A humanidade já teve uma Enterprise na vida real | JUDAO.com.br

Sim, ela realmente existiu e, sim, por conta de Star Trek. Essa é uma das histórias do livro 50 Anos de Jornada nas Estrelas, cuja capa você confere em primeira mão aqui no JUDÃO

Uma boa ideia, sozinha, é apenas isso: uma boa ideia. Grandes histórias, invenções e criações só se tornam realidade com muito trabalho. Só que, quando elas dão certo, o impacto das realizações pode ser grande. Veja, por exemplo, o caso de Gene Roddenberry: ele, nos anos 1960, reimaginou a ficção científica, cruzando o gênero com os faroestes ainda populares naqueles tempos. Nascia Star Trek, que mudou não só a vida de muita gente, mas uma parte do MUNDO também é outra de 1966 pra cá.

Muitas dessas histórias estão reunidas no livro 50 Anos de Jornada nas Estrelas Vol.1 (The Fifty-Year Mission, no original), escrito por Edward Gross e Mark Altman. São relatos de diretores, produtores, atores, consultores, roteiristas, fãs importantes e quadrinistas que, de alguma forma, tiveram contato com esse legado de Roddenberry. O livro sai aqui no Brasil no começo de Setembro, mas você já pode ver, em primeira mão, a capa aqui no JUDÃO.

Uma das histórias presentes no livro é a do ônibus especial Enterprise — sim, uma “nave especial” DE VERDADE com o mesmo nome da NCC-1701, aquela que levou Kirk, Spock, McCoy e toda a tripulação em aventuras pelo espaço.

Jornada nas Estrelas

Tudo rolou no começo dos anos 1970, quando Jornada nas Estrelas era um fenômeno de reprises na TV dos EUA, depois de um começo tímido na década anterior. A NASA estava desenvolvendo o programa SPACE SHUTTLE (ou em PT-BR, ônibus espacial), que tinha como objetivo criar naves espaciais que pudessem ser reutilizadas em diversas missões, diferentemente daquelas de “uso único” do programa Apollo. E a ideia era que o primeiro ônibus se chamasse de Constitution, simplesmente porque seria revelado em 17 de setembro de 1976, o Dia da Constituição dos EUA.

Foi aí que um grupo de fãs da série percebeu a oportunidade: a ~primeira nave espacial da história da humanidade NÃO poderia se chamar outra coisa que nãa Enterprise. Assim, o projeto de tentar convencer o governo dos EUA a renomear o primeiro ônibus espacial caiu nas mãos de Bjo e John Trimble, os mesmos que tinham promovido uma campanha que enviou 1 milhão de cartas para convencer a NBC a renovar a série para a terceira temporada, anos antes.

Foram enviadas cerca de 400 mil cartas para Gerald Ford – o único, ao lado de FRANK UNDERWOOD, a ser presidente dos EUA sem ter recebido um voto sequer, seja para o cargo principal ou para ser vice. Deu certo e, assim, em 17 de setembro de 1976, o Ônibus Espacial Enterprise (OV-101) foi revelado para o mundo em Palmdale, Califórnia, na frente de uma plateia que era composta por boa parte do elenco da série original e pelo próprio Roddenberry.

Dali pra frente, a Enterprise do mundo real passou por diversos testes de estabilidade, voo e estrutura no chamado “Approach and Landing Test”, auxiliando a NASA a entender como uma “nave espacial” poderia se comportar dentro da nossa atmosfera na hora de decolar e pousar. Porém, a agência havia construído a nave apenas para testes e, eventualmente, percebeu que era mais barato fazer um novo ônibus do zero do que capacitar a Enterprise para voos especiais. Dessa forma, ela foi aposentada em 1979.

Enterprise

Só que a jornada da Enterprise não havia acabado: entre 1983 e 84, o ônibus espacial fez um tour pela Europa, visitando países como França e Itália, e pelos EUA. Finalmente, em 1985, o ônibus passou a ser parte do acervo da Smithsonian Institution, em Washington. Assim como a série de TV, a Enterprise da vida real inspirou as próximas gerações a viajarem pelo espaço.

O legado dela também continuou vivo nos ônibus especiais que vieram em seguida. A Columbia (OV-103) foi a primeira a sair da atmosfera da Terra, levando consigo muito do que a NASA tinha aprendido com a Enterprise. Nos anos 80 e 90, o Space Shuttle foi principal programa da agência, avançando muito nas pesquisas científicas – um dos motes da série clássica de Jornada nas Estrelas. Ao total, foram 135 decolagens. O Columbia, por exemplo, passou 300 dias no espaço em seus mais de 22 anos de serviço.

Alguns erros aconteceram, também. Os principais foram as tragédias com o Challenger e o Columbia, respectivamente em 1986 e 2003, matando toda a tripulação dos dois ônibus espaciais. Eventualmente, a NASA percebeu que o havia outra alternativa mais segura e barata para as viagens pelo espaço, encerrando o programa.

Desde 2011, a Enterprise é exibida no Intrepid Sea, Air & Space Museum, em Nova York – que também traz toda uma exposição sobre Star Trek e, claro, a Enterprise da ficção.