Jogo retorna com a principal ausência do F1 2015: o Modo Carreira, que agora permite acelerar por 10 temporadas completas
O principal problema do F1 2015 é a falta de um modo carreira. Empenhada em fazer a primeira versão para a atual geração de consoles totalmente do zero, a Codemasters acabou deixando de fora essa que, pra mim, é a principal função do jogo, que ficou extremamente curto. Você podia brincar de ser Lewis Hamilton ou Fernando Alonso durante um ano mas, acabando a temporada, acabava o jogo. Simples assim.
Passado um pouco mais de um ano, o F1 2016 é lançado hoje (26) oficialmente no Brasil — em versões para XONE, PS3 e PC — e, ULFA!, o Modo Carreira está de volta justamente para preencher essa lacuna, tornando possível ter uma carreira de até dez temporadas na categoria, construindo uma reputação SUA e, quem sabe, levando o seu time ao topo. O que antes era uma diversão de 21 corridas se transforma num épico de 210 GPs.
Tudo começa com o jogador escolhendo o nome e alguns estilos pré-definidos para o rosto e o capacete, além de um número fixo que acompanhará o cara durante toda a carreira (tal qual acontece na F1 atual). Aí é a hora de definir qual time você irá defender – são todos os da atual temporada, incluindo a novata Haas, mas sem qualquer publicidade de bebida alcoólica.
Você pode, claro, definir que irá correr pela Mercedes logo de cara e sair por aí vencendo corridas. Mas essa não é a graça do Modo Carreira, como perceberá em breve. Aliás, por mim, a Codemasters deveria ter travado os times iniciais para o jogador, tornando possível selecionar apenas os mais lentos. Lembra no Super Monaco GP, quando todo mundo começava pela MINARAE? Então.
A viagem pelo mundo então começa. A temporada compreende todos os 21 circuitos atuais da categoria, inclusive o estreante GP da Europa, no Azerbaijão, e com o retorno da pista de Hockenheim. Porém, não é só esperar as luzes vermelhas apagarem para sair acelerando. Ser piloto “de verdade” é muito mais responsabilidade.
Os treinos livres serão seus melhores amigos. Afinal, além de precisar conhecer cada curva, há uma série de testes e metas estabelecidos pelo time. Como na vida real, isso ajuda os mecânicos e engenheiros a compreenderem mais o carro e evoluírem os componentes, a diferença é que o F1 2016 transforma isso em um “joguinho dentro do jogo”: a cada tarefa concluída, volta completada e vitória conquistada, você ganha pontos que, depois, são “trocados” por avanços no carro. Há também o impacto do time: equipes com mais grana conseguem evoluir o BÓLIDO com mais velocidade.
Não é a única coisa da mundo real que o F1 2016 transforma em uma parte do game. As rivalidades do grid, contra o companheiro de equipe ou aquele piloto de outro time que você superou na corrida anterior, viram um sistema de pontos, com o vencedor sendo declarado quem atingir 30 pontos primeiro. A própria avaliação do piloto pela equipe é também um jogo de pontos, sendo que a meta é sempre estar dentro das expectativas dos dirigentes.
Treino feito, dados coletados, acerto definido... Aí sim é hora de acelerar na classificação, dar o melhor de si e ir pra corrida. Os GPs podem ter a partir de cinco voltas, mas o ideal é, mesmo, escolher no mínimo 25% da duração de uma corrida normal – o que vai durar cerca de meia hora, com ao menos uma parada nos boxes, com os erros e acertos da vida real te perseguindo. Em uma das corridas que fiz, fiquei sem a sexta marcha nas últimas voltas, o que me fez perder rendimento. Em outra, eu exagerei na agressividade e meu pneu dianteiro esquerdo estourou na última volta, me fazendo cair de primeiro para 11º.
Você pode escolher: ou batalhar pra colocar a equipe no topo, ou se destacar pra receber um convite para defender Ferrari, Mercedes ou Red Bull
Se tudo der certo e você for um piloto no mínimo bom, duas alternativas de desenvolvimento de carreira vão surgir. Uma delas é evoluir com o carro de seu próprio time, levando uma equipe que hoje não luta por vitórias a disputar roda a roda com as Mercedes (que, sim, também lideram o jogo com folga), OU se destacar entre os outros pilotos, recebendo o convite de um time concorrente que tenha, no momento, um conjunto melhor — o que, óbvio, vai depender do nível de dificuldade que você escolher.
O mais fácil e o nível médio ficam na medida para quem tem controle normal (que não permite ser muito refinado no estilo de pilotagem), já que tem aquela linha ideal que indicam quando acelerar e frear, além de auxílios de frenagem, controle de tração, câmbio automático, acertos pré-definidos... A novidade do F1 2016 é que, se você quiser, pode fazer uma largada manual, assim como ter total controle da velocidade nos pits – e isso pode ser escolhido em qualquer grau de dificuldade — sem falar que o engenheiro sempre estará disponível para informar a melhor estratégia de corrida, além de diversos acertos pré-definidos prontinhos pra você.
Agora, se você quiser arriscar, é possível jogar sem qualquer auxílio. Aí, cara, o negócio fica assustadoramente REAL: qualquer toque mais brusco no acelerador vai te jogar longe, se você frear muito forte as rodas vão travar e toda a física do F1 2016 vai estar presente. O F1 se tornará um bicho arredio e, nesse caso, só um bom volante e uma pedaleira vão te ajudar a domá-lo.
E assim o jogo vai se prolongar pelas 10 temporadas e 210 GPs – uma carreira de respeito na categoria. Você poderá ser campeão mundial algumas vezes, ajudar um time como a McLaren ou a Ferrari voltar ao topo, ver se consegue levar a Renault para, ao menos, o meio do grid e assim vai. Não falta tempo para ter diversos objetivos dentro da mesma carreira.
De resto, o F1 2016 é quase que um copy / paste do F1 2015. As animações e gráficos são muito parecidos, seja nos acertos (quando você está dentro do cockpit é tudo lindo) ou nos erros (os rostos dos pilotos ainda são horríveis e há alguns gráficos bugados na paisagem, por exemplo). Parece que todo o time de desenvolvimento focou em colocar o Modo Carreira e deixou todo o resto meio que de lado.
Por “resto”, entenda a possibilidade de fazer voltas rápidas em todas as pistas do campeonato, o “Corrida Rápida”, que permite fazer uma corrida onde quiser, com a duração que quiser e com o carro que quiser, um Modo Online e, por fim, o modo Temporada de Campeonato. Nesse último, você escolhe “ser” um dos 22 pilotos do grid para ver se consegue se destacar na temporada 2016 da F1. Não há a opção de evoluir os carros, aprovação da equipe ou rivalidades, mas dá pra brincar bastante.
Uma novidade, nesses diversos modos, é a opção de escolher o momento do dia no qual você quer correr. Pode ser dentro do horário oficial, ou ainda de manhã, no CREPÚSCULO... Se a pista tiver iluminação artificial, como a de Singapura, também dá para escolher o começo da noite ou a madrugada.
A dublagem é praticamente a mesma do F1 2015 – inclusive deixaram passar uma ou outra citação à equipe Lotus, que este ano voltou a se chamar Renault. Ao invés de simplesmente colocar outras vozes para repetir as falas da dupla que faz as transmissões das corridas reais no canal britânico Sky Sports, David Croft e Anthony Davidson (esse último praticamente morto na versão PT-BR), talvez fizesse mais sentido ter uma localização total, com narrador e comentarista brasileiro – e é algo que estamos falando desde o ano passado. Há também falta de sincronismo entre as falas e a movimentação na boca de engenheiros e da empresária, o que irrita bastante.
Que importa é que a galera da Codemasters fez bem a lição de casa e tentou, na medida do possível, corrigir o grande problema da versão passada. Que venha agora 2017 com novas correções... Uma hora vai. :P