As sete vidas da Fênix | JUDAO.com.br

A versão mais velha da Jean Grey irá retornar ao Universo Marvel depois de longo hiato

Um dos mais controversos personagens da Marvel é, sem dúvida alguma, a Jean Grey. Não por algo que ela tenha feito, por sua personalidade ou algo desse tipo. Mas sim porque, como o próprio ALTER-EGO dela indica, Jean representa como ninguém o curioso caso dos heróis e heroínas que morrem e voltam à vida algum tempo depois. E adivinha o que a Casa das Ideias anunciou esta semana? Isso mesmo, o retorno da Fênix.

Tal retorno vai acontecer em Phoenix Resurrection, que terá cinco edições a partir de dezembro. O roteiro será de Matthew Rosenberg (de Guerreiros Secretos e Justiceiro) e arte do badalado Leinil Yu (Invasão Secreta). “O Matt veio até nós com uma abordagem inovadora para trazer a Jean de volta”, disse o editor Mark Paniccia no comunicado no qual a nova série foi anunciada. “Não era o que esperávamos, e brinca com as grandes forças do Matt enquanto contador de histórias”.

Pra CELEBRAR essa ressurreição, a Casa das Ideias também anunciou uma série de 21 capas variantes, que vão sair em diversos gibis mensais da editora também em dezembro. Serão artes assinadas por gente como Ryan Stegman, Kris Anka, Chris Burnham e o brasileiro RB Silva, entre outros.

Esse retorno representa muitas coisas. Mas, pra entender tudo isso, vamos voltar um pouco no tempo.

Jean, com o codinome de Garota Marvel, é uma das fundadoras dos X-Men, lá nos anos 1960, e tinha “simples” poderes telepáticos e telecinéticos. No final da década seguinte, quando a editora relançou o time como All-New All-Different X-Men, Jean ficou um tempo de fora. Voltou pelas mãos de Chris Claremont e Dave Cockrum que, querendo que os mutantes tivessem uma personagem com poderes intergalácticos no nível do Thor, a transformaram na Fênix, uma fodona super-poderosa.

Numa história que já contamos aqui no JUDÃO, a Fênix acabou ficando muito forte perto do resto do grupo – uma personagem que poderia resolver tudo muito fácil, deixando as histórias fracas. Assim, inicialmente, Claremont e seu novo parceiro, John Byrne, deixaram Jean de fora dos X-Men. Depois tiveram a sacada: se ela era muito poderosa pra ser uma heroína interessante, a mesma característica fazia dela uma vilã incrível. Assim surgiu a Saga da Fênix Negra, que deveria terminar com Jean Grey redimida e com os seus poderes originais reestabelecidos. Só que, por causa de um PLANETINHA destruído e a vontade do editor-chefe Jim Shooter, fez com que Claremont e Byrne se vissem obrigados a matá-la ao final do arco.

Passada toda essa confusão, Claremont sentiu que a morte de Jean deixou um vácuo nos X-Men e na vida do seu líder, Ciclope, que historicamente tinha um relacionamento com a companheira de time. Assim ele criou Madelyne Pryor, uma mulher que, originalmente, seria uma humana sem poderes que era apenas parecida com a falecida. Mas Byrne, que brigou com o velho parceiro e foi cuidar do Quarteto Fantástico, discordava. O canadense, junto com os editores, articulou não só o retorno da Jean Grey, como também armou uma história na qual a Fênix nunca foi a Jean – mas sim um corpo criado pela Força Fênix (a verdadeira entidade cósmica responsável pelos poderes) a partir do corpo da X-Men, que estava, desde então, viva num casulo.

Pois é

LEIA TAMBÉM!
Quando a Fênix pirou

Essa nova-velha Jean Grey foi fazer parte da X-Factor, uma nova equipe mutante composta pelos X-Men originais. Foi nessa fase, também, que Madelyne foi relevada como um clone de Jean, criada pelo Senhor Sinistro. Pra piorar, Madelyne teve contato com a Força Fênix – e, num final rocambolesco digno dos mutantes da Marvel, Jean derrotou a clone e assumiu as memórias dela e da Fênix.

Eventualmente, a X-Factor se uniu aos X-Men e Jean Grey, agora assumindo a alcunha de Fênix (ainda que com seus poderes telepáticos e telecinéticos originais), voltou ao seu grupo de origem.

Ainda está me acompanhando? Bom, vamos lá: os anos se passaram e chegamos na fase chamada Novos X-Men, do roteirista Grant Morrison. Jean entra em uma espiral após achar que o Scott Summers havia morrido e voltou a acessar os poderes da Fênix – mas acabou morta pelo vilão Xorn. Num confuso arco, os efeitos da morte de Jean causam um futuro distópico no qual Jean é ressuscitada, volta ao passado e faz com que Scott fique com Emma Frost, a Rainha Branca, e continue o legado de Charles Xavier. E, assim, Jean morre de vez.

Ou não. Pouco depois, a Força Fênix tenta reviver a sua hospedeira preferida, reassumindo e controlando o corpo da Jean. Após uma grande briga, que envolve os Shi’Ar, finalmente deixam a mutante descansar de vez. Mas isso não queria dizer que a Marvel havia acabado com a personagem. Mais recentemente, o roteirista Brian Michael Bendis trouxe os X-Men originais do passado para o presente – incluindo aí a ainda jovem Garota Marvel.

Finalmente chegamos no atual momento, que em dezembro terá a o retorno da Fênix original. Resta saber, agora, o que a Marvel irá fazer. Teremos duas Jean Greys vivas no presente? A Ressurreição da Fênix envolve, de alguma forma, a jovem Garota Marvel? E qual será o impacto desse retorno nos outros títulos mutantes?

Phoenix Resurrection representa também mais um passo importante no retorno do crescimento dos mutantes dentro da Casa das Ideias, que claramente superou os anos de boicote (velado ou não) por conta das diferenças com a Fox. É, também, uma estratégia interessante dentro da nova fase Legacy, que resgata personagens e conceitos do passado. Inclusive reviver a Fênix.

Resta, agora, saber se vem uma boa história por aí.