Lady Gaga não tem medo de papo sério | JUDAO.com.br

Gaga mostrou, mais uma vez, que tá a fim de ajudar a resolver um problema social bem sério. Dessa vez, escreveu, junto com o diretor-geral da OMS, um artigo sobre como a negligência à saúde mental precisa acabar.

Lady Gaga é uma diva pop que leva seu papel de influenciadora a sério. Desde o comecinho de sua carreira, ela aparece sem medo nenhum pra falar de causas importantes, como garantia de direitos pra comunidade LGBTQ+, visibilidade às vítimas de abuso sexual e feminismo. Em 2012, criou a Fundação Born This Way, que acolhe adolescentes vítimas de bullying ou que foram expulsos de suas casas por homofobia. Em 2016, criou junto com Diane Warren a música Til It Happens To You para o documentário sobre estupros em universidades americanas, The Hunting Ground. Ela ainda se apresentou no palco do Oscar ao lado de dezenas outras sobreviventes desse tipo de violência.

Ela também sempre foi aberta sobre sua saúde mental. Já contou que sofre de transtorno de estresse pós-traumático desde os 19 anos, quando foi vítima de violência sexual e em seu documentário Five Foot Two mostra todas as dificuldades emocionais de se lidar com lúpus e fibromialgia, e sempre disse que acreditava no carinho como ferramenta pra consertar as coisas ou torná-las melhores. “A bondade é suave. Algumas pessoas acham que ela é sinal de fraqueza. Mas ela é muito poderosa.”

Nessa semana, ela deu mais um passo nessa conversa com um artigo para o Guardian sobre prevenção ao suicídio que escreveu junto com Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde.

“No momento em que você terminar de ler isso, pelo menos seis pessoas terão cometido suicídio ao redor do mundo”, começa o artigo. “Esses seis são uma pequena fração das 800.000 pessoas que farão isso esse ano – mais do que a população de Washington, Oslo ou Cidade do Cabo.”

Ela segue falando sobre como o suicídio é a fase final de uma série de negligências que sofremos. Uma sociedade que não leva a sério transtornos psicológicos só os agrava e constrói medo e vergonha em sua volta. “Nossa juventude está particularmente vulnerável, já que essa é a segunda maior causa de morte no mundo entre pessoas de 15 a 29 anos, com metade de todos os transtornos despontando aos 14 anos.” Mesmo com tudo isso, famílias e comunidades seguem sem falar sobre esse problema, fazendo dele um tabu gigante, um monstro que se fortalece com a culpa e o silêncio.

“No momento, todas as nações do mundo são ‘países em desenvolvimento’ quando se fala em saúde mental”, diz, para ilustrar. O baixo investimento das famílias e governos é o famoso “barato que sai caro”, já que, ao todo, as consequências de transtornos mal tratados pelo mundo custam, em média, 2,5 TRILHÕES (!!!) de dólares por ano.

E então… o que fazer? “Todos podemos ajudar a construir comunidades que compreendam, respeitem e priorizem o bem-estar mental. Todos nós podemos aprender a oferecer apoio para pessoas que amamos.” Ali, então, é citado o Atlas da Saúde Mental, divulgado pela OMS em 2017, que traz dados concretos sobre o progresso nesse assunto. Ele pode ser usado como base pra ação, além da publicação no The Lancet da pesquisa mais completa sobre prevenção ao suicídio e tratamento psicológico até agora. Os autores encerram dizendo que “ambos já viram como liderança política, investimento, inovação e atos individuais de bravura e compaixão podem mudar o mundo. Está na hora de fazer isso pela saúde mental.”

Liderança política, investimento, inovação e atos individuais de bravura e compaixão podem mudar o mundo. Está na hora de fazer isso pela saúde mental

É sempre bom ver artistas conhecidos globalmente usando sua influência e defendendo causas extremamente importantes sem medo ALGUM de perder fãs. Gaga está falando sobre o que precisa ser falado. Saúde mental é caso sério que é levado como “frescura” há tempo demais. Suicídio é um assunto que vem cheio de dor e que pode ser bem difícil abordar, mas que PRECISA SER DISCUTIDO. A única maneira de aliviarmos a pressão é perdendo a vergonha. Compartilhando experiências. Acolhendo com carinho aqueles que precisam e se deixando acolher.

Que bom que ela quer conversar sobre isso também. :)

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