Finalmente a DC tem a Superwoman definitiva | JUDAO.com.br

Depois de diversas versões de universos paralelos, de pouca expressão ou simplesmente efêmeras, agora temos uma SUPERMULHER que chega estrelando um gibi próprio – pena, apenas, que não é escrita por uma mulher

Por diversos motivos, o Superman dos Novos 52, daquele reboot feito em 2011, não funcionou. Não cabe aqui ficar listando os motivos, mas não se pode culpar a DC por não tentar resolver o problema – eles exploraram o relacionamento do herói com a Mulher-Maravilha, revelaram a verdadeira identidade secreta do cara, diminuíram os poderes e fizeram o sujeito usar (mais uma vez) calça jeans... Não rolou. Era hora, então, de matá-lo.

E aí a editora pegou os limões e fez uma limonada. Além de retornar com o Superman pré-reboot, aquela versão mais clássica e que todo mundo conhece (só que agora com um filho), a editora percebeu que era hora de expandir os conceitos do Homem de Aço para novos heróis, mais representativos. Colocou Lex Luthor como um novo Superman, com ideias dignas dos eleitores do Trump (e isso não é, veja bem, uma crítica), e ainda botou um chinês para ser o Super-Man que este novo mundo merece. Só que não parou aí.

No final do arco The Final Days of Superman, quando o Azulão explode e se transforma em uma Super Nova, duas personagens estavam próximas o suficiente para terem as vidas alteradas para sempre: Lana Lang e Lois Lane. A dupla de “LLs” da vida de Clark Kent acaba absorvendo os poderes do herói tombado.

Superwoman #1A Lois, como já estava claro nas imagens de divulgação do Rebirth, percebe que tem um dever com essas poderes, até porque foi ela que fodeu a vida do Clark Kent ao revelar que ele era o Superman. Assim, ela assume o nome de Superwoman – um título que não é inédito na DC, mas que, pela primeira vez, parece integrar de forma definitiva o principal universo da editora.

Pra você ter uma ideia, a primeira vez que a Lois Lane usou esse título foi em Action Comics #63, de 1943. O conceito apareceu diversas outras vezes (inclusive, foi homenageado pelo Grant Morrison em All-Star Superman), mas era sempre algo temporário, um feitiço ou uma realidade alternativa. Existiu também uma versão da Terra 3, totalmente maligna, entre outras diversas – incluindo aí uma que era a Lucy Lane, a irmã da Lois.

Só que agora, mais do que nunca, a nova Superwoman se coloca não como um PASTICHE do Homem de Aço, uma simples versão feminina ou qualquer coisa assim. Ela faz parte de um contexto maior, que tenta ganhar vida própria num Universo DC que tem espaço para outros três Supermen. É, de certa forma, o caminho que a Marvel está seguindo, utilizando marcas de sucesso para aumentar a diversidade do elenco de herói.

A parte ruim é que a nova Superwoman lembra – e muito – a Miss Marvel original. Veja: ambas ganharam superpoderes a partir do ~amado, e agora tentam manter vivo o legado dele, que já morreu.

Ainda assim, Lois Lane tem suas qualidades únicas. Publicado na última semana, Superwoman #1, escrito por Phil Jimenez e desenhado pelo próprio Jimenez e por Matt Santorelli, tenta explorar mais a principal característica da nova heroína: a vida de repórter. Além disso, aposta no relacionamento dela com a Lana Lang, a nova e (antes) improvável amiga — agora juntas nessa aventura de proteger Metrópolis.

Lana, que terá MUITA importância no gibi, também é uma personagem interessante. Ela vive essa dualidade de ser a “garota da fazenda”, uma engenheira fodástica e que, agora, também entra nessa vida de televisão e imprensa – e ainda tem que se preocupar com a cidade. Multitarefa, como qualquer mulher.

Phil Jimenez manda bem nessa primeira edição, mas falta ALGO — que talvez viesse com uma mulher roteirista.

Talvez falte apenas algum tempero a mais aí, algo para aproximar as protagonistas um pouco mais dos leitores e, PRINCIPALMENTE, das leitoras. Talvez essa tarefa tivesse ficado mais fácil se a editora tivesse colocado uma mulher escrevendo, da mesma forma que colocaram um descendente de chineses para cuidar do Super-Man. Ainda assim, Phil Jimenez tem crédito; uma edição ainda é pouco pra fazer um julgamento definitivo e isso pode aparecer mais claramente nos próximos números.

Superwoman #1 deixa um caminho interessante pela frente. Se for bem aproveitada, pode representar mais uma grande heroína para a DC. Se errarem a mão, será, infelizmente, mais uma oportunidade perdida. Só o futuro irá dizer...