HQs para ler DEPOIS de ver Batman vs. Superman | JUDAO.com.br

Elas vão te fazer ADENTRAR no universo do Cruzado de Capa e do Último Filho de Krypton ;)

SPOILER! Batman vs. Superman: A Origem da Justiça já está entre nós. E conseguiu dividir as pessoas. Não exatamente entre #Batman e #Superman, mas entre aqueles que curtiram o que viram na telona e aqueles que não curtiram o filme. Mas, o que ninguém nega é que a história é cheia de referências, inspirações e sacadas dos quadrinhos.

Que tal, então, aproveitar essas referências e mergulhar em todas essas histórias? Isso incluindo spoilers tanto do filme quanto dos gibis.

Não NECESSARIAMENTE são todas boas histórias, mas... ¯\_(ツ)_/¯

!! Crise nas Infinitas Terras
Começando pelo maior clássico da história da DC Comics, escrito por Marv Wolfman, co-escrito e desenhado por George Pérez e publicado em 12 partes entre 1985 e 1986.

Décadas de diferentes versões dos mesmos personagens dentro das revistas da editora resultaram em um enorme e confuso Multiverso, com inúmeras Terras que tornavam praticamente impossível a chegada de novos leitores. Afinal, era meio difícil pros novatinhos entenderem qual Flash você estava lendo, ou se aquele Superman era o mais velho ou o mais novo, o que tornava a cronologia da DC Comics algo só para os leitores de longa data. Por isso, a editora promoveu a famosa Crise nas Infinitas Terras, que acabou com o Multiverso e estabeleceu uma única Terra, que incluía seus principais personagens com uma cronologia única e coesa.

O grande vilão da HQ era o Anti-Monitor, que em certo momento sequestrou o Flash por conta da capacidade do velocista de viajar entre os diferentes universos. Porém, Barry Allen se liberta e corre para evitar que um grande canhão de antimatéria seja usado pelo vilão. Antes de destruir a arma – e de se sacrificar no processo – o Flash consegue voltar no tempo, avisando o Batman sobre o perigo que estava por vir.

A cena do Flash em Batman vs. Superman é claramente inspirada nesse trecho de Crise (não a que está nos arquivos enviados pelo Batman à Mulher-Maravilha, óbvio).

Flash

!! O Homem de Aço
Após a Crise nas Infinitas Terras, a DC chamou John Byrne – com grandes passagens por X-Men e Quarteto Fantástico na Marvel – pra criar uma nova origem para o Superman. Assim surgiu a minissérie O Homem de Aço, publicada em 1986.

Byrne foi responsável por trazer uma visão menos poderosa e mais humana para o Azulão, que tinha poucas referências de Krypton (que, agora, era um planeta inóspito) e com os pais adotivos ainda vivos na época em que começa a atuar como Superman. O quadrinista também trouxe uma versão mais atual para a Lois Lane, tornando a repórter mais decidida e menos dependente do Homem de Aço, e introduziu um Lex Luthor que deixou de ser um cientista maluco e se tornou um rico empresário que odeia o Superman por tirar dele o protagonismo de Metrópolis.

É justamente na edição 3 que o Superman fica sabendo sobre o vigilante que se veste de morcego em Gotham, indo até lá pra tirar satisfação. Apesar do estranhamento inicial, os dois heróis são obrigados a trabalhar juntos para evitar que a vilã Magpie exploda vários locais da cidade, matando inocentes.

Uma das sacadas de O Homem de Aço foi ter estabelecido que Batman e Superman não aceitam muito bem como o outro trabalha, criando uma amizade na qual, em certos momentos, saem algumas faíscas. Afinal, mais do que uma briga de socos ou de egos, ambos possuem diferenças no modo de ver e interpretar o mundo ao redor.

Batman conhece Superman

Batman conhece Superman

!! Lendas
Com um novo universo estabelecido, a DC precisava introduzir uma nova Liga da Justiça. Para a missão, foram chamados os roteiristas John Ostrander e Len Wein, além do artista John Byrne, que produziram a minissérie Lendas – publicada nos EUA entre 1986 e 1987.

Na saga, Darkseid envia para a Terra o Glorioso Godfrey, que, se passando pelo terráqueo G. Gordon Godfrey, faz inflados discursos contra os super-heróis dos EUA – turbinados pelo seu poder de controlar as mentes das pessoas apenas com a voz. Ao mesmo tempo, o Senhor de Apokolips ataca (e derrota) a versão anterior da Liga, que tinha sede em Detroit.

Com os heróis também manipulados para aparecerem terroristas e execrados pela opinião pública, o presidente Ronald Reagan declara Lei Marcial e o Departamento de Defesa, comandado por Amanda Waller, ativa a chamada Força-Tarefa X, também conhecida como Esquadrão Suicida. Caberia ao grupo, totalmente formado por vilões controlados pelo governo, a tentativa de manter a ordem.

Mas quem resolve mesmo a treta é o Senhor Destino, que reúne um grupo formado por Superman, Batman, Capitão Marvel, Lanterna Verde (Guy Gardner), Canário Negro, Mutano, Flash e Besouro Azul para desmascarar Godfrey. No meio da luta se juntam ao grupo o Caçador de Marte e a Mulher-Maravilha, que, até então, não tinha se revelado ao mundo do patriarcado.

Com os ASSECLAS de Darkseid derrotados, os heróis (menos Superman, Flash, Mulher-Maravilha e Mutano) formam uma nova versão da Liga da Justiça.

Lendas

!! Batman: Uma Morte em Família
Dick Grayson, o primeiro Robin, havia saído da sombra do Morcego desde o começo dos anos 1980, quando foi viver em Nova York e se tornou líder dos Novos Titãs. Eventualmente ele assumiu a identidade de Asa Noturna e o Batman encontrou no jovem órfão Jason Todd um novo Robin. Porém, o novo personagem, que adorava peitar o Homem-Morcego, não agradou muito.

Quando Frank Miller introduziu em O Cavaleiro das Trevas que Jason Todd havia PERECIDO anos antes – motivando a primeira aposentadoria do Batman – o desejo dos leitores em ver a morte do segundo Robin foi crescendo. Agora, será que a DC deveria introduzir um acontecimento tão traumático à cronologia oficial da editora? Melhor deixar que os leitores decidam! ;)

Assim, entre as edições 426 e 429 da revista Batman (publicadas entre dezembro e janeiro de 1989) foi publicada a saga Uma Morte em Família, na qual Jason descobre informações que poderiam levá-lo ao paradeiro da mãe, que, ao contrário do que ele imaginava, ainda estava viva.

Eventualmente, Jason encontra a mãe, Sheila Haywood, que estava envolvida com o Coringa. Só que ela entrega o próprio filho para o vilão, que o espanca com uma barra de ferro. Em seguida, o PALHAÇO DO CRIME ainda explode o galpão no qual estavam mãe e filho, terminando a vingança. Foi aí que entrou a decisão dos leitores: por meio de um número 0800, eles escolheriam se Jason sobreviveria ou não à explosão. E eles decidiram pela morte de Jason.

Revoltado, o Batman assume que chegou a hora de matar o Coringa, mas o vilão consegue garantir uma imunidade diplomática como embaixador de um país árabe e a sua morte resultaria num grande conflito internacional. Pra evitar uma cagada ainda maior, o Superman aparece para conter o amigo no papo — só pra levar um SOCO NA CARA do Homem-Morcego. Por sorte, o Azulão vira o rosto, evitando que o Batman quebrasse a mão.

A partir daí, Bruce Wayne passou a ter um mausoléu ao Jason Todd na Batcaverna, com o uniforme de Robin, da mesma forma que retratado em O Cavaleiro das Trevas.

Robin

!! A Morte do Superman
A Morte do Superman é uma das grandes inspirações de Batman vs. Superman, apesar de não ter GOZADO de muitos comentários antes do lançamento do filme, até pra não entregar o final da adaptação.

Tudo começou em 1992, quando os editores e roteiristas da DC preparavam terreno para o casamento do século, entre Clark Kent e Lois Lane. A repórter sabia toda a verdade sobre o colega de trabalho, eles estavam noivos e o casamento já estava sendo preparado. Só que, na mesma época, a série de TV Lois & Clark: The New Adventures of Superman começou a ser produzida para o canal ABC – e surgiu a ideia de quadrinhos e televisão casarem os dois personagens ao mesmo tempo. Como a versão live action ainda levaria um bom tempo para desenvolver a relação do casal antes do MATRIMÔNIO, o pessoal da editora precisava pensar em uma boa desculpa para o Clark enrolar a Lois até lá. E foi aí que surgiu a ideia de matar o Azulão...

A Morte do Superman começa nas páginas de Justice League of America #69, quando um misterioso vilão surge e, com um braço amarrado nas costas e com o corpo totalmente coberto por um estranho uniforme, derrota o time. Rapidamente toda a responsabilidade de derrotar o inimigo, que é chamado de Apocalypse (Doomsday, no original) pelo Gladiador Dourado, cai nas costas do Homem de Aço.

A inexplicável luta entre os dois (Apocalypse não possui qualquer motivação clara além de destruir tudo e matar a todos) chega até Metrópolis. Apesar de possuir visão de calor e voar, o Supinho reduz a batalha a uma grande troca de socos, até que os dois caem mortos em Superman #75. Lois Lane, que assistiu a tudo de um helicóptero do Planeta Diário enquanto cobria a luta, chora com o amado nos braços.

Depois, a história seria continuada em mais dois arcos: Funeral para um Amigo e O Retorno do Superman, publicados até outubro de 1993.

Morte do Superman

!! Super-Homem vs. Apocalypse
Um dos grandes problemas de A Morte do Superman é que não há uma explicação para o modo de agir do Apocalypse. A DC rentou resolver isso na minissérie Superman/Doomsday: Hunter/Prey, desenhada e escrita por Dan Jurgens e publicada nos EUA em 1994 — que, no Brasil, ganhou o nome de Super-Homem vs. Apocalypse: A Revanche.

Depois de vagar um tempo pelo espaço, o vilão que matou o Superman chega em Apokolips, causando grande destruição ao mundo de Darkseid. Desaad manda o monstrengo para Calaton, o primeiro lugar no qual o vilão foi derrotado e aprisionado naquela estranha roupa de contenção vista no início de A Morte do Superman. Porém, Radiant, o herói local, não consegue mais superar os poderes do Apocalypse e é derrotado.

Com a ajuda de uma Caixa Materna e do herói CRONAL Tempus, Superman reencontra o seu assassino com um novo uniforme (que protege mais o seu corpo) e novas armas (como uma espada!). Na HQ, Kal-El também descobre que o Apocalypse é, na realidade, fruto da engenharia genética de Krypton, um monstro criado a partir de clones de um bebê que foi morto por seres BESTIAIS. Por conta disso, o Apocalypse tem a capacidade de se regenerar e, a cada derrota, volta ainda mais forte. A origem também explica o motivo de tanto ódio pelo Homem de Aço: ele representa a raça kryptoniana, aquela que o fez sofrer inúmeras vezes.

Por sorte, o Superman também estava mais forte. Após deixar o vilão desacordado, ele pede que a Caixa Materna o leve para o único lugar no qual ele pode ser derrotado. Os dois viajam até o fim dos tempos, onde o Azulão joga a obra da engenharia genética de Krypton na única força que é impossível de ser superada: a entropia.

Superman ganhou um novo visual, mas apenas pra essa HQ

Superman ganhou um novo visual, mas apenas pra essa HQ

!! Justice League (2011) #1-6
Em 2011 a DC efetivamente deixou de lado o Universo DC criado após Crise nas Infinitas Terras e fez um novo começo, chamado de Os Novos 52. Nessa nova cronologia a Liga da Justiça surgiu há cinco anos, em história escrita por Geoff Johns, desenhada por Jim Lee e publicada nas seis primeiras edições da nova revista Justice League.

Na HQ, o Batman dá de cara com os Parademônios agindo em Gotham – os mesmos que atraem o Lanterna Verde (Hal Jordan) para a cidade do Morcegoman. Após um estranhamento inicial, os dois heróis seguem as pistas dos asseclas do misterioso Darkseid até Metrópolis – apenas para serem confrontados pelo Superman. O Cavaleiro das Trevas e o Homem de Aço tretam, claro, mas eventualmente se entendem e se juntam ao time que, além dos três, é formado por Mulher-Maravilha, Aquaman, Cyborg e Flash.

Apesar do primeiro arco de razoável para ruim, a Liga escrita por Geoff Johns e desenhada por Jim Lee introduziu uma versão do time na qual seus integrantes estão sempre se desentendendo. Algumas edições depois – e com uma qualidade melhor de roteiro – o gibi foi responsável por juntar Kal-El e Diana Prince num supercasal.

Justice League #1

!! O Reino do Amanhã
Este é um dos maiores clássicos da história da DC, com um roteiro incrível de Mark Waid e a arte sensacional de Alex Ross. A graphic novel de quatro partes foi publicada em 1996 e, junto com Crise nas Infinitas Terras, é a leitura de cabeceira obrigatória para qualquer um que quer conhecer os heróis DC.

O Reino do Amanhã se passa em um futuro fora da cronologia oficial da editora, apesar de referenciar diretamente fatos, acontecimentos e personagens conhecidos do Universo DC. Tudo começa quando a Mulher-Maravilha vai até a Fortaleza da Solidão reencontrar o Superman, que vive em exílio desde que a Lois Lane foi morta pelo Coringa, avisando que o herói Magog destruiu todo o estado do Kansas ao dividir, sem querer, o Capitão Átomo durante uma batalha contra o Parasita. O desastre mata milhares de pessoas e acaba com uma das áreas mais produtivas dos EUA – e o estado onde cresceu Clark Kent.

O Homem de Aço percebe que é hora de abandonar a solidão e exercer uma liderança no mundo, dominado por uma nova geração de meta-humanos que vivem grandiosas batalhas e que não possuem muitas diferenças entre heróis e vilões. Dessa forma, ele restabelece a Liga da Justiça, formada basicamente por heróis da velha guarda, que bate de frente com a equipe de Magog, o Batalhão da Justiça.

Mas nem todos ficam contentes com esse retorno. Um deles é o Batman, que nunca aceitou o fato do Homem de Aço ter abandonado a humanidade dez anos antes e que acredita que essa visão idealista do velho amigo está ultrapassada, sem lugar no mundo moderno. Com alguns herdeiros de antigos parceiros e com veteranos como Arqueiro Verde e Besouro Azul, o Morcegoman recria os Renegados e passa a agir.

O Reino do Amanhã

Essa disputa abre caminho para Lex Luthor, que reúne diversos meta-humanos e vilões como Mulher-Gato, Charada, Vandal Savage e Ibn al Xu’ffasch (filho de Bruce Wayne com Talia al Ghul) no grupo chamado Frente de Libertação da Humanidade, que quer acabar com os meta-humanos da Terra — e que fecha um ACORDO DE COLABORAÇÃO com os Renegados. Secretamente, Luthor e seu grupo querem dominar o planeta.

Os planos do Superman e da Liga da Justiça falham: a maioria dos meta-humanos mais jovens não aceitam os termos do Azulão e acabam presos em um enorme Gulag. Luthor age ao lado de Bruce Wayne, buscando EXARCERBAR o conflito. Só que nem tudo é perfeito na união dos dois: o Batman descobre que a Frente de Libertação da Humanidade tem Billy Batson, o Capitão Marvel, secretamente sob controle mental. Sim, este é único herói que consegue rivalizar os poderes do Homem de Aço...

Quando uma grande rebelião estoura no Gulag, o Superman vai até a Batcaverna buscar apoio do Batman. Bruce Wayne se nega a ajudar, afirmando que é melhor que os super-humanos de destruam entre si do que deixá-los acabar com toda a Terra. “Tirar vidas humanas... ou super-humanas... deliberadamente... vai contra tudo em que acreditamos”, diz o Azulão. “Essa é a única coisa que sempre tivemos em comum! E o que fez de nós quem somos! Mais do que qualquer um do mundo, quando você tira tudo do Batman sobra alguém que não quer mortes!”.

Bruce respira muito, pensa. E dá a dica: o Capitão Marvel está indo para o Gulag, e matará a todos. Superman sai de cena, indo ajudar a Mulher-Maravilha e o resto da Liga.

A luta que se segue é épica, com a inconfundível arte de Alex Ross, que faz tudo parecer ainda mais real. E, no meio da treta, Batman e os Renegados surgem no céu para ajudar a Liga da Justiça. Um dos momentos mais incríveis vem a seguir, quanto o Batman confronta a Mulher-Maravilha logo após ela ter tirado a vida de um dos meta-humanos. “Bastardo aristocrata! COMO OUSA ME CRITICAR?”, responde Diana.

Por outro lado, a união de super-poderosos em um só local cria um momento perfeito para a ONU, que ordena o lançamento de uma bomba de hidrogênio para destruir o Gulag e todos os meta-humanos.

No que sobrou do gulag, Billy Batson usa os raios mágicos que surgem toda vez que ele grita SHAZAM! para atacar o Superman, que tem na magia uma de suas principais fraquezas. São seis gritos, até que Clark consegue segurar a boca de Billy. É quando o Azulão vê que a grande bomba está chegando e é impossível destruí-la com a visão de calor. Ele sabe que precisa detoná-la ainda no ar, mas, com tanta destruição acontecendo, ele não sabe mais se deve fazer isso. Kal-El deixa a decisão para o Billy: ele irá soltar as mãos da boca do Capitão Marvel e voar até a bomba. Se O Mortal Mais Poderoso da Terra ainda acredita na humanidade, o deixará seguir. Se não for o caso, vai impedi-lo.

O Superman então voa para o céu, enquanto Billy grita SHAZAM! pela sétima vez. Ele ultrapassa o Homem de Aço, abraça a bomba e grita mais três vezes. O míssil explode e, por conta da baixa altitude, não só mata o Capitão Marvel, mas também uma boa parte dos meta-humanos.

Mas muitos deles ainda sobrevivem, incluindo o Superman. Ao ver tamanha destruição, Kal-El voa até a sede da ONU, se preparando para matar a todos... Até que é convencido pelo reverendo Norman McCay, um dos protagonistas da história, que não pode deixar de lado sua humanidade, ser menos SUPER e mais HOMEM.

É aí que o Superman percebe que não pode impor suas vontades. Ele não pode resolver os problemas para os outros, mas COM os outros. Não se pode impor poder, mas sim conquistar a confiança. E que não se pode escolher entre humanos e super-humanos, afinal essa divisão é falsa. Como Billy Batson ensinou, só há uma escolha que importa: a vida.

Como você pode perceber, O Reino do Amanhã é uma grande crítica ao amor dos anos 90 pelos anti-heróis, promovendo um choque disso com os conceitos clássicos dos super-heróis da Era de Prata.

O Reino do Amanhã

!! O Cavaleiro das Trevas

Essa é uma das mais comentadas referências para Batman vs. Superman. Escrita e desenhada por Frank Miller em 1986, a série em quatro partes foi a responsável por estabelecer o Batman moderno, numa evolução que vinha desde a virada dos anos 60 para os 70 e que quebrou de vez o elo com aquele Homem-Morcego camp da série de 1966 e das HQs dos anos 1950.

O Cavaleiro das Trevas também se passa em um futuro alternativo, no qual Bruce Wayne abandonou a capa e o capuz a após a morte do segundo Robin, Jason Todd. No entanto, o crescimento da criminalidade – principalmente por conta de uma gangue chamada Mutantes – faz o Batman retornar. E, com ele, começam a retornar os grandes vilões do passado, como o Coringa e o Duas Caras. Aliás, o Homem-Morcego tem a sua luta final contra o PALHAÇO DO CRIME na graphic novel, com o vilão quebrando o próprio pescoço para que todo mundo acreditasse que o herói havia finalmente matado seu maior inimigo.

As ações do Batman chamam a atenção do governo Ronald Reagan que, anos antes, havia proibido qualquer atividade dos vigilantes mascarados. O único que ainda pode continuar na ativa é o Superman, que agora é um lacaio dos EUA e é enviado para convencer o velho amigo a retornar para aposentadoria. Ou morrer.

O Cavaleiro das Trevas

Bruce Wayne então se prepara para o confronto final, sabendo que não venceria numa luta de igual para a igual. Ele cria uma armadura para usar na briga e, pra deixar tudo mais equilibrado, chama o Arqueiro Verde (que perdeu um braço por causa do Escoteiro) para atirar uma flecha de kryptonita no Superman, enfraquecendo-o.

Quando Bruce parecia que poderia ganhar a luta, ele sofre um ataque cardíaco e morre. Ou era isso que ele queria que todo mundo acreditasse: no final da HQ é revelado que o herói forjou a própria morte, tirando assim o Homem de Aço e o governo do caminho enquanto ele pode agir das cavernas enquanto treina uma nova geração de protetores de Gotham. Só que o Batman calcula errado o plano, dando a oportunidade para Clark ouvir as primeiros batidas do coração de Bruce momentos antes de sair do enterro. Com um sorrido no rosto, o velho repórter vai embora.

BvS tira diversos elementos de O Cavaleiro das Trevas, indo além da luta entre os dois protagonistas. Entre eles, dá pra citar a morte de Thomas e Martha Wayne (o elemento do colar de pérolas da Martha caindo após o tiro do ladrão é uma das sacadas do Frank Miller), o uniforme do Robin morto na Batcaverna, a explosão atômica que debilita o Superman, a armadura usada pelo Batman na derradeira luta contra o Azulão e por aí vai.

A grande diferença entre as histórias é que o Batman, no gibi, não pretende usar a kryptonita para assassinar o Superman — ele, inclusive, faz deliberadamente um MIX mais leve, apenas para atordoar o Escoteiro. Na verdade, a luta em si nunca foi sobre matar ou morrer, mas sim sobre ensinar uma lição para o Homem de Aço e a busca de uma terceira via para resolver o conflito.