Depois de lançar o primeiro volume de sua trilogia, Redenção, o brasileiro M.A. Costa pretende alçar voos bem maiores com a trama. Um passo de cada vez.
O carioca M.A. Costa sempre foi um cara como, sabe, eu e você. Apaixonado por ficção científica e terror, seus grandes heróis eram escritores como H.G. Wells, Isaac Asimov, Arthur Clarke e Stephen King. Embora escreva informalmente desde que se entenda por gente, planejando um livro há muitos anos, acabou seguindo uma vida profissional BEM longe da literatura.
“Fui executivo de multinacionais e empreendedor digital”, conta ele, em papo com o JUDÃO. Aliás, essa conversa só aconteceu porque Costa acabou seguindo um outro rumo na vida. “Somente em 2014 decidi largar tudo e perseguir o meu real sonho: transcrever para todos as histórias que só eu podia contar”.
A primeira parte do sonho do autor, Legionella, é o livro lançado recentemente pela pequena editora Livros Ilimitados, que abre a trilogia batizada de Redenção. O enredo da obra – narrada com pouquíssimos diálogos, em formato de diário de memórias – se passa no século XXVI, quando um grupo racista desenvolve uma superbactéria que mata seletivamente. No entanto, os extremistas encontram em Peter Brose, um jovem político influente e bem intencionado, uma resistência aos planos de genocídio.
Brose, apesar de não ser completamente preparado a enfrentar o problema, tenta salvar a humanidade à sua maneira. Do outro lado está Valker Kipsang – um queniano, advogado, ativista político e assassino em massa. “Redenção narra a eterna busca da humanidade pela paz como espécie e como o mal sempre ressurge quando menos esperamos”, diz Costa. “Acho que uma das grandes virtudes da ficção é poder, paradoxalmente, tratar da realidade. Implicitamente aproveito meus textos para desafiar o leitor a pensar como enxergamos o mundo e o que precisamos fazer para ele se tornar melhor”.
Enquanto o segundo capítulo de Redenção não sai, M.A. Costa se envolve com a transformação de Legionella em jogo de RPG. Cronologicamente, a aventura será uma espécie de prequência do capítulo “Metrovinos”, no qual o leitor conhece uma subespécie humana que habita os subterrâneos de Xangai, aqueles que o autor descreve como sendo os personagens mais “polêmicos” do livro. “Mas não posso dar spoilers”, brinca. No entanto, a ideia não partiu de Costa, mas sim de um de seus leitores. “Uma incrível falha minha é que eu não jogava RPG! Sempre tive muitos amigos jogadores e já havia até assistido partidas”.
Um jogador veterano de RPG chamado Pedro Ivo, parte de um clube de jogadores chamado Dragon West, procurou o escritor via Facebook com a proposta de construir uma aventura de RPG baseada em Redenção. “Desafio feito, desafio aceito!”, empolga-se.
O sistema de regras genérico é o Savage Worlds, da editora americana Pinnacle, o mesmo usado em títulos como Deadlands, 50 Fathoms e Weird Wars: Rome. A aventura está sendo desenvolvida a quatro mãos com Fernando Pires, do coletivo curitibano Retro Punk, responsável pelo bem-sucedido financiamento coletivo que trouxe Savage World para o Brasil. “Eu elaborei a aventura ou enredo básico e ele está descrevendo os personagens e regras do jogo”.
Inicialmente, será lançado um livreto de regras para esta aventura pela mesma editora de Legionella, a ser entregue gratuitamente para as pessoas que adquirirem o livro.
“Depois dos lançamentos oficiais, pensamos em oferecê-lo gratuitamente em PDF nas comunidades de jogadores”. Os planos de M.A. Costa, todavia, são bem maiores do que apenas uma aventura de RPG. “Primeiramente, esta aventura é a primeira de uma série. Depois acho que podemos evoluir para elaborar um box – um jogo de tabuleiro – que reúna os mapas, dados, cartas e personagens (miniaturas) do jogo”, revela, ansioso.
Feliz com o retorno do público (“Foi uma grata surpresa. O jovem brasileiro está lendo mais e lendo com gosto os autores brasileiros”), o carioca define Redenção de uma maneira que chega a surpreender: “É um projeto amplo que objetiva a criação do, provavelmente, primeiro fandom brasileiro de ficção científica”. Uau, hein?
Pode parecer exagero, ambição desmedida até, mas o lado empreendedor que o agora escritor de ficção tinha em seus dias de corporativo está mesmo falando bem mais alto. Por exemplo: já está em desenvolvimento pela desconhecida Lontra Games o jogo mobile de Redenção. Em breve devem sair os action figures e os quadrinhos, promete.
“E agora em maio, será jogado ao vivo e em cores o jogo Aerofrisbee (descrito no livro, no século XXVI) pela turma do Geek RJ”, explica, contando que o grupo costuma se reunir para encenar, entre outras brincadeiras, o Quadribol do Harry Potter, nos jardins da Quinta da Boa Vista. “Eles se interessaram em trazer o Aerofrisbee e adaptá-lo para jogar nos dias de hoje”.
“Mas por que parar por aqui?”, questiona ele. “Vamos pensar no filme também”. E ainda finaliza: “A aceitação confirmou, para mim, que estou no caminho certo e que as pessoas querem conhecer a história de Peter Brose”.
Pode até parecer arrogante. Mas, cá entre nós, acho legal que seja assim. O livro saiu. A primeira meta de material derivado, o RPG, está a caminho. Quem garante que o restante não siga a mesma trilha? ;)
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