Star Wars: Os Últimos Jedi massacra, pisa e destroi completamente a esperança… Mas o futuro parece ser muito bonito. O problema é o preço pago pra isso…
“O que eu queria é que eles tivessem aceitado mais sua orientação e conselhos. Porque ele tinha um esboço para os episódios VII, VIII e IX. E era bastante diferente do que eles fizeram”. Quando eu li essa entrevista do Mark Hammil para o jornal Metro, me perguntei se não era só aquele lance de gratidão ou até mesmo algo do tipo “olha, eu tou fazendo isso, mas não fique bravo comigo não, tá, seu Lucas?”. Nada mais do que normal em Hollywood, ainda que Mark Hammil não deva mais nada pra ninguém.
Agora, depois de assistir a Star Wars: Os Últimos Jedis*, eu consigo entender (e sentir) essa mesma vontade de Luke Skywalker. Porque, com certeza, George Lucas encerraria de alguma maneira a história que ele começou; o que a Disney tá fazendo é outra coisa — pro bem e pro mal.
Como filme, Star Wars: Os Últimos Jedis* é um tanto bagunçado. Uma bagunça típica de quarto de adolescente, que a gente sabe que o moleque tem noção exata de onde tá as coisas e até faz algum sentido mas que, olhando de fora, nossinhora.
São decisões realmente ruins de roteiro, direção e história que, em mais de um momento, tentam criar algum tipo de expectativa pra jogar o payoff no lixo poucos segundos depois, além de parecer que algumas coisas ali são simples respostas a outras tantas que foram introduzidas em O Despertar da Força.
E, como previsto, os Porgs são criaturas absolutamente odiáveis e sem qualquer propósito de existirem.
Uma montanha russa emocional, com quedas tão grandes e ÍNGRIMES quanto subidas que fazem o estômago de qualquer um revirar em diferentes níveis, Star Wars: Os Últimos Jedis* custa a gerar qualquer tipo de empatia ao tentar falar de tudo com todo mundo, ao invés de focar em personagens e relações mais específicos. Pra você ter uma ideia, nem mesmo o BB-8 consegue ser aquela adorável bolota por quem nos apaixonamos há alguns anos. Rian Johnson acabou fazendo com que ele fosse apenas e tão somente mais um droid.
As perdas — e elas não são poucas — praticamente não são sentidas, isso se forem percebidas; Rey não parece evoluir em absolutamente nada durante as duas horas e algo de projeção, o que transforma, muito infelizmente, sua relação com o Luke em algo completamente descartável; Kylo Ren tem somente alguns LAMPEJOS do bebê adolescente gigante que ele demonstrou ser em O Despertar da Força e o transformou num vilão realmente odiável; e o Finn parece que serve mais pra dar um fim (desculpa) à sua história com a Capitã Phasma — e se eu fosse a Gwendoline Christie, além de ser uma mulher maravilhosa, ficaria bem puta com o que acabaram transformando a personagem.
E o Snoke, gente...
Os destaques acabam ficando com a Rose de Kelly Marie Tran e o personagem do Benicio Del Toro. Ela porque gera empatia desde o início e ajuda a história a andar (ainda que ela seja a responsável por uma espécie de Momento Martha™), ele porque... Bom, porque eu espero que seu personagem retorne no futuro. Só por esse filme, trata-se de mais um desperdício inacreditável. Mas vamos pensar pelo lado bom, não é mesmo?
Apesar de apresentar ou, pelo menos, mostrar algumas coisas realmente interessantes, de te fazer exclamar um “CARALHO!” em alto e bom som ou se arrumar na poltrona pra conseguir prestar mais atenção, Star Wars: Os Últimos Jedis* acaba se perdendo entre a execução do filme e os planos da Disney, que não só fizeram desse quase que uma simples ligação entre os episódios VII e IX, como já nos prepara pra algo que conhecemos, e muito bem, há uns trinta e poucos anos.
Falem o que quiser (e o que merecer), mas pelo menos com os Episódios I, II e III, George Lucas adicionou novos capítulos à uma história bastante conhecida. O que a Disney parece estar fazendo com esses novos episódios é repetir uma fórmula que deu certo. Com O Despertar da Força funcionou e funcionou bem demais; Os Últimos Jedis*, porém, ficou devendo.
E se a Disney tivesse mesmo seguido os planos de George Lucas? Pelo menos não tivemos uma nova Estrela da Morte. ;)
Apesar de massacrada, pisada e destruída em Os Últimos Jedis*, porém, uma nova esperança (viu o que eu fiz aqui?) surge faltando poucos segundos para que o filme acabe. Sem seus principais heróis e alguns dos personagens mais cativantes de toda a história da cultura pop, o Episódio IX é uma página em branco que pode, e provavelmente deverá, vir muito a calhar com o mundo que em que estaremos vivendo em 2019.
Como é dito em algum momento do filme, que esse seja, de fato, só um começo.