Não é que A 5a Onda seja o pior filme do ano, mas... | JUDAO.com.br

Quando um filme se contenta em ser APENAS uma aventura juvenil, é sinal de que tem algo errado

A 5ª Onda não é bom. Longe disso. Mas também não é nenhuma tragédia. É só... NHÉ. Esquecível. Do tipo que some da sua cabeça antes do terceiro pedaço da pizza que você vai comer depois da sessão.

A 5ª Onda até que é competente enquanto AVENTURA JUVENIL, mas o problema é que se contenta em ser apenas isso. Não vai pra frente, nem pra trás. Fica ali, naquela zona de conforto. Um prazer para um nicho que leu o livro, mas é previsível, sem tempero, genérico. Não consegue ser nem um pouco de outras obras do tal do gênero young adult que foram parar nos cinemas recentemente. É um filme meia-bomba, que não diz a que veio, mas que satisfez aos leitores fieis da obra original.

A grande pergunta aí é: o quanto levar apenas esta turma aos cinemas satisfaz também os bolsos do estúdio, não é mesmo? ;)

Não se confunda com a “onda” do título: este não é um filme de MAREMOTO (por mais que o final do trailer mais recente não ajude em nada nesta impressão). A tal “onda” se refere a uma etapa, uma fase do processo de invasão da Terra pela raça alienígena apelidada de “os outros”.

A primeira é um pulso eletromagnético, que acaba com a energia no planeta. Depois vêm terremotos/tsunamis e um vírus transmitido pelo ar, que dão cabo de um monte de gente, diminuindo drasticamente a população do planeta. Na quarta onda, os aliens conseguem, de alguma forma, se infiltrar entre os poucos humanos sobreviventes e se passar por nós. Quanto à quinta onda, bom, aí já é ESTRAGADEIRO demais.

O ponto é que, no meio de tudo isso está uma jovem, Cassie Sullivan, que quer encontrar o pequeno irmãozinho Sam, levado sem ela a um acampamento militar. Além de Liev Schreiber (que, apesar de interpretar um tanto no piloto automático, até que convence como o sujeito que até o mais inocente dos espectadores já adivinha que é o vilão da porra toda desde o primeiro minuto dele em tela), Chloë Grace Moretz é uma das poucas coisas que funcionam no elenco, cheio de canastrices infantis e juvenis para doer na alma.

A graça da protagonista que tem que se virar sozinha num mundo virado do avesso a la The Walking Dead se perde totalmente quando ela para de chutar bundas e começa o já esperado triângulo amoroso, fofo e açucarado, levando a um diálogo final com o misterioso Evan (Alex Roe) que chega a dar vergonha alheia quando acontece. Quando você completa as falas do galã sem pensar, é sinal de que aquelas linhas já foram usadas mais vezes do que deveriam na história do cinema, né?

No fim, talvez a Sony tenha se empolgado ao ler o que os críticos disseram sobre o livro de Rick Yancey, no qual a produção se baseia. “Ele fará pelos alienígenas o que Crepúsculo fez pelos vampiros”. Certeza que cifrões brilharam nos olhinhos de alguém. Mas se falta muito para 5ª Onda ser um Jogos Vorazes, também falta um bocado para que ele seja Crepúsculo – e isso, acompanhem o meu raciocínio, sem julgamento de valor para nenhuma das partes.

Mas Crepúsculo teve, sim, algo de diferente para colocar na mitologia dos vampiros, gostemos nós ou não. É uma abordagem diferente das criaturas das trevas. Se a 5ª Onda optasse por virar as invasões alienígenas do avesso só um pouquinho, já teria acertado um tantinho mais. Que rasgasse de vez a fantasia e se tornasse um romance, então. Que seja.

O que falta a este 5ª Onda para que ele dê o salto de “aventura juvenil genérica” para algo mais, é esta personalidade. É a coragem de usar as referências de outros tantos filmes-catástrofe mas ao mesmo tempo se libertando de suas amarras, sem soar em alguns momentos como uma paródia de Guerra dos Mundos feita pelo elenco da Malhação.

Me dói ter que dizer isso, mas talvez Roland Emmerich tivesse feito melhor.

A que ponto chegamos.