“Deep Breath”, primeiro episódio da 8a temporada, além de nos trazer o 12o Doctor, também entra para aquela lista de clássicos de toda a série
Talvez nenhum episódio de estreia de uma série tenha causado tanto frisson quanto esse primeiro da oitava temporada de Doctor Who. Bom, são 50 anos no ar, com um personagem central que muda de cara de tempos em tempos e essa é exatamente a vez de apresentar ao mundo a décima segunda encarnação do Doctor, Peter Capaldi. Por todas essas razões, o canal BBC viajou por boa parte do mundo apresentando sua nova estrela em uma turnê que, com certeza, mudou a história do canal, principalmente como ele interage com seu público.
Não há a mínima dúvida da alegria dos whovians de todos os sete países por onde Capaldi e companhia passaram, nem de que esse foi um excelente plano de marketing para uma série já de sucesso. Para que a experiência fosse completa, foi apresentado o tão aguardado e comentado primeiro episódio da oitava temporada, Deep Breath, que estreia oficialmente Capaldi como o Décimo Segundo Doctor. A excitação para ver essa estreia era enorme, sem dúvida, mas o que ninguém ousava comentar era se a série teria melhorado. Por mais emocionante que o fim da sétima temporada tenha sido, assim como o episódio especial em homenagem aos 50 anos, é preciso ser justo (mesmo com dor no coração) e reconhecer que a sétima foi a temporada mais fraca desde 2005 quando a série voltou ao ar.
Tirando episódios como, “Asylum of the Daleks”, “The Angels Take Manhattan”, “The Snowmen” e o fim “The Name of the Doctor”, que podem ser considerados clássicos dentro de toda a série, todos os outros foram fracos e sem muita emoção. Nem mesmo o episódio “Nightmare in Silver”, assinado por Neil Gaiman, um dos whovians mais ilustres que existe, consegue salvar essa temporada.
Por essa razão, havia uma pequena apreensão no ar. Seria Capaldi capaz de salvar Doctor Who e torna-la novamente a série incrível da era Tennant? A resposta é SIM!
Deep Breath é um pequeno clássico no mundo de Doctor Who. Não apenas por ter Vastra, Jenny e Strax como coadjuvantes ao lado de Clara, ou por acontecer na Inglaterra Vitoriana, mas, principalmente, por apresentar ao mundo um novo Doctor cativante. Peter Capaldi é fã de Doctor Who desde muito pequeno, sempre sonhou em fazer parte da série de alguma forma, o que acabou acontecendo no episódio “The Fires of Pompeii”, da quarta temporada. Ser o Doctor, é um maravilhoso presente que esse fã recebe com muita humildade e entende, melhor do que ninguém, que é, também, uma enorme responsabilidade.
Na Londres de Vastra, Jenny e Strax, surge um dinossauro que parece estar engasgado com alguma coisa. De repente ele cospe algo azul, e os três amigos vão até onde a tão conhecida caixa azul caiu. De dentro da TARDIS saem Clara, toda suja e confusa e um homem estranho, grisalho, que Clara explica ser o Doctor. Vastra os acolhem em sua casa, porque o Doctor está muito confuso, sem entender quem ele é, o que ele faz e quem são aquelas pessoas. O problema é que o Doctor não consegue permanecer calmo em seu quarto e vai atrás do dinossauro solto por Londres. Perdido e com frio, ele começa a entender seu papel no mundo e recebe uma misteriosa mensagem para encontrar Clara em um restaurante. Por outro lado, Clara entende que a mensagem foi enviada pelo Doctor e ambos acabam em uma armadilha em um restaurante gerenciado por autômatos.
Nesse episódio, Moffat leva até o último nível a ideia de “a madman in a blue box”. O Doctor está completamente perdido em relação a quem ele é, quem é Clara, qual seu dever e como ele deve reagir a tudo que está acontecendo. De todas as regenerações da série atual, essa é com certeza a mais honesta e muito bem vivida por Capaldi. A partir do segundo em que ele surge no episódio não há alguma dúvida de que ele É o Doctor, sua paixão, sua entrega. Uma atuação completamente emocionada, que lembra em muito quando David Tennant encarnou o Décimo Doctor. Quando vemos o Doctor entender mais uma vez qual é sua missão no mundo, percebemos Capaldi mostrar aos fãs o seu comprometimento com o que lhe foi dado. Assim, “Deep Breath” além de sua excelente trama, é marcado, também, por inesquecíveis diálogos entre Clara e o Doctor, o que mostra a química entre os atores. Talvez Capaldi era o que Doctor Who precisava, sangue novo e um ator apaixonado. Não que Matt Smith não fosse, porém não víamos nele a entrega que Tennant tinha e que Capaldi não teme em ter.
Por fim, não fica muito claro se Deep Breath é um grande episódio por sua trama muito bem construída, pela maestria de Capaldi, pela química entre os personagens ou pelo conjunto de tudo. Porém, no fim, quando já se está completamente conquistado pelo carisma do Décimo Segundo Doctor, onde já nos sentimos íntimos e próximos a ele, Moffat nos entrega um último presente na forma de uma despedida para Clara, libertando personagem e fãs para amarem esse novo Doctor e poderem se sentir mais uma vez empolgados com a ideia de terem toda uma nova temporada cheia de surpresas pela frente.
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