Richard Armitage, Peter Jackson e todo o elenco de O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos se despedem da Terra-Média!
Hashtag Uma Última Vez. “É uma questão jurídica. Os textos do Professor Tolkien pertencem ao espólio de Tolkien — O Hobbit e O Senhor dos Anéis foram vendidos no fim dos anos 1960 pelo professor, os direitos cinematográficos”, contou, quase sempre olhando pra baixo, Peter Jackson, em entrevista coletiva realizada numa tarde escura, chuvosa e fria, em Londres. “Eles são os seus únicos trabalhos que foram vendidos. Então, sem cooperação do espólio de Tolkien, não dá pra fazer mais filmes”.
Baseado em disputas judiciais recentes, é muito difícil acreditar que o espólio vá cooperar com qualquer estúdio que queira continuar contando a história da Terra-Média nos cinemas. O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos é, de fato, a última jornada. “Eu não tenho mais responsabilidades, eu posso ir pra praia!”, brincou Peter Jackson.
Apesar de estrear uns quinze anos depois, A Batalha dos Cinco Exércitos é o filme que liga as duas trilogias — ainda que os filmes d’O Hobbit tenham sido pensados justamente com o intuito de se encaixar com O Senhor dos Anéis, ao invés de contar sua própria história. “Não é o fim, é um novo começo, as pessoas vão poder assistir aos seis filmes, em ordem, pela primeira vez. É uma experiência completamente nova”, disse Ian McKellen, o Gandalf. “Uma das coisas que me preocupavam quando eu sentei pra conversar sobre o retorno de Legolas era como os fãs se sentiriam com personagens como ele e Tauriel, que não estavam no livro”, contou Orlando Bloom. “Mas Pete e Fran [Walsh, outra co-roteirista] deixaram bem claro que eles queriam explorar a história por trás desses personagens e juntá-los pra formar uma conexão com Senhor dos Anéis”.
“Tivemos sorte de ter feito aqueles filmes primeiro, porque eu acho que teríamos feito um Hobbit muito diferente”, comentou Philippa Boyens, co-roteirista dos seis filmes. “Se tivéssemos começado com O Hobbit, teria sido mais uma aventura para crianças. Não que isso fosse ruim, mas agora nós comparamos esses filmes e, por exemplo, vemos Gandalf e Galadriel. Ela vem pra salvá-lo e, então, quando em A Sociedade do Anel, contam pra ela que ele morreu, isso vai ser visto de uma maneira completamente diferente. Acho que essa será a experiência que você terá agora que pode ver tudo em ordem”.
“Vinte e quatro horas de alegria!”, brincou Peter Jackson — ainda que esteja só quatro horas de diferença do tempo real que os seis filmes, juntos, tem. “Muito em breve nós não vamos mais ter essa estrutura de trás pra frente. Você vai poder assistir aos filmes 1 a 6 na ordem certa, não na que foram filmados”.
Apesar do clima de despedida, não havia quem não estivesse feliz com tudo o que fez nesses tantos anos. “Eu disse adeus a Gandalf em 2000, quando eu deixei a Nova Zelândia”, disse Sir Ian McKellen. “Mas aqui estamos em 2014, e continua e continua. Tem sido uma benção na minha vida profissional. Como todos os atores, penso que somos muito sortudos!”.
Orlando Bloom, que nem deveria estar nessa história, se dependesse dos livros, resumiu bem: “É um gosto agridoce. Tem sido uma loucura participar disso tudo. Espero que Pete sinta que conseguiu fazer o que queria, porque eu tenho sentido um pouco disso e tem sido ótimo estar nessa com ele”.
“Eu fiquei impressionando na noite passada [quando aconteceu a première mundial do filme] pela idade da molecada que passou a noite toda ali só pra nos desejar boa sorte. Alguns deles nem eram nascidos quando isso tudo começou. Nosso trabalho é parte da vida deles e, sabe, por que estamos fazendo isso? Eles agora vão mostrar esses filmes pros seus filhos, e estar envolvido em filmes que são considerados clássicos é maravilhoso”, comentou Sir Ian McKelen que, mais de uma vez, disse que todos esses filmes são, acima de tudo, “clássicos”.
Quem também retornou para a Terra-Média uma última vez, ainda que não tenha aparecido nas telonas, foi Billy Boyd, que interpretou Peregrin Took, o Pippin, na trilogia original. É dele The Last Goodbye, a música que encerra não só O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos, como toda essa jornada. “Eu gostei que eu recebi uma ligação e tive a chance de voltar pra Nova Zelândia pra trabalhar com a Fran e a Phillipa”, contou. “Imagino que aconteceu organicamente. A música de O Retorno do Rei tava no trailer e a gente conversou sobre eu fazer a nova canção, e meio que virou uma bola de neve a partir daí”. “Além de você ter uma voz decente”, disse Peter Jackson, “nós sentimos que era uma coisa emocional, como se estivéssemos sendo entregues por esses três filmes aos outros três”.
Mas o que, de tudo, eles mais sentirão falta? Peter Jackson resumiu: “A diversão no set. Fazer filmes assim é muito difícil, e três dessa maneira, com tantos dias de gravação, pode ser um inferno se não for divertido. Então eu quero ir trabalhar de manhã e me divertir, curtir e, por sorte, esse elenco é fantástico, são todos muito engraçados e, fora o fato de que as câmeras estão filmando, nós seguimos nosso caminho pelo filme, assim que parávamos de filmar, era só diversão. Era uma maneira ótima de passar o dia. E eu vou sentir muita falta disso”.
Na entrevista exclusiva concedida ao JUDÃO que você vê no meio deste texto, o ator Richard Armitage, que interpreta Thorin Escudo de Carvalho, deixa ainda mais nítido este clima de descontração, ao ser perguntado se o elenco se tornou uma família como também foi o processo com a sociedade do anel da primeira trilogia. “Sem dúvida”, diz na lata. “Nós discutimos, nós brigamos, nós ficamos bêbados juntos. Tivemos ótimos momentos. Porque é o que os anões fazem”, brincou.
O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos estreou em 11 de Dezembro no Brasil. :)
O Judão viajou a Londres a convite da Warner Bros.