Um filme do gênero "Heavy Metal Splatter". Por mim, tá ótimo. :D | JUDAO.com.br

Deathgasm, sucesso no festival SXSW, enfim chega aos cinemas dos EUA misturando A Vingança dos Nerds e Evil Dead. E METAAAAAAAAHL!

Jason Lei Howden é um jovem cineasta neozelandês tão vidrado em filmes de terror quanto em boas bandas de heavy metal extremo. Sua carreira, até o momento, vinha se resumindo ao trabalho com efeitos visuais na oficina da WETA, em filmes como o primeiro d’Os Vingadores, Prometheus, O Homem de Aço, Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança e a trilogia O Hobbit.

Mas Howden, claro, tinha o sonho de rodar o seu próprio longa-metragem. “Cresci numa pequena cidade rural na qual os principais passatempos eram jogar rugby e cobrir de porrada quem não gostava de rugby”, afirmou ele, em entrevista ao site Metal Sucks. “O cinema local era uma merda e não existia streaming ainda. Então, eu sempre me esgueirava na área de horror da locadora, mesmo sendo jovem demais pra alugar. E pirava nas capas. Quando finalmente tive idade, aluguei todos os filmes de terror que consegui e parti para a próxima locadora, para ver o que ainda não tinha visto”.

Assim que foi começar a planejar seu primeiro filme, era de se esperar que as suas referências partissem do chamado splatter, subgênero do terror adorado por Howden, que se foca em representações gráficas beeeeeeeem exageradas de violência. Um exemplo deste tipo de produção é Fome Animal (1992), dirigido por um outro neozelandês chamado...Peter Jackson. “Mas apenas recentemente eu resolvi colocar fãs de metal no meio da mistura. Eu tinha escrito estes personagens para um curta, mas a ideia de criar um Heavy Metal Splatter era divertida demais para ignorar”. O resultado, inspirado na própria adolescência de Howden, acabou sendo Deathgasm, cujo trailer você confere logo abaixo.

Na trama de humor negro, o jovem renegado Brodie é enviado para viver com seus tios Albert e Mary depois da morte de sua mãe. Constantemente atormentado pelo primo David, ele se sente deslocado em casa e na escola. Mas encontra a amizade nos amigos Zakk, Dion e Giles – já que o quarteto compartilha um gosto especial por nerdices como o RPG e, claro, o heavy metaaaaaaaaaaal. Não demora até que eles se juntem para formar uma banda, o Deathgasm. O coisa fica, digamos, “sobrenatural” assim que eles descobrem que um de seus ídolos, o músico recluso Rikki Daggers, vive na vizinhança.

Daggers entrega na mão dos moleques uma espécie de partitura ancestral, que mostra como tocar uma canção maldita, mantida escondida até os dias de hoje. O objeto, procurado por um culto sombrio, não causa lá muita ansiedade nos aspirantes a músicos. Mas eles acabam pagando pra ver – e quando tocam a música, um metalzão poderoso e cheio de clima, acabam invocando uma demônio esquecido que toma os corpos de quem se intromete em seu caminho de dominação.

Lembra do Ash, quando reproduz a interpretação do Necronomicon, o Livro dos Mortos, e liberta os espíritos maléficos em Evil Dead? Meio esta pegada. Só que quem vai ter que combater o mal que ameaça se espalhar pelo mundo não é o Bruce Campbell, mas sim uns moleques que eram zoados na escola, à imagem e semelhança dos protagonistas de A Vingança dos Nerds – só que, aqui, eles são um bando de headbangers. Que vão contar com a ajuda de Medina, uma garota badass que sabe usar um machado como ninguém.

Deathgasm

“Eles terão que salvar o mundo esmagando crânios com objetos pontiagudos + serras elétricas e tocando riffs matadores. É basicamente o filme que qualquer metaleiro de 16 anos amaria ver. Eu fui lá e fiz este filme”, define o diretor. Faz MUITO sentido, na verdade. O meu lado banger de 15 anos de idade pirou ao ver o trailer e ler a sinopse. :)

O financiamento para a película veio quase que integralmente de um concurso local realizado em 2013, o Make My Horror Movie. O projeto de Howden foi selecionado e ele faturou 200.000 dólares neozelandeses, o equivalente a cerca de 125.000 dólares americanos. Produzido na raça ao longo de 2014, Deathgasm foi sendo exibido em alguns festivais em 2015. O ápice, no entanto, aconteceria em março, quando acabou escolhido para a faixa Midnight Movies do SXSW, que acontece em Austin, no Texas. Deathgasm caiu nas graças dos espectadores... e também dos sites especializados.

“O filme mais festivo de 2015 está aqui”, diz a resenha do Bloody Disgusting. “Um ataque audiovisual implacável que vai ao inferno e volta!”. Já o Twitch afirma que Deathgasm é uma homenagem ao horror dos anos 1980, mas sem cair no pastiche. “A voz que brilha em meio aos diálogos histéricos e à edição brincalhona é tão punk, tão jovem, que oferece um certo frescor ao gênero”.

Obviamente, a indústria estava de olho na reação que Deathgasm causou. A partir do dia 2 de outubro, Deathgasm será lançado no mercado norte-americano via Dark Sky Films, produtora/distribuidora independente especializada em filmes de baixo orçamento com esta pegada de terror/suspense. Além de estar disponível nas plataformas de VOD (video on demand), ele deve chegar a algumas salas de cinema selecionadas, sem um circuito dos maiores, mas servindo de plataforma para o lançamento em DVD/Blu-ray no começo de 2016.

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Para coroar a coisa toda, junto com o filme sai uma trilha sonora em vinil, reunindo nomes como os canadenses do Skull Fist, os australianos do Elm Street e os americanos do Pathology. A Noruega, berço do black metal, oferece três exemplares icônicos, que dão um sabor especial aqui – a começar pelo The Wretched End, do lendário multinstrumentista Samoth (Emperor/Zyklon). Por falar no Emperor, o vocalista/guitarrista Ihsahn também tem uma faixa na trilha, parte de seu projeto solo mais progressivo, contando com a participação especial do icônico Devin Townsend (fundador do Strapping Young Lad). E, para completar, claro, Samoth e Ihsahn se unem a Bård Faust e trazem duas canções do Emperor, a lenda do Círculo Interno do black metal da Noruega.

“Eu queria mostrar dois metalheads adolescentes salvando o dia, caras com os quais qualquer um de nós pudesse se relacionar”, explica o cineasta. “Eles não são caras muito espertos e nem muito fortes – na verdade, eles estão viajando a maior parte do tempo. Mas a sua força é o laço do heavy metal que os une. Este é o tema do filme: fãs de metal permanecem juntos. Eu vou em muitos festivais de música e o público mais legal de todos é sempre o do metal. A gente se derruba nos moshs, mas logo um ajuda o outro a levantar”.