Novo filme da Disney, inspirado numa das áreas dos parques da empresa, tem uma grande mensagem sobre o futuro – mas se perde em uma história apenas mediana
Lá no passado, a humanidade tinha uma visão utópica sobre o futuro. Era um lugar perfeito, onde todas as pessoas eram iguais e felizes, com as doenças erradicadas e com a humanidade com uma maior compreensão da tecnologia, ciência e natureza. Todo mundo se reunia em feiras mundiais, querendo conhecer o diferente e essas novas tecnologias. Era uma visão otimista do futuro.
Um otimismo que morreu – e, agora, tenta ser resgatado em Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada é Impossível, filme que estreia nesta quinta nos cinemas daqui do Brasil. Um resgate que é válido, mas que fica pelo meio do caminho.
O fim da esperança do amanhã começou em meados dos anos 60. Talvez porque o futuro foi chegando e as pessoas perceberam que não era tão legal assim; por conta da ameaça nuclear e da Guerra Fria, que nunca acabavam; a Guerra do Vietnam; Crise do Petróleo; ou porque as pessoas simplesmente perceberam que ler/ver/contar uma história sobre quando tudo dá errado é mais interessante do que quando tudo dá certo.
De qualquer forma, é sempre incrível poder rever aquela visão futurista dos anos 50 e 60 – que até que se tornou realidade em parte, mas que mantém um ar de inocência e uma arquitetura pra lá de interessante. Uma visão que foi compartilhada pelo próprio Walt Disney, que a colocou na Tomorrowland da Disneyland californiana, inaugurada em 1955 e criada para imaginar o que seria a Terra em 1986.
Foi justamente esse o ponto de partida de Tomorrowland, o filme. O diretor Brad Bird e o produtor Damon Lindelof foram fundo nesse futurismo do passado, inclusive criando uma historinha sobre uma caixa de objetos encontradas na Walt Disney Studios, com a inscrição 1952, e revelada por completo durante a Disney D23 Expo de 2013. Daquela vez, eles deixaram claro qual era o fio condutor do filme: a existência de uma sociedade secreta, que alcançou um grande pico científico e que, de tempos em tempos, compartilhava com o resto da humanidade alguns desses avanços. Claro, uma sociedade que lembra bastante a futurologia do passado.
A partir daí, o filme desenvolveu uma mensagem de otimismo, sobre o quanto éramos melhores quando imaginávamos o melhor para o amanhã – e o quanto nos aproximamos do fim justamente ao acreditar que o amanhã será um caos. Um conceito bobo por um lado, mas interessante por outro.
Os problemas surgem quando Tomorrowland vai construindo tudo isso. A história começa no passado, em 1964, quando o jovem Frank Walker vai até a Feira Mundial de Nova York – que teve uma grande influência do próprio Walt Disney e que contou com It´s a Small World, um brinquedo que até hoje está na Disneyland. Ele foi até lá mostrar um de seus inventos, uma mochila a jato, e no processo conhece a jovem Athena (não, não a de Cavaleiros do Zodíaco, mas uma garota sendo interpretada por Raffrey Cassidy) e é levado para o mundo de Tomorrowland, um lugar perfeito e de tecnologia avançada.
O tempo passa e Walker vira um adulto, interpretado por George Clooney. Ele conhece Casey Newton (Britt Roberston), uma adolescente-gênio filha de um engenheiro da NASA e que é recrutada pela própria Athena (que é ainda uma criança) para fazer algo que a própria Casey não sabe. A partir daí, o filme desenvolve uma aventura que, em alguns momentos, fica arrastada e entrega pouco do “Tomorrowland” prometido. Até aquela historinha sobre o pessoal dessa Terra do Amanhã contribuir com a humanidade só é arranhada na superfície.
O final, que deveria ser o ponto alto, acaba sendo o ponto mais baixo da história. Pouco explora as motivações do vilão David Nix (Hugh Laurie) – quer dizer, até explora, mas é raso ao extremo. O final é corrido, com diálogos ruins, apesar de ter uma interessante mensagem sobre o mundo (e o futuro) serem dos sonhadores.
O que fica é que Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada é Impossível se propõe a ser um filme para toda a família, divertido e otimista. Realmente, é tudo isso. Mas vai irritar quem esperava algo um pouco mais do que isso. É uma pena.