Como a empolgação dos fãs arruinou Westworld | JUDAO.com.br

Os conceitos e roteiros dos seriados precisam ser repensados para a Era do Pós-Spoiler em que vivemos.

SPOILER! Chegou ao fim a primeira temporada de Westworld, formidável série da HBO que imagina como seria um parque de diversões onde os brinquedos seriam robôs com tendências homicidas.

A história é baseada em um filme ruim do escritor, diretor e dramaturgo Michael Crichton, famoso por ter imaginado anteriormente como seria um parque de diversões onde os brinquedos seriam dinossauros com tendências homicidas.

Mas muito mais do que a trama violenta e recheada de uma nudez nada gratuita (afinal, a HBO é uma TV fechada), Westworld foi responsável por deixar claro que o jogo do entretenimento mundial definitivamente mudou.

Com algum atraso, as grandes redes estão conseguindo diminuir o impacto da pirataria ao exibir seus episódios ao mesmo tempo no mundo inteiro. Empresas como Netflix e Spotify já deixaram claro que o problema do telespectador não é necessariamente pagar por conteúdo – a grande questão é ter um serviço de qualidade a disposição.

O problema é que a questão que se coloca nestes conturbados tempos não é apenas de transmissão, mas principalmente criativo. Os conceitos e roteiros dos seriados precisam ser repensados para a Era do Pós-Spoiler em que vivemos.

O que é a Era do Pós-Spoiler?

A cultura da “teoria dos fãs” que hoje faz a alegria de fóruns da internet e, posteriormente, de perfis e portais de entretenimento, serve como divertida métrica de engajamento. Mas Westworld mostrou que pode ser também um belíssimo ruído para a narrativa.

Existe um grande problema em basear boa parte do impacto de uma história em seus mistérios e segredos, quando temos gente demais com disposição e tempo livre para elocubrar sobre as possibilidades daquele passatempo semanal.

Basta ver a quantidade de tempo que as cenas de revelação da identidade do Homem de Preto (na season finale) e do Bernard (no episódio anterior) mostra que os roteiristas estavam se achando mais espertalhões do que são de fato.

Ou seja, o maior desafio do telespectador moderno é fugir de spoilers que ainda não aconteceram.

E fica o alerta para os grandes criadores de conteúdo. Não me venham com mistérios se arrastando por meses a fio caso os seus roteiristas não sejam mais engenhosos que uma miríade de internautas desocupados. Ou libere todos os episódios de uma vez só, como a Netflix faz.

Dito isso, Westworld é divertida e cheia de furos como nossas novelas das 7 preferidas. É bom demais torcer por brinquedos assassinos novamente.

Artigo originalmente publicado na Revista Chico Barney. Leia a edição completa e acompanhe no twitter.