A Disney não sabe brincar | JUDAO.com.br

Para o bem e para o mal, quando a Disney se mete em alguma coisa alguém não recebe boas notícias. As vezes é o próprio público.

“Ai mas pra que um remake live action de (insira o nome de uma animação clássica da Disney aqui)?”, pergunta a leitora. Resposta é realmente simples: porque sim. Porque estamos em 2016 e essa onda de versões reais de desenhos animados CHEGOU PRA FICAR e é uma aposta bem segura.

E, bem, sabe como é... Não é só porque a Margarida comprou a LucasFilm que eles vão pegar todos os clássicos e mexer. ACREDITE SE QUISER: os filmes originais continuam por lá, intocados. Não só os da Disney, óbvio, como qualquer outro filme que ganha um remake ou reboot. Parece até mentira um negócio desses, né?

“Ai mas por que (insira o nome de algum outro grande estúdio) também vai fazer um?”, pergunta a leitora. Bom, primeiro porque sim. Segundo porque essas histórias já estão em domínio público, então não tem que se preocupar com direitos. Terceiro porque boas histórias devem sempre ser contadas e recontadas. Quarto... Bom, a não ser que o fato de quererem surfar uma mesma onda pra tentar tirar um troco seja uma boa resposta, não tem um quarto motivo, não.

Só que tem um outro fator aqui, chamado de The Walt Disney Company, maior conglomerado da indústria do entretenimento, uma máquina de marketing que meio que pode fazer o que quiser que as chances de dar merda são quase nulas. Fazer coisa ruim é bem fácil, tomar prejuízo com elas não.

Vou pegar como exemplo aqui Mogli, o Menino Lobo. A Warner anunciou em 2012 uma versão live action de Jungle Book, dirigido por Andy Serkis e esperadamente mais “dark”, “sombrio”, mais “as crianças precisam se assustar”, nas palavras do diretor. O filme entrou naquele parafuso infelizmente normal de produções de grandes estúdios, demorou e demorou e demorou a começar a ser produzido (deveria estrear esse mês, originalmente) e, até agora, nada.

No meio disso tudo, a Disney anunciou o seu live action com o Menino Lobo, estreou em Abril desse ano e mostrou ao mundo o que é essa tal de magia do cinema que tanta gente fala, e já garantiu uma sequência.

Embora o status ainda não tenha sido mudado, NESSE MOMENTO, o filme do Andy Serkis se encontra num Limbo. No mínimo, o cara vai ter MUITO trabalho dentro da caixa d’água pra tirar o filme de lá e, principalmente, fazer algo minimamente à altura do trabalho de Jon Favreau — mesmo que seja completamente diferente, nada menos que MÁGICO é esperado.

Outros dois exemplos estão acontecendo nesse exato momento.

Mulan

Recentemente o Pato Donald confirmou a versão live action de Mulan. Tudo certinho, do jeito que deve ser, escrito por Rick Jaffa e Amanda Silver, ainda sem diretor e elenco, previsto pra estrear em 02 de Novembro de 2018. Veio então a Sony, com um roteiro de Jason Keller, de Espelho, Espelho Meu (uma das versões live action de Branca de Neve que chegaram aos cinemas recentemente) e anunciou a sua própria versão da história da Mulan, que deverá estrear só depois da versão produzida pelo maior conglomerado da indústria do entretenimento, uma máquina de marketing que meio que pode fazer o que quiser que as chances de dar merda são quase nulas.

Nesse caso... Será que vai adiantar alguma coisa surfar na mesma onda? Será que eles confiam tanto assim no taco deles? Será que a Disney nunca provou nada pra Sony em algum filme que estreou nesse ano mesmo?

É, não foi dessa vez... De novo.

É, não foi dessa vez... De novo.

O outro exemplo, porém, é interessante. The Man Who Killed Don Quixote, a história do Dom Quixote de Terry Gilliam, tá em produção há oitocentos anos, sendo adiado over and over again (a última vez foi há cerca de duas semanas). Já teve vários roteiros e atores escalados e até já rendeu o documentário Lost in La Mancha, de 2002 (DOIS MIL E DOIS), que conta a história do filme que nunca foi feito.

Aí o que acontece em 13 de Outubro de 2016? Surge a notícia de que a Disney, maior conglomerado da indústria do entretenimento, uma máquina de marketing que meio que pode fazer o que quiser que as chances de dar merda são quase nulas, vai produzir, adivinha só?, o seu próprio filme do Dom Quixote.

Enquanto essa pode ter sido a maior pá de cal do universo no projeto de Gilliam (levando tudo o que já conversamos aqui em consideração, quem iria querer financiar o filme de um dos caras mais geniais e, portanto, difíceis de se trabalhar do mundo?), a ideia da Disney, de acordo com o THR, é “usar o mesmo tom e natureza fantástica e ESTOUVADO de Piratas do Caribe“, uma dessas franquias que são ruins, mas não deram errado que eu citei anteriormente.

Enquanto Mogli elevou o patamar da brincadeira e Mulan é tipo quando emprestamos o controle (desligado) do videogame pro irmão mais novo jogar com a gente, Dom Quixote da Disney é aquela mediocridade garantida, sem um toque pessoal a mais que o do Terry Gilliam, esperamos nós, terá. É o burg do McDonald’s em relação àquele que você faz em casa e que, convenhamos, é muito mais gostoso — ainda que o do McDs seja gostoso também. É esse monte de portal gigantesco na internet em relação ao JUDÃO, que depende da ajuda do leitor. É o Dom Quixote lutando contra Moinhos que, de fato, são gigantes.

É o tipo de coisa que a gente até vai ver porque o material é sensacional, mas... Sabe?