio! Onde foi parar a graça, o charme, as piadas infames?

Mas tem mais: não pense que se tratava do personagem amargurado pela culpa da morte do Tio Ben ao qual nós estávamos acostumados a ver (no caso, ler). Esta, que seria a sua principal motivação, simplesmente inexiste: na série, ele é picado por uma aranha radioativa, ganha os poderes e resolve combater o crime com um uniforme colorido. E... é isso.

Homem-Aranha
E já que eu falei no uniforme... Admito que a coisa não era de todo ruim, parecia uma versão até certo ponto fiel da roupa que vemos nos quadrinhos. Mas aquele cinto: pra que diabos ele precisava de um cinto pra fora do uniforme, ainda mais com uma fivela com a sua própria cara? Em alguns momentos, parecia até um peão de boiadeiro. Também pra fora do uniforme fica o lançador de teias. Uma coisa gigantesca que disparava uma teia que mais parecia uma enorme corda branca ou quiçá uma rede. E, detalhe: ele só usava UM lançador de teias, na mão direita. O cara aperta o disparador para soltar a teia: era só apontar e TWIPPPPPPPPPPPP!

As lutas eram desajeitadas, mal-coreografadas e os vilões completamente sem graça, sem qualquer carisma. Nenhum dos vilões clássicos dos gibis dava as caras. Quando o Aranha dava de tentar subir pelas paredes então... Era um horror. Ou você sacava claramente ele sendo erguido pelos cabos (balançando os pés sem tocar a parede, parecendo uma perereca pendurada por um fio) ou via aquela tomada imbecil do sujeito deitado no chão, com a câmera vertical pra dar a impressão de que ele estava subindo. Será que estes responsáveis pelos efeitos especiais não aprenderam nada vendo o Batman de Adaw West? Fora o fato de que eram raríssimas as cenas nas quais ele se balançava pelas teias pela cidade, já que fontes da galera da Wizard afirmam que o dublê, Fred Waugh, tinha medo de altura (que triste...).

WAT?

WAT?

Mas... Ainda tem mais! E se eu disser que o J. Jonah Jameson (Robert F. Simon) não odiava o Aranha, se preocupando muito mais com o orçamento do Clarim Diário? E se eu te contar que o interesse romântico do Parker não era nem Gwen Stacy e nem Mary Jane, mas sim a repórter Julie Masters (Ellen Bry), uma pentelha que competia com o Peter na profissão mas era apaixonada por seu alter-ego mascarado (onde eu já vi isso?). Some-se a isso o Capitão Barbera (Michael Pataki), um policial esquisito que perseguia o nosso herói, e o inesquecível episódio no qual um cientista louco cria um clone do Aranha... E você tem motivos suficientes para gritar CHEEEEEEEEEEEGA!

A CBS produziu apenas 13 episódios, com uma hora de duração cada. Na verdade, as grandes apostas da emissora eram mesmo o seriado do Hulk (com Bill Bixby e Lou Ferrigno) e o da Mulher-Maravilha (com Lynda Carter), estes sim verdadeiros clássicos. “O único envolvimento que eu tive com a série foi ficar reclamando daquela coisa amaldiçoada todo o tempo”, completa Stan Lee. Antes do cancelamento, a série gerou três longas: Homem-Aranha – O Filme (piloto da série), O Retorno do Homem-Aranha (que juntava dois episódios) e Homem-Aranha: O Desafio do Dragão (que reunia outros dois episódios). Em julho de 79 (mês e ano em que nasci), o Aranha dizia “bye, bye” às telinhas...mas não por muito tempo!

Aranha japa[one-half]Em mais uma de suas tentativas de penetração no lucrativo mercado de quadrinhos japoneses (você sabe a dinheirama que estes caras gastam com mangás?), a Marvel Comics acabou licenciando os nossos simpáticos rapazes da Toei a fazer um seriado live action do personagem — ou, em bom ~japonês, um seriado do Supaidaman.

Meu caro colega leitor: se você bem se lembra da Toei, com certeza vai sacar o tipo de seriados que ela produzia: Jaspion, Changeman, Flashman e tantos outros que fizeram nossas tardes mais felizes na finada Rede Manchete. Os chamados Tokusatsu. Já dá pra imaginar o que veio por aí: lutas em pedreiras, monstros esquisitos, armas estrombólicas, explosões, monstros gigantes, robôs gigantes, golpes com nomes de efeito... E a explosão final, que encerrava o episódio, já esperando que a mesma fórmula se repetisse no outro dia. Foi isso que aconteceu com o Aranha: ele se tornou um “metal heroe”, herói solo no estilão Jaspion, Metalder e Jiban, sem a presença da equipe multi-colorida que chamamos “super sentai”.>[/one-half][one-half last=”true”]

Homem-Aranha invade o Japão!

[/one-half]

Vamos à história: filho de um renomado cientista espacial, o jovem Takuya Yamashiro vê um disco voador singrando os céus. A nave, em plena queda, trazia um ET chamado Gallia. Eis que, numa origem que lembra pacas o que aconteceu ao nosso lanterna verde Hal Jordan, Gallia lança um chamado telepático para atrair Takuya. Quando o garoto chega, é surpreendido pela triste história do planeta Spider, civilização da qual Gallia era príncipe. O planetóide fora devastado, há quatrocentos anos, pelo temível Exército da Cruz de Metal. Por sinal, o tal Exército, liderado pelo Professor Monstro (que original), seguiu Gallia. Tentando dar uma de valentão, Takuya encara as criaturas monstruosas e fica a beira da morte. É quando ele recebe um bracelete místico que injeta no cara uma espécie de soro de aranha, que lhe concede os poderes de “você-sabe-quem”. Assumindo a identidade de...deus meu...Homem-Aranha, ele promete evitar a invasão da Terra pelos terríveis inimigos e bláblábláblá...

O uniforme realmente se parece com o clássico dos gibis, é fato. Mas ele não o usa embaixo da roupa enquanto está com sua identidade civil. Não senhor: que graça tem um “metal heroe” sem a já clássica transformação? Seguindo uma moda meio Flash (o velocista da DC), o uniforme ficava guardado no tal do bracelete (que também servia como lançador de teia).

Além de um “spider-buggy” mais modernoso, cheio de traquitanas, a grande arma do nosso Aranha de olhos puxados é a tal espaçonave de Gallia, chamada de Marveller (uau, por que será?). Se você for um bom observador, com certeza vai sacar no que ela se transformava: exatamente, num robô gigante!

LeopardonSpiderbot? Robotic Spider? Ultra-Web-Botus? Nada disso. O nome da gigantesca massa de sucata era... Leopardon (sem comentários, por favor). Não dá pra comentar, só lamentar muito. Lamentar o destino do Aranha no Oriente (onde também chegou a ganhar um mangá muuuuuuuuuuuito ruim) e lamentar que a série nunca vá chegar aqui. Lógico: de tão ruim, algo de divertido deve ter! :-)