Sobre essa história da Zendaya como Mary Jane Watson: sim, por favor! | JUDAO.com.br

Em 2016, é como se não houvesse outra ideia possível. :)

Uma das primeiras regras dos quadrinhos que aprendi foi que “a Mary Jane Watson é a mulher mais bonita do Universo Marvel”. Não sei se isso algum dia foi explicitamente dito oficialmente, se é canon ou apenas uma ideia, ADVINDA do fato de ela ser, nos quadrinhos, supermodelo, atriz e, enfim, o JACKPOT do outrora principal personagem da Casa das Ideias.

O que exatamente isso quer dizer, também, eu não faço a menor ideia. Não é como se beleza fosse um superpoder, no fim das contas. Mas essa história, publicada no Wrap, de que a Zendaya, que durante a Comic-Con disseram que interpretaria uma tal de Michelle em Homem-Aranha: Homecoming, vai ser na verdade Mary Jane Watson soa bastante interessante.

Primeiro ponto: Zendaya é negra. E, enquanto isso pode soar estranho, beleza não necessariamente significa “ruiva de olhos claros e cabelos lisos e longos” ou qualquer coisa parecida. Sabia disso? Pois é, rapaz. Que coisa!

Em 2016, aliás, me parece bastante natural que um adolescente se apaixone perdidamente por uma menina que esteja absurdamente longe dos chamados PADRÕES. Não é à toa que o INTERESSE AMOROSO de Peter Parker em Homecoming seja, pelo menos de início, Liz Allen, interpretada por Laura Harrier — outra garota negra — o que pode significar que a Mary Jane esteja nesse filme mais como um nome familiar pros fãs do que qualquer outra coisa (e ainda ajudaria a fugir dos SHIPS com a Gwen Stacy surgidos da era Andrew Garfield + Emma Stone).

Um dos momentos mais importantes da história do Homem-Aranha

Um dos momentos mais importantes da história do Homem-Aranha

O segundo ponto: Mary Jane foi criada, inicialmente, pra ser uma piada recorrente. Depois apareceu como uma mulher linda, fazendo Peter Parker pensar que ela era fútil, que estava mais preocupada com BALADAS, roupas e o cabelo do que qualquer outra coisa.

Só que, além disso tudo, MJ sempre foi batalhadora, indo atrás do que queria. Com o tempo, ela se tornou uma das personagens mais interessantes para os roteiristas do que Gwen Stacy, afinal tinha mais personalidade. Quando a Gwen morreu — já que uma galera na Marvel não queria vê-la se casando com o Aranha — a MJ cresceu, mostrando que tinha além de tudo uma história de vida difícil, que justificava a personalidade VÍVIDA que tinha como uma forma de contornar tudo aquilo.

Em 2016, essa história pode ter um significado ainda maior. Representatividade, sabe? Uma mulher, negra, se obrigando a se encaixar de alguma maneira na sociedade, mas tendo um pai alcoólatra, família instável e enfim.

Terceiro ponto: da exata mesma maneira que qualquer um pode ser o Homem-Aranha — seja Peter Parker, Ben Reilly, Miles Morales ou Gwen Stacy — qualquer uma pode ser a Mary Jane. Se “basta” que ela seja bonita, FODA-SE a cor do cabelo, da pele. James Gunn, embora sem confirmar a história de que Zendaya seria a MJ, resumiu tudo muito bem na sua página oficial do Facebook:

Pra mim, se um atributo primário de um personagem — aquilo que o faz ser icônico — é a cor da sua pele, ou do seu cabelo, francamente, o personagem é raso e uma merda. Pra mim, o que faz da Mary Jane a Mary Jane é essa coisa de fêmea alfa e, se a atriz capturar isso, então vai funcionar. E, só prá constar, eu penso que Zendaya ainda se encaixa no que eu considero as principais características físicas da personagem: uma modelo alta e magra, muito mais do que as atrizes do passado se encaixaram

Há o que se discutir sobre a coisa de cor de pele ou de cabelo definindo personagem ser algo raso, especialmente no caso das “minorias”, tão mal representadas na cultura pop de maneira geral, mas o ponto dele continua válido independente disso.

Zendaya em ensaio para a revista Complex

Zendaya em ensaio para a revista Complex

Pouco se viu e ouviu sobre Homem-Aranha: Homecoming. As informações são bastante escassas. Mas vamos supor que a revelação de Zendaya como Mary Jane estivesse sendo reservada pro fim do filme. Com essa informação devidamente espalhada (por isso nem sequer pensamos em considerá-la um spoiler), seria de bom grado que a Marvel não repetisse o que JJ Abrams fez com o segundo Star Trek, quando todos sabiam que Benedict Cumberbatch seria o Khan mas fizeram de tudo pra dizer que não era.

Seria legal descobrir no filme? Sim. Mas agora talvez seja ainda mais interessante utilizar essa coisa no marketing, gerando todo um outro tipo de interesse sobre o filme.

Já fizeram isso com o Homem-Aranha em Capitão América: Guerra Civil, afinal de contas. ;D

A campanha de marketing mais AGRESSIVA só deve começar depois de Doutor Estranho, seguindo o MODUS OPERANDI da Marvel (ainda que o filme seja de distribuição da Sony Pictures, aquela história toda), o que significa que até Novembro ficaremos no escuro, apenas especulando.

Eu já tava empolgado com esse filme, pelas mais diferentes razões. Se a Zendaya acabar sendo a Mary Jane, mesmo, Homem-Aranha: Homecoming tem tudo não só pra ser o filme que o Cabeça de Teia merece há anos, como uma MUDANÇA DE PARADIGMA importantíssima nessa coisa de filmes baseados em histórias com super-heróis.

Um passo por vez, a gente consegue. :)