Longa canadense ganhou um trailer divertido e fala sobre algo que a gente ainda ouve pouco: sexualidade feminina sem tabus.
Mulheres não são educadas para pensarem sobre sua sexualidade. A gente cresce com uma ideia muito doida sobre nossa virgindade ser algo PRECIOSÍSSIMO e que não podemos fazer uma série de coisas. Masturbação, transar no primeiro encontro, sentir tesão e curiosidade… tudo isso é coisa de vagabunda. E você NÃO QUER ser uma vagabunda. Você quer ser mulher pra casar.
Esse papo acontece numa sociedade que sexualiza meninas cada vez mais cedo e é um negócio que te enlouquece. Na adolescência, com os hormônios BOMBANDO, você tem que segurar essa mão aí. Se for namorar, tem que esperar MUITO pra ter algum respeito... isso se não for esperar o casamento, né.
Por sorte, nem todo mundo pensa assim. E tem gente que se empenha pra fazer ALGO sobre como essa história toda é uma baboseira sem fim. Por exemplo: lááá em 1986, um diretor iniciante chamado Spike Lee fez seu primeiro longa: She’s Gotta Have It (ou Ela Quer Tudo). Ali, Nola Darling é uma mulher bem liberta que se envolve com três caras diferentes de maneira bem resolvida. Esse filme é tão importante que até virou série da Netflix em 2017. Ali não é só legal a parte feminista, mas também é sobre como uma mulher negra domina tudo aquilo sem estereótipos de maluca, vadia ou promíscua. Ela só curte sexo e não quer um compromisso tradicional e monogâmico. Em 1986. Spike Lee, né? :)
E se você já viu e gostou ouuu se tá a fim de assistir algo nessa linha, um trailer de uma produção canadense que saiu nessa semana pode chamar sua atenção: Slut in a Good Way. :)
Ele traz algo bem, BEM interessante sobre a libertação sexual feminina. Charlotte é uma garota que acabou de terminar o namoro. O cara se descobriu gay e, bem, não há o que fazer. Meio chateada, então, ela resolve explorar seu corpo, sua sexualidade e resolve transar com vários caras do seu emprego: loiros, morenos, altos, baixos… no trailer, uma amiga até diz “mas ele nem é o seu tipo!”. Como resposta, Charlotte apenas sorri. MÃS nem tudo são flores. E mulheres sabem bem disso. O problema acontece quando os rapazes resolvem sair se gabando por aí das trepadas com a protagonista, que acaba ganhando fama de vadia e precisa lidar com a pressão social e esse novo rótulo.
A gente vê muitas coisas sobre sexo na cultura pop, mas quase nenhuma explora a mulher como DONA do seu corpo. Não se fala sobre prazer feminino, segurança, consentimento. Aliás, abuso sexual costuma ser um GRANDE ponto de virada de várias histórias, de um jeito bem preguiçoso. Nós somos caça. Presa. Objeto. E isso GRUDA na cabeça de todo mundo e só contribui pra essa visão machistona DEMAIS da relação da mulher com o sexo.
Slut in a Good Way pode ser traduzido como Vadia no Bom Sentido e, no título original em Francês (o filme é canadense), se chama “Charlotte se diverte”. OU SEJA: vem coisa legal por aí. Ressignificar esse termo já é um começo promissor. Além disso, o filme é em preto e branco, num jeitinho meio Frances Ha de ser.
A gente sabe que filmes assim não costumam ir pro CIRCUITÃO dos cinemas, mas creio que valha a pena caçá-lo por aí. Comercialmente, a estreia acontece em Março, nos EUA, mas ele já foi exibido algumas vezes em 2018. Então... :)