Recomeça a Jornada do Herói em The Flash | JUDAO.com.br

Episódio não apaga o que foi feito de errado na estreia da terceira temporada, mas mostra que qualquer problema (menos a morte) pode ser resolvido com empenho

Na primeira temporada, isso coube a Harrison Wells – na verdade, o Flash Reverso disfarçado. Na segunda, foi o Jay Garrick, também um vilão, Zoom, que se passava por herói. Agora, no S03E02 de The Flash, Barry Allen encontrou aquele que será seu novo mentor: o verdadeiro Jary Garrick, o Flash da Terra 3.

Jay retorna num momento importante, no qual o Corredor Escarlate precisa de ajuda e, principalmente, a série precisa de um caminho. Depois do frustrante começo com o universo alternativo de Flashpoint, as coisas parecem estar se reencontrando em Paradox que, como você pode ter percebido, deixa claro que vão reutilizar a mesma fórmula das temporadas anteriores, com a tal da Jornada do Herói ou MONOMITO.

Essa Jornada é um dos mais tradicionais formatos para se contar uma história, que pode ser encontrado em filmes como a saga Star Wars, a trilogia Matrix ou mesmo em figuras religiosas como Jesus, Moisés e Buddha. Bem resumidamente, é uma história dividida em três seções e 12 estágios (ou mais, dependendo do TEÓRICO), que começam com a trajetória do herói em uma vida comum, depois aparecendo um chamado, uma recusa desse chamado e, aí sim, o encontro com o mentor. Se você olhar tudo o que foi feito nesses dois primeiros episódios da atual temporada de The Flash, é exatamente aqui onde estamos.

A função de Jay, no atual contexto da série, é explicar para Barry as regras da viagem no tempo. Por ser um elemento tão forte em uma história, esse tipo de recurso pode se perder, se banalizar ou até enfraquecer o que está sendo contaDo. O que acontece aqui é que o Flash da Terra 3 finalmente coloca LIMITES pra mudanças na timeline. Não dá para todo velocista voltar no tempo e arrumar cada erro, cada problema. O tempo, enquanto continuum do espaço-tempo, será diferente a cada mudança, com consequências surpreendentes.

Da primeira vez, Barry criou uma linha temporal com os pais vivos, mas com ele sem poderes e no qual muita coisa deu errado pra muita gente. Ao arrumar esse “Flashpoint”, surgiu uma timeline com pequenas mudanças – Iris e Joe West não fizeram as pazes após a briga na última temporada, o irmão do Cisco morreu, Barry tem um novo parceiro no CSI, John Diggle (de Arrow) tem um filho e não uma filha... As coisas não são “perfeitas”, não ao menos do jeito que ele lembrava.

Sobrou mudança cronológica até para Arrow

Porém, o Flash não deve voltar mais uma vez pro passado e, “EBA, vou mudar tudo e ver se dá certo dessa vez”. As chance de fazer uma cagada ainda maior é grande. Na verdade, como um mero mortal, ele precisa lidar com o que fez de errado e lidar com as consequências. Ele não tem mais como fazer o irmão do Cisco viver, mas pode ajudar o amigo a superar isso. A briga de Iris e Joe pode ser resolvida com esforço e empenho. E, assim, a maior parte dos problemas (ao menos os mais visíveis) vão se resolvendo.

Menos o parceiro no CSI, chamado Julian Albert e interpretado pelo Draco Malfoy Tom Felton. Julian e Barry se odeiam e até que isso será uma dinâmica interessante no desenrolar do ano.

Flashes

Outro problema que não será fácil de resolver é o vilão da temporada, Alquimia – quer dizer, DOUTOR Alquimia — que parece meio que se alimentar da realidade alternativa de Flashpoint e estar fazendo com que personagens que tinham poderes naquele universo alternativo também assumam esses poderes na timeline ~correta. Um deles é o Rival, o velocista que apareceu no episódio anterior. Não sei, mas algo me diz que o mesmo deve acontecer com o Wally West, fatalmente assumindo o posto de Kid Flash...

Antes que alguém reclame, o uso repetitivo da Jornada do Herói não quer dizer que as coisas serão exatamente iguais. Se você ver bem, os anos anteriores já utilizaram esse conceito de uma outra forma, subvertendo a posição do mentor. Dessa vez, Jay Garrick é aquele mentor incorruptível, o Flash perfeito e experiente que, como já disse o ator John Wesley-Shipp, é basicamente a versão Barry Allen dele só que 25 anos depois.

Pela primeira vez, Barry tem um mentor que realmente pode ensinar a ele as coisas corretas

E esse Barry precisa disso. Não sei se você lembra, até porque foi algo nunca mais comentado, mas o Eobard Thawne havia dito, na primeira temporada, que adiantou a criação do Acelerador de Particulas e o surgimento do Flash. O Corredor Escarlate não é só ainda inexperiente dessa vida de herói, mas mais inexperiente no todo, na vida, do que realmente deveria ser no começo da atuação como Flash. Isso justifica o grande número de cagadas que cometeu.

Agora, como o próprio Flash, os produtores e roteiristas da série precisam conversar sobre a importância da Iris e fazer ajustes. Ao menos a relação dela com Barry não retornou tantas casinhas assim neste tabuleiro, mas é uma relação que não está funcionando como deveria. Aliás, precisamos falar sobre isso: desde quando um herói sempre precisa de um interesse amoroso? Funcionava nos anos 1960, mas, hoje...

Rápido como deveria ser, The Flash ajustou boa parte daquilo que precisava. Vamos ver, agora, onde essa nova Jornada vai nos levar.