Sherlock de volta ao jogo | JUDAO.com.br

Depois do caleidoscópio do especial do ano passado e há três anos sem uma temporada completa, Sherlock volta com a mesma boa forma de sempre

“História do Sherlock Holmes reimaginadas para o mundo de hoje, não tem como isso ser ruim!”, pensei, quando resolvi assistir à Sherlock. Realmente, a série era muito boa. Mas meu pensamento não estava tão correto assim.

No último domingo (1), enquanto os britânicos ainda curtiam aquela ressaca se preparando para o feriado no dia seguinte, a quarta temporada da série (mais uma vez com três episódios de 1h30) estreou. The Six Thatchers encerrou um jejum de episódios que já durava um ano, desde o especial The Abominable Bride. Se você pensar em termos de temporada, o hiato era ainda maior: a terceira foi encerrada há quase três anos.

Essa longa espera é resultado do próprio sucesso da série e da (agora) requisitada agenda de seus protagonistas. No entanto, é como se a pausa nunca tivesse acontecido. Os diálogos continuam ligeiros, as interpretações impecáveis, a trama rápida e os mais improváveis links estão lá. Continua tudo tão familiar que é como se tivéssemos assistido aos últimos episódios na semana passada (o que até pode ter literalmente acontecido, se você viu no Netflix, por exemplo), o que é um enorme ponto positivo para os produtores/roteiristas Mark Gatis e Steven Moffat.

O sucesso mexeu com a personalidade de Sherlock e agora há um coração batendo ali no peito dele

Só que, ao mesmo tempo que nada muda, absolutamente tudo mudou. Os personagens – Sherlock, Watson e Mary, principalmente – seguem com uma curva de evolução incrível. Nesses 11 episódios que rolaram até hoje, é clara essa mudança, essa transformação, muito bem explorada no roteiro. É interessante ver o quanto o sucesso mexeu com a personalidade de Sherlock, assim como há, agora, um coração batendo ali no peito dele. São características que modificam a forma como ele interage com os casos, impactando diretamente para onde as histórias nos levam. E, no caso específico desta série, as histórias sempre nos levam a lugares inesperados.

Depois dos acontecimentos em The Six Thatchers, essa evolução dos protagonistas fica ainda mais óbvia. Eles estão crescendo, se transformando, mudando suas trajetórias – o que faz destes roteiros ainda mais ricos e surpreendentes.

Por isso tudo, fica bem mais evidente o meu erro de percepção lá atrás. Sherlock é realmente uma série muito boa, mas não é uma simples adaptação das histórias de Sherlock Holmes para o mundo de hoje. Esta é uma série sobre pessoas, sobre aqueles personagens, sobre os caminhos de Sherlock de Benedict Cumberbatch, o John de Martin Freeman e a Mary de Amanda Abbington.

Há, claro, uma inspiração nos livros e contos de Sir Arthur Conan Doyle, mas é apenas isso. Na prática, os protagonistas de hoje tem vida própria, são eles que conduzem a história, e não o contrário.

Sherlock vive. Ainda bem. ;)