Dia da Consciência Negra: pra quê serve esse negócio? | JUDAO.com.br

A gente explica.

Serve para tentarmos nos reconciliar com um passado maldito que ainda causa estragos aos montes. Serve pra gente não esquecer que o Brasil teve a escravidão mais longa da história moderna. Serve pra gente lembrar que ainda assim tem um monte de meninos e meninas “bem criados” que reclamam das cotas. Serve pra lembrar que o brasileiro é racista a ponto de se perguntar por que tal data é necessária.

Alguns discordam e esse é um direito básico do ser humano, de opinar, de pensar por si só. Os números, e a arte do Ribs, que ilustra o topo deste post, no entanto, concordam comigo (e como!).

Vamos começar pelo grupo mais subjugado do país, as mulheres negras: O número de mulheres negras assassinadas cresceu 54% em 10 anos (de 2003 a 2013), enquanto o número de mulheres brancas vítimas de homicídio caiu 10% no mesmo período. Apenas em 2013, 2875 mulheres negras foram mortas no Brasil.

“A mulher negra tem dificuldade de acessar não apenas a rede de proteção contra a violência, mas todas as outras”, afirmou Jurema Werneck, integrante da ONG Criola, ao El País Brasil. “Muitas delas têm medo de recorrer ao Estado em casos de violência porque sabem que é o Estado que mata os homens negros, logo ela não confia nele.”

Água

É isso, basta abrir qualquer página policial e se deparar com homens negros como os “suspeitos” de sempre de uma polícia que atira primeiro e pergunta depois.

Segundo números da Anistia Internacional, apenas em 2012, 56 mil pessoas foram assassinadas no Brasil. Destas, 30 mil são jovens entre 15 a 29 anos e, desse total, 77% são negros. A maioria dos homicídios é praticado por armas de fogo, e menos de 8% dos casos chegam a ser julgados.

PoOOoOooODCAST!

César Mello

OUÇA!

Final de 2015, já virando a esquina pra 2016. Ainda impressiona o fato de que a gente precise falar sobre a representatividade dos negros na cultura pop. Ou melhor: nós não. César Mello, ator, cantor e Rei Leão, compareceu ao Estúdio Sócrates Brasileiro da Central3 e entre musicais, filmes e novelas deu uma aula a quem quer que pense que racismo, sexismo e política não tem a ver com a cultura pop. Com Borbs, Renan Martins Frade, Tayra Vasconcelos, Nícolas Vargas e Leandro Iamin na mesa de som. :)

LINKS!
César Mello no Instagram
Mudança de Hábito
Por que é tão difícil premiar artistas negros?

Eu sempre digo que o Brasil é um país em negação, mas me alegra saber que vai se transformando em “negra ação”, com ideias indo além do positivismo para encher a bola de uma raça judiada pela história, e avança para o reconhecimento dos criadores de boa parte da riqueza cultural do país, que migra ano a ano do papel de mão de obra ou subcidadão à mercê do Estado para alguém que se posiciona e luta com real possibilidade de resultados práticos e conquistas cada vez mais evidentes. Ah, luta mesmo!

E cada vez luta mais cedo, como a pequena Soffia, de 11 anos, que deixa a gente de queixo caído com as letras e a postura dela. Agora, se você ainda não tá ligado no movimento, que o negro não apenas é lindo, mas poderoso, além de outras coisas óbvias e maravilhosas que só quem é, sabe, hoje em dia eu sinto dó mesmo é de você.

Vamos em frente!