Nem eu, nem você e muito menos determinados jornalistas que, gente, estão dando um espetáculo de vergonha alheia
E aí que o cara tava lá no Rio de Janeiro – porque ele trabalha e mora lá. E a esposa do cara até então trabalha e mora em São Paulo. Você pode discordar deste lance de relacionamentos à distância. Mas, cara, você não tem nada a ver com isso. Porque ela é casada com ele. E vice-versa. E o relacionamento deles é apenas e tão somente responsabilidade deles. Guarde esta última frase, porque vamos voltar a ela.
Mas ele estava no Rio de Janeiro e foi clicado beijando uma garota. Que não era a esposa. E, senhoras e senhores, eis que começou o show de horrores.
Não queremos entrar aqui numa discussão sobre todo o mercado que existe em torno da imprensa que cobre celebridades, os paparazzi, esta coisa toda. Na boa, é lei da oferta e da procura, só existe este tipo de site, de revista, de jornal, porque tem gente que consome. Que compra, que acessa, que compartilha. No mínimo, agora você está dizendo “ah, eu não faço”. Tá bom, mas tem muita gente que faz. Muita mesmo. Porque tem muita gente que gosta de uma boa fofoca.
Mas o que estão fazendo neste caso não é apenas fofoca. Arrisco dizer que beira o CRIMINOSO — e não com um, ou com outro. Com todos os envolvidos.
Foram lá, tiraram a foto do cara. Tá bom. Ele é famoso, não teria muito como fugir disso. É uma merda o cara não conseguir nem sair direito à noite só por que está na televisão? É, claro que é. Mas faz parte das dores e delícias de ser “famoso”. Isso ele sabia. A porca começa a torcer o rabo neste caso porque, senhoras e senhores, já entrou numa coisa de julgamento de valor. O que ele pode ou não fazer, como ela deveria ou não reagir. É um tal de ligarem pra assessoria dele, pra assessoria dela, pra mãe de um, pro pai do outro. Porque alguém tem que falar a respeito, não é mesmo?
Mas é óbvio que não. Nenhum deles tem qualquer obrigação de falar nada. De dar satisfação para ninguém. Nem pra mim, nem pra você, nem pra imprensa, nem pra qualquer fã devotado ou espectador eventual.
O que ele ou ela fazem na vida particular deles é de responsabilidade deles. Ele foi fotografado beijando outra mulher, putz, que bosta. Mas daí até o cara ser obrigado, tamanha a pressão, a soltar uma série de tweets se desculpando publicamente? WTF? Ele tem que se desculpar é com ela, caralho. E em particular, pra ela, não pra mim, pra você, para a imprensa de celebridades ver e dizer “ah, que bonitinho”. Aliás, a gente nem sabe se ele tem que se desculpar ou não. Porque a gente nem sabe como é a dinâmica do relacionamento dos caras, quem sou eu pra julgar? Quem é você pra julgar? Você sabe o que estava acontecendo entre eles? Ou dirá um jornalista de celebridades? Caceta.
E agora estão lá, revirando o lixo e fuçando no Facebook para descobrir quem é a tal mina que ele pegou. Pra descobrir quem é, onde mora, do que gosta, o que come, divulgando detalhes da vida dela. “Ah, esta vagabunda, beijando um cara casado”. Sendo que ninguém sabe o que foi que eles falaram, como rolou a história, o que aconteceu de fato naquele bar. Não. Sempre tem que ter a porra de um culpado, né? Aí, vão lá e contam pra todo mundo quem ela é – sendo que ela nem pediu para ser famosa. Mas ela dá uns beijos no cara e, no dia seguinte, tá todo mundo no perfil dela do Facebook dizendo que se trata de uma destruidora de casamentos e que deve ser apedrejada em praça pública.
Muito mais do que “destruir um casamento”, o que as pessoas fazem em casos como esses é destruir vidas. É exatamente a mesma coisa que acontece quando divulgam na internet fotos particulares de celebridades, é a mesma coisa quando atacam pessoalmente alguém por conta de uma opinião.
Porque está todo mundo doidinho para dizer alguma coisa, pra julgar, pra dizer que ele é um traidor, que ela é uma chifruda, que ela não pode perdoar, que ele tem mais é que ser crucificado. Tá todo mundo, essencialmente, em busca da Grazi e do Cauã da vez. Porque foi muito legal ver o circo pegar fogo, falar sobre a Isis, sobre como ele foi um calhorda, sobre como ela foi inocente, sobre como a outra foi uma vadia. Justamente quem tem menos a ver com a história (não tanto quando eu e você, claro), é muitas vezes a mais ofendida. Por quê?
Pra que essa vontade irracional de pisar na cabeça do outro, de ver o mundo queimar, só porque... Sim? Que nojo. Que vida de merda, cara. Que merda.
Mas nunca esta frase fez tanto sentido: de perto, ninguém é normal. Porque eles podem ser celebridades porque estão com a cara exposta na TV o tempo todo. Mas também são pessoas comuns. Que amam, que odeiam, que fazem cagadas. Você não é celebridade. E nem a gente, aqui do JUDÃO (estar na internet, adivinha só, não torna ninguém automaticamente famoso, aceitem isso de uma vez). Mas a minha vida, a sua, gente, elas são tão complicadas quanto. É legal ver que a vida dos famosos é tão complicada quanto a sua, reles mortal? Pois pense se os holofotes estivessem virados não para o umbigo do Cauã, da Grazi, da Calabresa ou do Adnet. Mas sim para o seu.
O que não ia faltar era gente interessada em dizer que você errou naquela discussão, que você foi escroto, que foi estúpida, que aquele cara está te traindo, que aquela garota só está interessada no seu dinheiro. Legal, né?
Por que alguém tem alguma coisa a ver com isso? Por que, então, alguém tem alguma coisa a ver com a vida do Cauã e da Grazi? Ou do Adnet e da Calabresa?
Tá, você já sabe que ele é casado, que beijou uma mina na balada. O que vai acontecer a partir daí não é da sua conta.
Siga a sua vida. Porque ela já deve ser complicada o suficiente. Ter um gato seria o ideal, a gente sugere. Porque você teria sete vidas pra cuidar ao invés da sua. Se você mora nos EUA, então, olha só, seria NOVE vidas. Que negócio da China.
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