Todo mundo sabe como é ter um dia de merda. Claro. Furou o pneu do carro, chegou atrasado no trabalho cheirando a graxa, o chefe ficou puto da vida e deu uns berros na sua orelha... É natural, nenhum ser humano está livre de se foder algum dia. Mas a questão é que, num determinado dia 14 de outubro, 98% da população de todo o planeta Terra se fodeu. Pense em mais de 6,5 bilhões de sujeitos e sujeitas se fodendo ao mesmo tempo. Esta é a premissa da série The Leftovers, baseada no livro de no livro de Tom Perrota e cuja segunda temporada começou no próximo domingo (4), na HBO.

Foi num dia 14 de outubro qualquer que 2% da humanidade simplesmente sumiu. Assim, sem deixar pistas – naquilo que foi batizado de Dia da Partida Repentina. Claro que alguém lembraria da Bíblia, então. Em especial do chamado fenômeno conhecido como “arrebatamento”. Que é basicamente os justos, aqueles que são considerados “merecedores”, sendo levados para o reino dos céus para que estejam a salvo do que vai acontecer no nosso planetinha azul durante o apocalipse.

Pense se isso não é se foder? Você já se sente uma merda porque não é um dos escolhidos – pô, mas eu sou um cara legal, eu respeito o próximo, que caralhos eu teria feito para que o cara lá de cima não me enxergasse como “merecedor”? E ainda pensa: ei, eu fiquei pra trás. Isso significa que, além de eu não ser digno, eu ainda vou ter que encarar o fim dos tempos, que está se aproximando. Em resumo. Eu e mais 6,5 bilhões de terráqueos não apenas nos fodemos. A gente se fodeu PRA VALER.

E quando você começa a reparar nos 2% que teriam sido “agraciados” e percebe que naquele balaio de gato estavam pessoas que não mereceriam o privilégio (de puladores oficiais de cerca a assassinos), tá na hora de começar também a questionar suas próprias crenças e o critério de julgamento divino...

A trama de The Leftovers começa três anos depois desta parada toda. Todo mundo tentando reconstruir a vida – ou o que sobrou dela. E tentando não pensar que o pior ainda pode estar por vir. Tá certo que o céu ainda não ficou vermelho e nenhum cavaleiro do apocalipse surgiu pra apavorar a galera, quanto mais quatro deles. Mas pensa na vida da Nora (Carrie Coon). Uma mãe que teve o marido e os dois filhos arrebatados. Além de perder a família toda, ela ainda se considera a única pessoa indigna daquela casa.

E o xerife Kevin Garvey (Justin Theroux), que não perdeu rigorosamente ninguém da família durante o fenômeno. Ele não sabe se fica feliz (“ufa, todos que eu amo estão aqui”) ou preocupado (“quer dizer que somos todos um bando de pecadores?”). Enquanto tenta se decidir, nesta temporada ele abandona o cargo de polícia em Mapleton e leva todo mundo com ele para o Texas, incluindo o bebê que foi largado na sua porta.

“Esta família não ia querer ficar no mesmo lugar, seja geograficamente, seja emocionalmente”, explicou o produtor executivo Damon Lindelof durante evento da Television Critics Association. O escritor do livro original e também produtor, Tom Perrotta, complete: “A primeira temporada é sobre uma família que se separa. A segunda temporada é sobre como eles se juntam novamente”.

Num papo com o Collider, Lindelof foi além e afirmou que, por mais que Perotta esteja totalmente envolvido com o desenvolvimento da história, eles meio que já exauriram tudo que podia da fonte de papel. “Não queremos reinventar a roda, mas fizemos o que pudemos para, nesta segunda temporada, sacudir um pouco as coisas. A temática da série ainda é a mesma, mas pensamos em fazer algo mais ousado. Vamos tentar algo diferente”. O que, exatamente, a gente ainda não sabe, claro. ;)

A segunda temporada começou na HBO do dia 4 de outubro, às 23h – e se você é SKY, NET e Claro TV pode conferir todos os episódios da primeira temporada na HBO GO: www.hbogo.com.br.