Apesar de o filme ter tido um fim de semana de estreia forte nos EUA, a bilheteria poderia ter sido melhor se não fosse a luta Mayweather vs. Pacquiao
Não foi Ultron, nem Loki, muito menos Thanos. Quem fez Os Vingadores do cinema sentirem o gosto do próprio sangue atendem pelos nomes de Floyd Mayweather e Manny Pacquiao. Foram eles, que protagonizaram a “Luta do Século” no último sábado, que fizeram Vingadores – Era de Ultron ganhar um pouco menos de dinheiro de bilheteria no fim de semana de estreia nos EUA.
Ok, “quem vê pensa”. O filme conseguiu US$ 191,3 milhões só nos EUA, já passou os $600 Milhões no resto do Mundo, e se tornou a segunda maior estreia da história, atrás apenas do primeiro filme, que conseguiu $ 207,4 milhões no seu fim de semana de estreia. E é aí que mora o “problema”: era de se esperar que a sequência fosse além, por tudo que a Marvel Studios construiu nos últimos anos. Mas, segundo alguns analistas, o sábado esportivo nos EUA — que além de Mayweather VS. Pacquiao, ainda teve o tal do Kentucky Derby e o sensacional jogo 7 entre Los Angeles Clippers e San Antonio Spurs, pelos Playoffs da NBA — impediu que isso acontecessse.
Segundo o Hollywood Reporter, os caras estimam que o lançamento poderia ter arrecadado pelo US$ 200 milhões se não tivesse competido com a luta. Algo que faz sentido, principalmente quando os relatórios informam que a bilheteria de domingo foi melhor do que a esperada. Ou seja: muita gente que não viu no sábado foi no cinema no domingo – e, claro, esbarrou provavelmente em salas mais lotadas.
“Ok, quem não viu no primeiro fim de semana vai voltar depois”, e isso é fato. Só que a porrada foi bem dada e, se fosse algum outro filme, poderia complicar bastante toda a história dele, afinal a bilheteria do primeiro fim de semana é o termômetro para os exibidores nas semanas seguintes (ou seja, pra eles saberem quantas salas vão disponibilizar pro filme a partir daí), além de ser justamente nesses primeiros dias que geram a maior fatia do faturamento para as distribuidoras. Com o passar das semanas, essa equação vai mudando e a fatia dos exibidores de cada ingresso vendido vai crescendo.
Também pode parecer estranho uma luta de boxe tirar público de um filme como Vingadores. Quando falamos de um filme blockbuster como esse, há sim uma convergência de público – 59% de quem comprou ingresso pro filme na estreia era homem, 60% com mais de 25 anos, algo que (na teoria) seria mais próximo de quem curte boxe. Fora aquela galera que não acompanha o esporte, mas é envolvido pelo grande show que é uma “Luta do Século”. Até porque, os norte-americanos transformam tudo que é esporte em show, sabiamente.
Não é só uma luta. Há toda uma preparação horas antes, o espetáculo em si e horas de comemoração depois. Cinema? O filme pode esperar até o outro dia, não vai sair dali. A luta, que é ao vivo, não pode. Ou até pode, se for pra todo mundo que tá querendo comprar o pay-per-view puder fazê-lo. ;)
Tanto é que Mayweather, o vencedor da luta no sábado, já teria recebido um cheque de US$ 100 milhões, um valor que pode chegar a US$ 200 milhões com as outras receitas, incluindo o pay-per-view. Sim, uma só pessoa vai ganhar tudo o que a Disney esperava de bilheteria para Vingadores – Era de Ultron no fim de semana de estreia nos EUA.
Só pra te deixar ainda mais por dentro do tamanho do negócio: estimativas pré-luta, da CNBC, colocam uma receita total de US$ 433 milhões pra luta, sendo US$ 300 milhões de pay-per-view. É algo GIGANTESCO.
O dinheiro e o tempo das pessoas é o mesmo, por isso cada vez mais as diversas formas de entretenimento disputam entre si as mesmas pessoas — e também o tempo no noticiário. Um filme como Vingadores – Era de Ultron tem a estreia programada muito antes de uma luta de boxe, mas o resultado da bilheteria do filme deve estar fazendo a Disney repensar um pouco os planos pro futuro. Uma lição que as distribuidoras do Brasil sabem bem.
É só reparar em época de Copa do Mundo. Diversas estreias são adiadas no período, justamente porque as distribuidoras sabem que parte do público vai desistir de ver o filme pra acompanhar as partidas de futebol, inclusive a galera que nem curte muito o esporte. A festa que vem junto com o campeonato vale mais do que isso. Superman – O Retorno, por exemplo, foi atrasado em um mês pra não bater de frente com a Copa do Mundo da Alemanha.
No ano passado, Transformers – A Era da Extinção e Planeta dos Macacos: O Confronto fugiram da briga e estrearam depois da Copa. A Warner chegou a ir além: O Hobbit – A Batalha dos Cinco Exércitos foi adiado mundialmente pra dezembro por causa da torneio de futebol. No Brasil, só mesmo Como Treinar Seu Dragão 2 e Muppets 2 – Procurados e Amados, entre os grandes filmes, resolveram bater de frente com a seleção da Alemanha (e os outros 31 times que vieram deixar a festa deles mais divertida).
A concorrência com outras formas de entretenimento também é uma das responsáveis pelas estreias no Brasil agora aconteceram nas quintas-feiras. Os cinemas agora tem um dia a mais com coisa nova para concorrer com tudo aquilo que as pessoas fazem de sexta a domingo: irem ao bar, assistir futebol, passear no parque, ficar no twitter...
O esporte dessa galera, que transforma entretenimento em negócio, é ganhar dinheiro. E quando falamos em 200, 300, 400 milhões de Obamas, parece que 10 milhões não fazem falta. Não que determinem um fracasso, mas fazem falta, sim.
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