Filmes que não parecem, mas são sim adaptações de histórias do Stephen King | JUDAO.com.br

Campeão de adaptações em Hollywood, o premiado escritor do Maine que completa 70 anos esse mês tem tantas obras convertidas para cinema e TV que tem algumas que a gente até esquece que são inspiradas em seus textos — incluindo um dos melhores exemplares da Sétima Arte em todos os tempos

Era de esperar que uma fabriqueta de filmes como aquela que funciona na Califórnia fosse absolutamente obcecada pela possibilidade de sucesso garantido que é a adaptação de uma obra do escritor que já vendeu mais de 350 milhões de cópias em todo o mundo. Justamente por isso, e obviamente independente do resultado final (que pode e varia BASTANTE) é que Hollywood já produziu mais de SESSENTA filmes baseados nos livros de Stephen King desde Carrie – A Estranha, de 1976.

Até pelo histórico sobrenatural de grande parte obra de King, é inevitável que a gente associe de imediato o cara aos filmes de suspense/terror/fantasia como O Iluminado, Cemitério Maldito, O Enigma de Outro Mundo e mesmo os recentes It: A Coisa e A Torre Negra.

Mas tem muito mais coisa no mundinho do cinema surgido da cabeça no titio Stephen — e umas até que a gente até esquece que vieram dos livros dele. Tem outras que a gente nem sequer imagina que têm o dedo do sujeito, aliás.

Pra começar esta semana temática dedicada ao autor, que completa 70 anos no próximo dia 21 e obviamente por conta da estreia da nova versão de um palhaço chamado Pennywise nessa quinta (7), o JUDÃO selecionou alguns filmes que, sim, são Stephen King, mas não, não são aquele Stephen King que você imaginaria de imediato.

Preparada pra maratona? :)

Conta Comigo (1986)

Baseado em uma história chamada O Corpo, originalmente publicada no livro Quatro Estações (1982), o filme que é de longe a maior “inspiração” para Stranger Things também é, de acordo com o próprio King, a sua adaptação cinematográfica favorita até o momento. Em entrevista pra Rolling Stone, o autor afirmou que acha que é muito fiel ao livro, justamente por ter as muitas sutilezas emocionais da história. “Rob Reiner me mostrou o filme numa sala de projeção no Beverly Hills Hotel. Quando acabou, eu o abracei porque estava chorando. É muito autobiográfico”.

O Sobrevivente (1987)

A obra original é O Concorrente, também de 1982, publicada sob o pseudônimo Richard Bachman. E não poderia, de fato, ser mais atual: ambientado em 2017 (OLHA LÁ), trata-se de uma trama futurista ao redor de um reality show no qual criminosos sentenciados lutam por suas vidas como gladiadores modernos em um circuito repleto de ameaças que podem, DE FATO, matá-los. É daquelas pequenas pérolas oitentistas com Arnold Schwarzenegger que com absoluta certeza a gente se lembra de ter visto na Sessão da Tarde ou algo assim, mas que acabam se perdendo em meio aos Predadores e Exterminadores do Futuro da vida.

O Passageiro do Futuro (1992)

Uma história de ficção científica, publicada originalmente em 1975 na revista masculina Cavalier e que depois acabou no livro de contos Sombras da Noite (1978). Só que King ficou tão puto da vida com o resultado, que afirma publicamente ter pouquíssimo a ver com sua obra original, processou os produtores e pediu para que seu nome não fosse usado em rigorosamente nada da campanha de venda do filme, sobre um cientista que usa um deficiente mental como cobaia em uma experiência de realidade virtual, aumentando incrivelmente sua capacidade de raciocínio.

Um Sonho de Liberdade (1994)

“Eu tava no supermercado e veio uma senhorinha falar comigo, daquelas que falam tudo que vem na cabeça”, contou King, em entrevista a ninguém menos do que Neil Gaiman, pra uma edição do Sunday Times. “E ela disse ‘eu sei quem é você, o escritor de terror. Eu não leio nada do que você faz, mas respeito seu direito de fazer. Mas eu gosto de coisas mais genuínas, como Um Sonho de Liberdade’. E eu disse ‘mas eu escrevi isso’. E ela disse ‘não, não escreveu’. E saiu andando”. Mas a gente te entende, senhora, juro. Só que King escreveu mesmo, também como parte do livro Quatro Estações, numa história originalmente batizada de Rita Hayworth e a redenção de Shawshank. Pois é, um dos melhores filmes da história do cinema é baseado na obra de Stephen King. Conviva com isso.

À Espera de um Milagre (1998)

Originalmente lançado em seis volumes, com o título de O Corredor da Morte (e rebatizado aqui no BR para se adequar ao título do filme). As memórias de Paul Edgecombe, chefe da guarda penitenciária, e sua relação com o misterioso prisioneiro John Coffey, têm um tom delicado e emocional, naturalmente diferente do que se espera de King, ainda que exista aí uma espécie de elemento mágico... De alguma forma, até pelo tema “cadeia”, À Espera de um Milagre e Um Sonho de Liberdade parecem estar ainda mais conectados do que todo o restante da obra do escritor — que, segundo consta, está praticamente toda interligada.

O Aprendiz (1999)

Outra história egressa de Quatro Estações, ali sob o nome Aluno Inteligente. Talvez seja um dos trabalhos mais subestimados de Bryan Singer, que depois do ótimo Os Suspeitos, parece ser apenas eternamente lembrado por seus mandos e desmandos com os X-Men nos cinemas. Mas aqui ele manda bem demais na história intimista de um moleque que descobre que um antigo criminoso de guerra nazista (Ian McKellen, fantástico), se esconde em seu bairro. Mas, ao invés de expor o velhinho, o garoto promete manter o segredo em troca de relatos detalhados de histórias sobre o Holocausto. É o tipo de trabalho que talvez Singer devesse rever pra lembrar do que um dia foi capaz de fazer.

Lembranças de um Verão (2001)

Adaptação de Corações na Atlântida, de 1999, e que, dizem, deve ter uma ooooooutra versão em breve – batizada apenas de Hearts e sob comando do britânico Johannes Roberts (Floresta dos Condenados). De qualquer maneira, este filme simpático com Anthony Hopkins buscou inspiração em dois dos três contos da coleção, que ainda compila mais duas novelas, para contar a história de Robert Garfield, o Bobby, que depois da perda de um amigo começa o passado e vai parar na época em que tinha 11 anos de idade e pintou em sua vida um senhor ao mesmo tempo terno e misterioso de nome Ted Brautigan, que o ensina a enxergar de outro jeito a sua relação com o pai falecido.

Janela Secreta (2004)

Baseado em uma das histórias publicadas no livro Depois da Meia-Noite, de 1990 — no caso, a inspiração veio de Janela Secreta, Jardim Secreto, no qual mais uma vez King retrata a si mesmo. Seu alter-ego aqui é Mort Rainey, bem-sucedido escritor do Maine que, em meio a uma reclusão para combater o bloqueio criativo depois de descobrir que está sendo traído pela mulher, acaba sendo confrontado por um homem do Mississippi chamado John Shooter, que afirma que o autor teria plagiado uma história que ele escreveu. E quer ver o mais surpreendente? Johnny Depp não está no piloto automático de seu agora eterno modo Jack Sparrow.