Descompensada, com Amy Schumer, não vai mais estrear no Brasil | JUDAO.com.br

Universal alega “decisão comercial” pra não colocar o filme da vencedora do Emmy nos cinemas do Brasil. Mas tudo podia ser tão diferente…

Não tem um ano desde que Amy Schumer ficou conhecida de fato no mainstream. O pessoal ~da comédia a conhece há uns bons dez anos, mas acho que é tranquilamente possível dizer que 2015 é o ano dela.

Sua série, Inside Amy Schumer, no ar desde 2013, é a primeira vencedora do Emmy de “Melhor Série de Esquetes” (concorrendo, só pra ilustrar, com Saturday Night Live, no ar há 40 anos); a revista GQ a colocou na sua capa, afirmando que ela é “a mais corajosa e engraçada comediante da América”; Chris Rock dirigiu Amy Schumer: Live at the Apollo, um especial da HBO que estreia em Outubro; ela passou as férias com Jennifer Lawrence, sua amiga e futura companheira de tela, num filme escrito pela própria Amy e sua irmã, Kim; em Julho desse ano estrelou Trainwreck, dirigido e produzido por Judd Apatow — que resolveu que precisava trabalhar com ela depois de ouvir uma entrevista no rádio.

Trainwreck, que no Brasil ganhou o bom título Descompensada, aliás, tem 85% de aprovação no Rotten Tomatoes e já arrecadou nos países em que estreou mais de US$ 135 Milhões em bilheteria. Nos EUA, é a terceira maior estreia do diretor, faltando bem pouco pra superar a segunda, O Virgem de 40 Anos.

Lembra de quando o Virgem estreou? Steve Carell ainda não era o STEVE CARELL, Paul Rudd era mais conhecido como o namorado da Phoebe e, bom, Seth Rogen era só um vendedor de uma loja de eletrônicos e Jonah Hill um cara que compra coisas absurdas no eBay. É meio que padrão do Judd Apatow “(re)lançar” uma galera (o que não funcionou com a Katherine Heigl em Ligeiramente Grávidos, mas aí o problema é, dizem, ela).

O Virgem de 40 Anos e Ligeiramente Grávidos, diga-se de passagem, são os dois únicos filmes dirigidos por Apatow a estrear nos cinemas do Brasil. Funny People deu um puta prejuízo nas bilheterias e acabou sendo lançado direto em DVD, assim como Bem Vindo aos 40. E, por tempo indeterminado, vai continuar assim.

Descompensada, informa a Universal Pictures do Brasil, não vai mais estrear nos cinemas (o que aconteceria nessa quinta, 24 de Setembro).

Amy e Apatow no set de Descompensada

Amy e Apatow no set de Descompensada

Questionada, a assessoria de imprensa da distribuidora afirmou que “o filme não será mais lançado por uma decisão comercial” e que ainda estão negociando para que o filme chegue, pelo menos, em Blu-ray e DVD — o que, em outras palavras, significa que talvez a gente nem sequer tenha a chance de assistir ao filme oficialmente por aqui.

Eu sinceramente não acredito que seja coincidência um filme estrelado por Amy Schumer, que além de tudo o que eu disse ali em cima, é mulher, feminista e conta a história “de uma mulher que aprendeu, desde que seus pais se divorciaram, que a monogamia não é um conceito realista” e “ao conhecer o homem que terá de entrevistar para a revista em que trabalha, Amy entra em conflito com seus sentimentos”, ter sua estreia cancelada no Brasil. Até entendo, embora não concorde com ele, o argumento de “decisão comercial”. É o mesmo que ainda estreia filmes do Adam Sandler por aqui.

Descompensada

Mas no mundo em que vivemos hoje, esse tipo de coisa só demonstra o quanto todo esse sistema faz menos e menos sentido. Se fosse mesmo estrear na próxima quinta, 24, seriam mais de dois meses de diferença entre a estreia nos EUA — ou, se preferir, uma perda quase que total de todo o buzz gerado, que pelo menos facilitaria a vida da equipe Brasileira.

E não é liberando release avisando que tem vídeo novo que se consegue esse buzz.

Ao cancelar a estreia, nos tira a possibilidade de assistir a um filme oficialmente. Sim, eu sei, talvez quem quisesse de fato assistir à Descompensada fosse muito pouca gente. Mas imagina só se acabam as janelas, os bloqueios territoriais e você tem a liberdade de assistir o que quiser, onde quiser, como quiser, o quanto isso não funcionaria melhor?

Já tem gente por aí mostrando que tudo isso é possível. Só falta aquela velha boa vontade de querer pensar em todo mundo, e não só no próprio bolso. E, claro, querer mudar. :)