A Freira tá solta! | JUDAO.com.br
7 de setembro de 2018
Resenha

A Freira tá solta!

Quinto filme da franquia Invocação do Mal traz a origem dessa personagem LEGAL DEMAIS de um jeito nada inovador, mas muito atraente.

Invocação do Mal e suas histórias paralelas funcionam porque sabem muito bem usar seus personagens. Suas personalidades (às vezes meio exageradas) são bem aproveitadas e os demônios e fantasmas são representados de maneiras interessantes. Foi JUSTAMENTE o que aconteceu quando, no segundo filme, o público AMOU a representação da entidade Valak no corpo de uma freira de olhar SINISTRÍSSIMO. Sem perder tempo, um spin-off dela foi anunciado e, agora, podemos acompanhar a história da origem desse que é um dos mais legais da nova leva de BICHÕES do cinema.

Começamos assim: há muito tempo, muito antes de TODOS os eventos contados nas outras obras dessa franquia, uma freira comete suicídio em um convento ESTRANHÃO da Romênia. Duas pessoas, padre Burke (Demián Bichir) e a noviça Irene (Taissa Farmiga), então, são convocados pelo Vaticano pra ir visitar o local, conversar com quem mora por lá e ver QUALÉ. E é daí que partimos.

As atuações flutuam um pouco, é verdade, especialmente a do personagem mais irritante ali, o Frenchie (Jonas Bloquet); as coisas demoram a engatar, com alguns momentos de alívio cômico meio forçados e que não se encaixam NADA bem ali. No entanto, foi uma ótima ideia investir no suspense de verdade que envolve os acontecimentos estranhos e diminuir a dose do TERRORZÃO de pulos de susto.

Mas vamos falar sobre a criatura que dá nome ao filme? Vamos!

A tal da freira – que sempre chamei carinhosamente de FREIRA DIABA – surgiu, segundo o diretor, de uma conversa REAL que teve com a demonologista Lorraine Warren. Ela contou sobre uma entidade que a assombrou durante um tempo, o demônio Valak, e ele resolveu inserí-lo em Invocação do Mal 2 como uma representação de algo que abalasse a fé cristã da protagonista. “Algo que ameaçasse a segurança que sentia com o seu marido, sabe? Foi assim que a ideia de usar essa imagem sagrada muito icônica apareceu na minha cabeça.”

E, ó: deu certo. Desde a sua primeira aparição, a freira possuída impõe respeito, pra dizer o mínimo. Ela faz com que aquela abadia pareça completamente fora dos conceitos. Suas chegadas são sempre triunfais, em câmera baixa (ou contra-plongée, caso prefira) e as músicas escolhidas para acompanhá-la são a cereja no topo do bolo, com um coral de vozes GRAVÍSSIMAS. De fazer a gente se ajeitar na cadeira, até.

Seus ataques e feições animalescas colocadas em um corpo vestindo um hábito religioso arrematam o tom maniqueísta da narrativa. Não há COMO não vê-la como a representação do mal absoluto que precisa ser parada. Isso, então, contribui pro TANTO que a gente torce pra que Burke e Irene consigam logo deter aquele bicho, mesmo sabendo que, pela linha do tempo da franquia, ela aparecerá novamente alguns anos mais tarde.

E apesar de todo o peso da tensão, o longa não deixa de cumprir o seu papel de filme pipoca. É divertido de ver, com clichês bem usados, alguns sustinhos e um final satisfatório que indica sua ligação ao universo de Invocação e desperta aquele pensamento de “Ahhh! Então é por isso!”. Nas palavras Silvio Santos, que também andou fazendo pegadinhas promocionais do filme: Bem bolado, bem bolado.