Volta ao Mundo em 40 Dias: Inglaterra | JUDAO.com.br

Os perigos eternos da luta entre a realidade e a expectativa…

Durante uns 40 dias, entre Abril e Maio de 2014, eu abandonei o JUDÃO e saí viajando pelo Mundo. Doeu no coração, mas era uma daquelas oportunidades de vida — profissional e pessoal — que surgem uma vez a cada trinta anos ou menos. Fui pra Argentina, EUA, Espanha, Alemanha, Inglaterra, Qatar, Hong Kong, Austrália e Chile e, agora, vou tentar dividir com vocês um pouco de tudo o que conheci, ouvi, vi e senti — tirando essa maldita dor no joelho que me acompanha até agora. :D

A quinta parada foi na Inglaterra.

Última parada pela Europa e muita, mas MUITA pressão. Cara, era a capital do país que nos deu 99,9% de toda a música boa que escutamos, a terra da Rainha, o local onde começou a história do Sport Club Corinthians Paulista (que, diga-se de passagem, estava fechado quando eu fui visitar)... Expectativas, muitas expectativas. Sabemos como o quão perigoso é esse tipo de coisa, né?

A primeira noite na cidade foi uma das mais divertidas de toda essa volta ao mundo. Sem a responsabilidade de filmar, já que havia acabado de chegar, fomos até Brick Lane, outro daqueles POINTS DA JUVENTUDE™. Era domingo de páscoa e a galera domina as ruas daquela região da cidade — nos bares, lojas, baladas e até no mercado que, infelizmente, não conseguimos pegar aberto.

Nesse dia, enquanto bebia uma cidra no meio da rua (sim, cidra por lá é uma bebida REALMENTE legal!), conheci o Ed, um inglês que estava passando, ouviu a conversa em outra língua e resolveu participar. Apertou minha bunda pra conferir se eu era mesmo Brasileiro, brindamos o football e demos várias risadas numa esquina qualquer. ¯\_(ツ)_/¯

Eu e meu Beigel com carne e ~gherkin <3

Eu e meu Beigel com carne e ~gherkin <3

Foi nessa noite também que tive a minha primeira experiência com o Underground, os TUBES, o metrô de Londres, que tem um peso enorme na cultura da cidade. Foi lá que eu descobri (e adorei!) que ainda existem jornais vespertinos que, assim como os matutinos, são distribuídos de graça nas estações (e encontrados para “reciclagem” nos bancos dos trens, caso alguém não tenha pegado antes), garantindo leitura pela viagem, informação... Porque sim, eu mal tive tempo de ler sites de notícias nessa viagem toda e aproveitei meus dias pela cidade pra me informar com os dois jornais.

O que a falta de uma conexão com a internet não faz com a pessoa? :)

Nessa minha primeira noite londrina ainda conheci o Beigel Bake, uma loja que fica aberta 24h fazendo diversos pães e os famosos “beigels” que, aqui, podem ser sanduíches também. São vários: doces, salgados... Mas o melhor — DE TUDO O QUE VI NESSA CIDADE! — foi o de Hot Salt Beef. De surpresa, num lugar escondido... QUE. DELÍCIA. :D

No dia seguinte, comecei a conhecer a Londres que todo mundo fala por aí. Aquela fleuma, aquela realeza, Tower of London, Tower Bridge, Big Ben, o Parlamento, troca da Guarda na frente do Palácio de Buckingham (com policiais piadistas, dançarinos, cantores e divertidos), Picadilly Circus (que é tipo uma Times Square britânica), cabines telefônicas vermelhas, o local onde foi feita a foto de capa de Ziggy Stardust, Wembley (num dia horrível, fechado, melancólico), musicais (assisti a “We Will Rock You”, uma espécie de Matrix, só com músicas do Queen, que me fizeram chorar como uma criança), pubs, Leicester Square (que os cariocas talvez entendam como uma CINELÂNDIA), Plataforma 3/4, Camden Town.

Londres

Foi em Camden Town (outro POINT DA JUVENTUDE™) que, atrás do famoso Fish & Chips, conhecemos o Poppies, que ganhou prêmios e mais um monte de coisa por conta do referido prato. Lá conhecemos a Emma, a “Poppette” francesa que se escalou pra viajar com a gente (se não tivesse que trabalhar lá, claro) e o Halis. Talvez eu preferisse ter comido aquele fish & chips com jornal, em algum lugar afastado... Mas enfim. :)

Próximo a Leicester Square, no Fitzgerald Tavern, encontrei o Jon Lyus, um dos fundadores do HeyUGuys.co.uk, que, além de dividir o mesmo trabalho que eu, divide também o bom gosto por White Russians. Como ele mesmo disse, aquela Taverna representa a Londres DE VERDADE, tendo sido aberta no século 19.

E é um fato: a Inglaterra parece os EUA. Ou seria o contrário? Tanta correria, tanto stress, tanta gente dormindo em pé (literalmente) no metrô, tanto pensamento em trabalho... Um contraste assustador com Berlin e Madrid, por exemplo. Foram em lugares específicos — como essa taverna, o Poppies e o Windmill, onde comi as tradicionais Shepherd’s Pie (que é tipo um escondidinho inglês) e a torta de carne e fígado (QUE PUTAQUEPARIU como é boa), ou em Salisbury, uma cidade mínima perto de Londres, onde fica Stonehenge –, que eu senti que estava na Inglaterra EUROPEIA... Foi um pouco decepcionante, devo dizer.

...meh.

...meh.

Fiquei feliz de ter tido a chance de conhecer esses lugares mais tradicionais, mais londrinos de fato, mas achei Londres, ao menos a que se pode conhecer em menos de dois dias, um tanto... Meh. Voltei com ainda menos tempo, quando fui pros eventos de lançamento de O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos, as impressões melhoraram um pouco... Mas sei lá. Quero voltar e quero ver muito mais coisa que infelizmente não consegui (inclusive um jogo de futebol), descobrir mais a Londres de verdade, mais história, mais outras cidades.

Porque, do que ela apresenta pra todos mais facilmente, não há nada de novo e nem nada de impressionante.

Mas agora deixo esse Novo Velho Mundo pra trás e parto pra algo absolutamente desconhecido, um OUTRO mundo: Doha, no Qatar. See ya, mate!