All Hail the Metal Queen! | JUDAO.com.br

Atração do Rock in Rio, Doro Pesch canta com Angra e Dee Snider no sábado (19)… mas bate antes um papo com a gente sobre novo disco, mulheres no metal e futebol! :D

Já deve fazer, sei lá, uma três edições que o tal do Palco Sunset do Rock in Rio, aquele espaço secundário no qual podemos ver colaborações no mínimo inesperadas entre bandas/músicos, se tornou mais interessante até do que o palco principal. Vejamos, por exemplo, o dia 19 de Setembro, este próximo sábado, um dos dias dedicados ao metal. Tá bom que estão lá, como headliners, o Metallica e o Mötley Crüe, estes últimos em sua turnê de despedida. Mas no Sunset, além de um interessante dueto do Ministry com Burton C.Bell, vocalista do Fear Factory, teremos nada menos do que uma tentativa de redenção dos brasileiros do Angra.

Na edição de 2011 do festival, a banda fez neste mesmo Palco Sunset talvez o pior show de sua vida, cheio de problemas técnicos e com uma performance tenebrosa do então vocalista Edu Falaschi – o ápice de uma série de tretas que, pouco depois, levariam à saída do cantor. Naquele momento, a colaboração foi com Tarja Turunen, ex-Nightwish que, coitada, talvez tenha sido a única coisa que se salvou naquele palco. O Angra que chega a este Rock in Rio, quatro anos depois, é bem diferente.

É uma banda mais madura e que, com Fabio Lione na vaga de frontman e com o guitarrista Rafael Bittencourt soltando a voz, lançou um de seus discos mais fortes nos últimos anos. E as participações especiais prometem ser memoráveis. Além do carismático Dee Snider, a voz do Twisted Sister, os caras convocaram a realeza: ninguém menos do que Doro Pesch, conhecida no meio como a RAINHA DO METAL. Um título que esta cantora alemã, com mais de três décadas de carreira, carrega com um pouco de timidez. “Me sinto bastante responsável pelos meus fãs, de qualquer forma”, afirma, um pouco sem jeito, numa entrevista exclusiva ao JUDÃO. “Mas esta coisa de ser Rainha... bom, é uma honra pra mim”.

Doro Pesch

Natural da cidade de Düsseldorf, a vocalista de 51 anos começou os trabalhos no começo da década de 1980, ainda à frente da banda Warlock. Atravessando as fronteiras europeias, conquistou os EUA depois de uma turnê como banda de abertura do Megadeth. A sonoridade do seu metal tradicional, que sempre flertou com o hard rock, lhe garantiu uma carreira sólida mesmo quando partiu para voos solo, com um disco produzido por ninguém menos do que Gene Simmons, que ela ainda descreve como sendo “o melhor produtor que já tive”.

Em Secret Garden, o novo do Angra, ela faz um dueto absolutamente emocional com Rafael na faixa Crushing Room, que obviamente vai se repetir no palco. Mas esconde o jogo quando pergunto que outras músicas vai cantar e se vai rolar, no fim das contas, um momento em que tanto ela quanto Dee vão cantar juntos. “Vamos ver o que mais vai acontecer, não é mesmo?”, responde, com uma piscadinha marota.

Doro sempre foi bastante reservada com relação à sua vida pessoal. Solteira e sem filhos, se recusa a falar de relacionamentos (“sou casada com a minha banda”, afirmou certa vez para o site de fãs Rock Eyez) e raramente é vista badalando na cena roqueira norte-americana, por mais que esteja alternando moradia entre a Alemanha e Nova York desde que recebeu o green card, em 1991. E mesmo que continue sendo uma mulher muito bonita, faz questão de manter uma regra que a segue desde sempre: se tornar reconhecida por seu talento e não pelo visual. Ela acredita que a opção de evitar o rótulo de sex symbol ajudou no reconhecimento que teria anos depois. “Nunca senti nenhum tipo de preconceito”, conta. “Sempre me posicionei como uma cantora e acabei bastante respeitada por meus colegas do sexo masculino”.

Quando começou, há 30 anos, Doro lembra que existiam basicamente nomes como ela, a canadense Lee Aaron, a ex-Runaways Lita Ford e o grupo britânico Girlschool entre as poucas mulheres no mundo do metal. “Agora, temos uma série de mulheres por aí, cantando no palco... e também curtindo na plateia. Eu arrisco dizer que agora os fãs se dividem numa proporção de 50-50. Quando comecei, tinha no máximo uma média de 10% de garotas vendo os shows”.

Como Rainha do Metal, então, ela arrisca dizer quem poderia ser a sua fiel sucessora? Quem poderiam ser as ~PRINCESAS do Metal? “Olha, tem um monte de grandes cantoras nos dias de hoje, sabe? Muito mais do que quando comecei, e isso é ótimo”, tenta se esquivar ela. “Eu tenho um monte de amigas, que cantaram comigo no single conjunto Celebrate, quando comemorei meus 25 anos de carreira. A Floor Jansen (ex-After Forever, atual Nightwish), a Angela Gossow (ex-vocal do Arch Enemy e atual empresária dos caras), a Sabina Classen (do Holy Moses)”. Todas artistas que, em algum momento, já rasgaram elogios para Doro, tratada como pioneira feminina no metal. Mas nada da Srta. Pesch dizer “esta é a futura Rainha do Metal”. Ao invés disso, fica a promessa: “Para ser honesta, quero estar no palco cantando para os meus fãs até o dia em que eles me quiserem e enquanto estiver viva. Então, com certa esperança, digo que estarei por aí por mais uns 30 anos ou mais”, brinca. Cuidado, Doro. Nada de síndrome de Lemmy, hein? Por favor.

Doro Pesch

O último álbum de Doro, Raise Your Fist, saiu em 2012. Tem um próximo a caminho? “Sim, claro que sim”, revela. “Estive em Nova York no mês passado e comecei a trabalhar no disco, ainda sem nome, que deve sair entre janeiro ou fevereiro de 2017. Já tenho três canções matadoras, bem promissoras”. A cantora explica que demorou para começar a se dedicar a este disco justamente por causa das turnês e também por causa de um lançamento especial que chega às lojas em fevereiro de 2016. “É o DVD ao vivo DORO – 30 Years Strong & Proud, que inclui momentos muito especiais como a apresentação do Wacken Open Air em 2013, os shows de aniversário em Düsseldorf e muito mais”.

Além da carreira como cantora, Doro tem experimentado também um projeto paralelo como atriz. “Eu realmente curto atuar”, diz, lembrando que sua primeira oportunidade nos cinemas foi em 2006, como a guerreira Meha na produção suíça Anuk – Der Weg des Kriegers (Anuk – O Caminho do Guerreiro). Trata-se de uma produção épica ambientada no ano 2300 a.C., na qual Anuk vai tentar resgatar suas irmãs das mãos de misteriosos cavaleiros que atacaram seu vilarejo.

Escrito, dirigido e protagonizado por Luke Gasser, ele traz ainda no elenco outro rockstar, Marc Storace, da banda de hard rock suíça Krokus. “No ano passado, nós rodamos ao mesmo tempo as duas continuações, Anuk 2 & 3, filmadas tanto na Suíça quanto na Irlanda. São ótimos filmes, que espero que cheguem às telonas até o ano que vem”, diz.

Foto: André Banyai / Flickr

Doro se derrete de amores pelo nosso país, ao afirmar que o Rock in Rio é, em sua opinião, o maior e melhor festival musical do planeta – e que este sábado será um dos pontos alto de sua carreira. “Eu já estive algumas vezes em seu país maravilhoso e sempre gosto do que vejo”, afirma. “Eu adoro o Brasil e seus habitantes. Os fãs são fantásticos, muito selvagens, bastante entusiasmados”.

Ela revela que, em sua última passagem por aqui, em março de 2014, ganhou uma camiseta da Alemanha e ouviu dos presentes no Carioca Club, onde tocou na cidade de São Paulo, que eles torceriam para a seleção germânica apenas porque ela vinha de lá. Bom... parece que torceram um pouco demais, não é mesmo? “Uau, aquele 7×1, foi duro pra vocês, né?”, diz, com um tantinho de pena. “Me sinto mal pelo Brasil, mas todo mundo há de concordar que a Alemanha jogou o seu melhor futebol naquele dia...e o Brasil o seu pior. E vocês perderam pro atual campeão do mundo. Mas acho que as coisas vão ser diferentes quando os dois times se encontrarem de novo”.

Se a Rainha do Metal disse, quem somos nós pra discordar? :D