Não é à toa que ele continua sendo relevante, né?
Em Agosto de 2017, Charlottesville, cidade americana no estado da Virgínia, foi palco de protestos organizados por membros da extrema-direita americana, chamados de Unite The Right. Naquele final de semana, um bando de branquelos resolveu marchar como forma de protesto contra a remoção da estátua do militar confederado Robert E. Lee, “herói” da Guerra Civil dos EUA que comandou os exércitos sulistas e escravagistas.
Os manifestantes acabaram reunindo uma TURBA de conservadores de todos os tipos, da KKK aos chamados alt-right, resultando em uma massa de supremacistas portando bandeiras com suásticas nazistas, tochas e muitas, mas muitas armas.
Do outro lado, pintaram uma série de grupos antifascistas, incluindo ativistas do movimento Black Lives Matter. O resultado acabou sendo um confronto extremamente violento, culminando em três mortes e vários feridos.
Maio de 2018, Festival de Cannes, França. Na última terça-feira (15), o diretor Spike Lee exibiu seu novo filme, BlacKkKlansman (sacou?), por lá. A história fala sobre Ron Stallworth, um policial negro que dá um jeito de se infiltrar na Ku Klux Klan em plenos anos 70.
O lance é que o longa termina com imagens reais do que aconteceu em Charlottesville e, segundo o Hollywood Reporter, a plateia não apenas aplaudiu o filme em seis momentos diferentes durante a exibição como, ao final, OVACIONOU a obra de pé por mais 10 minutos.
Após a sessão, Spike discursou de maneira BEM enfática, expondo sua opinião sobre as medidas tomadas por Donald Trump após as manifestações abertamente fascistas que aconteceram. “Aquele filho da puta teve a chance de dizer ‘nós queremos amor e não ódio,’ e aquele cuzão não denunciou a porra da Klan, a extrema-direita e aqueles Nazis de merda”.
Sem citar o nome do presidente americano em nenhum momento, ele continuou falando sobre como a figura e o comportamento de Trump são MUITO revoltantes. “Poderia ter mostrado ao mundo, e não apenas aos Estados Unidos, que nós somos melhores do que isso”.
Ao ser perguntado sobre as intenções da nova obra, o cineasta disse que, assim como quando lançou seu clássico Faça a Coisa Certa (1989), não pretende dar as respostas para questões sociais e raciais e sim provocar diálogos. “Nós precisamos acordar, não podemos ficar em silêncio. Esse filme é um aviso para despertar”.
Nós precisamos acordar, não podemos ficar em silêncio. Esse filme é um aviso para despertar
Em resumo, Spike Lee deu UM BANHO ao falar sobre esse momento assustador de conservadorismo e fascismo escancarados. Para terminar, uma lição: “Eu sei em meu coração — não sei quanto aos críticos ou às outras pessoas — que nós estamos do lado certo da História com esse filme”.
E a gente também sabe EXATAMENTE de que lado está por aqui.
BlacKkKlansman estreia lá fora dia 10 de Agosto, justamente no aniversário de um ano das manifestações.
Pra não concorrer com Mulan, Bill & Ted 3 vai estrear em VOD mais cedo: 28 de Agosto! https://t.co/Bu3VBYYW8X