Pronto, Legion tá confirmado (e vai estrear no Brasil junto do resto do mundo) | JUDAO.com.br

E isso inclui o Brasil – mas a série inspirada nos quadrinhos dos X-Men só deve estrear em 2017, muita calma nesta hora!

A Marvel tá lá ganhando uma bolada nos cinemas com seus filmese, claro, tratou de esticar os braços para a TV com Agents of SHIELD, Agent Carter e toda a galera do Netflix, Demolidor, Jessica Jones e cia (que não são bem TV, mas você entendeu). Aí a DC começa a construir seu universo cinematográfico, enquanto está muito bem representada na telinha com Arrow, Flash, Gotham, Supergirl e afins. Quem tá faltando nessa história aí de expandir os domínios? A Fox, né. Que também tá enchendo os bolsos de grana nos cinemas com os seus mutantes (ou, pelo menos, com seus mercenários tagarelas) mas que estava fora das telinhas. ESTAVA.

Das duas séries de TV que a casa da raposa anunciou, a primeira a sair do papel será Legion, sobre David Haller, o Legião, mutante nível ômega (com o potencial de controlar a matéria e a energia em escala sub-molecular) dos mais poderosos do PANTEÃO do Universo Marvel e que, assim que estrear lá fora, você (e uma galera de mais de 125 países) vai poder assistir na sua TV... se você assinar o canal Fox, pelo menos. Tipo The Walking Dead e Outcast.

De acordo com o que disse em comunicado oficial o CEO & chairman & chefão da porra toda nos canais Fox, Peter Rice, a estratégia de lançamento simultâneo é utilizada pelo departamento de programação internacional para alavancar as suas séries com maior potencial de “viralização”, como TWD, transformando tudo em um evento mundial. Ou seja: TÃO APOSTANDO ALTO. “Legion vai trazer o universo dos X-Men à vida como uma série de TV focada no desenvolvimento de personagens, de um jeito novo e maravilhoso”, afirmou.

Dan Stevens como David Haller

Vamos só lembrar duas coisas importantes aqui? A primeira delas: o contrato de cessão de direitos dos mutantes para a Fox dizia respeito apenas aos cinemas. Em tese, pelo menos, nada impedia a Casa das Ideias de ir lá e fazer uma série do Wolverine ou do Ciclope, sei lá. O sonho da Fox em levar os x-heróis pra TV só rolou por conta de um acordo com a Marvel, que tem todo o jeito de ter sido bastante vantajoso para ambas as partes. O que nos leva aqui ao segundo ponto: vamos esquecer o rumor de que, para ter as séries dos X-Men “liberadas”, a Fox devolveu pra Marvel os direitos do Quarteto Fantástico? Tipo assim, por favor? A Fox não rasga dinheiro. Coloca isso na sua cabeça e vamos seguir em frente.

Essencialmente, a sinopse de Legion fala sobre um jovem problemático que pode ser mais do que apenas um humano: David Haller, desde a sua adolescência, era um cara que vinha lutando com uma doença mental. Diagnosticado como esquizofrênico, David entrou e saiu de diversos hospitais psiquiátricos ao longo dos anos, sem esperança de cura. Mas um estranho encontro com outro paciente misterioso abre a possibilidade de que, talvez, as vozes que ele ouve e as visões que sempre teve possam ser, de fato, reais.

David será interpretado por Dan Stevens, o Matthew Crawley de Downton Abbey. Também estão confirmados no elenco nomes como Rachel Keller (a Simone Gerhardt de Fargo), Aubrey Plaza (a April Ludgate de Parks and Recreation), Bill Irwin (o Dr. Peter Lindstrom de Law & Order: SVU) e a sempre divertida Jean Smart, que interpretará a terapeuta de David, daquela tipo que usa métodos “pouco convencionais”.

Criado nos quadrinhos pela dupla Chris Claremont e Bill Sienkiewicz, Legião deu as caras pela primeira vez em março de 1985, na edição de 25 da revista dos Novos Mutantes. Sua mãe, Gabrielle, era uma sobrevivente do Holocausto que estava em estado catatônico, até ter a PSIQUÊ recuperada pelos poderes de Charles Xavier, que atuava como voluntário num hospital em Israel, ao lado do amigo Magnus (é, aquele mesmo).

Gabrielle e Charles se apaixonaram mas, depois de um incidente envolvendo terroristas da HYDRA, o casal se separou amigavelmente – e Charles partiu sem saber que Gabrielle estava grávida. Anos depois, ela se mudaria para Paris, atuando no serviço diplomático israelense. Durante um ataque terrorista contra seu pai adotivo, David manifestou seus poderes pela primeira vez. E foi aí que Gabrielle procurou a ajuda de uma especialista: Moira McTaggert. Para chegar até o Xavier e à revelação de que ele era o pai de David, foi um pulo.

Por conta de um distúrbio de múltiplas personalidades, que o tornava absolutamente instável e fora de controle, David desenvolveu uma série de diferentes poderes mentais, que podiam ir da telepatia à pirocinese, passando pela telecinese e pela habilidade de fazer viagens psíquicas pelo tempo. Foi numa destas, aliás, que ele resolveu voltar ao passado e tentar matar Magneto, para que jamais existisse outro mutante que se opusesse ao sonho de seu pai. Mas, por engano, Legião acabou matando o próprio Professor X, gerando uma distorção temporal que se tornou a linha do tempo alternativa conhecida como Era de Apocalipse, uma das sagas mais conhecidas do Universo X que, por acaso, Noah Hawley, o showrunner, nunca leu.

“Eu lia X-Men quando era adolescente, aquela fase de Chris Claremont, Fênix Negra, Dias de um Futuro Esquecido, mas depois pulei pra algo mais Sandman/Alan Moore e parei de prestar atenção nos mutantes, por isso eu não conhecia profundamente o personagem”, revelou Noah, em entrevista ao HitFix. “Quando Lauren Shuler Donner, Bryan Singer e Simon Kinberg começaram as conversas com a Fox, inicialmente estavam falando do Clube do Inferno, mas aquilo não me pareceu muito interessante. Isso foi dois anos atrás, antes de qualquer uma das séries do Netflix ser lançada”, explica. Na verdade, o interesse dos produtores dos filmes era em fazer uma expansão X na TV – e, claro, quem manda em tudo lá nas emissoras ficou empolgadão.

O processo todo rolou, basicamente, entre a primeira e a segunda temporadas de Fargo, que foi quando a responsável pelo desenvolvimento de séries limitadas (Gina Balian) colou do lado do Noah e perguntou se tinha alguma coisa ali, em toda aquela mitologia dos personagens dos gibis, na qual ele estaria interessado. Para o TV Insider, ele conta que começou a pensar em algo não especificamente baseado em um personagem, mas sim sobre a ideia e a identidade do mutante mais marginal. “A franquia dos X-Men nos cinemas começa num campo de concentração. E a partir dali, você já saca que é uma trama ligada em conceitos reais de bem/mal e moralidade”.

Ou seja: ele primeiro decidiu que tipo de série queria fazer para depois escolher o personagem certo. “Foi uma engenharia reversa. Não queria que fosse uma produção de gênero, apenas. Queria primeiro encontrar o tom da série”. Quando encontrou o Legião, e se deparou com um personagem mentalmente instável, deu uma pirada. Parecia ser a escolha certa. Aí, para entender melhor as possibilidades, passou a mão no telefone e ligou para Simon Kinberg, o roteirista dos filmes (“na dúvida, sempre fale com o roteirista”). “Me interessei pela ideia de que ele tivesse problemas mentais, ou então que tivesse estas habilidades, ou quem sabe ambos. Sempre acreditei que a estrutura de uma série deveria refletir o seu conteúdo. Aqui, nós temos um cara que não sabe o que é real ou não. E acho que o público deveria experimentar a mesma sensação”.

Embora nas HQs o Legião já tenha sido retratado com uma série de distúrbios como as tais múltiplas personalidades, por exemplo, na série a esquizofrenia estará em foco. “Eu quero explorar, em algum nível, a realidade de como é ter estes poderes de uma forma mais existencial”, conta o showrunner. “Não é nada como ‘ah, você tem estas habilidades, agora saia correndo pra salvar o mundo’. É mais na pegada de, tá legal, você viveu a vida inteira com esta identidade de pessoa maluca, e aí alguém aparece e diz ‘não, você é perfeitamente são e tem estes poderes’. Mas isso soa exatamente como os pensamentos de uma pessoa louca deveriam ser. Adoro esta qualidade meio Alice no País das Maravilhas, uma história dentro de uma história”. Ou, como ele mesmo descreve, “uma fábula” ou “um olhar surreal sobre estes personagens”.

Na série, esqueça este negócio de “os mutantes já são conhecidos do grande público”. E, na verdade, esqueça também que ela se insira de alguma forma na continuidade dos filmes dos X-Men. Nada de Agents of SHIELD com os filmes da Marvel, por exemplo. Para Noah, o “onde” e “quando” da série ainda não estarão exatamente claros. “As pessoas não vão precisar ver os filmes para entender a série. É uma coisa que tem vida própria”.

O CEO da FX Productions, John Landgraf, reforçou a explicação em um painel realizado pela Television Critics Association em janeiro. “Os filmes dos X-Men se passam em um universo no qual todos no planeta sabem que os mutantes existem, enquanto em Legion o governo sabe que eles existem, mas as pessoas comuns não. Eu não ficaria pensando que vamos ver personagens dos filmes indo e vindo por aqui porque estes são realmente universos paralelos”. Universos paralelos são uma expressão que todo leitor de gibis da Marvel e da DC conhece muito bem. E que, bom, depois de tudo que rolou em X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido, seria perfeitamente viável.

Para Noah, a grande força de Legion é que ele é conhecido pelos leitores de gibis, mas está longe de ser um ícone da franquia, em especial daquele tipo que aparece nas telonas. “Estes personagens viriam com regras muito rígidas, seria difícil de trabalhar. Ninguém quer ficar algemado quando vai criar algo. É importante preservar o poder de fazer algo imprevisível”. Ele alega sentir que estaria em apuros se você se meter a pegar uma história como a saga da Fênix Negra e ousasse mudar uma vírgula sequer. “Alguém vai ficar ofendido, não importa o que eu faça. Então, simplesmente estou pegando este personagem e brincando com ele”.

Então é correto assumir que ele NÃO será o filho de Charles Xavier e Gabrielle Haller, como nos gibis, certo? Calmaí. Também não é pra tanto. “Olha, ele pode ser”, solta, misterioso, o Noah. “É uma história diferente. Mas não estou descartando nada disso”.

legion-dan-stevens3

Num papo com o Collider, Simon Kinberg também falou um pouco sobre a série, que ele considera uma excelente chance de seguir além e fazer algo completamente original para o mundo dos super-heróis, “quebrando paradigmas” e, agora é que o negócio fica sério pra caralho, ”fazendo o nosso Breaking Bad das histórias de super-heróis”. EITA.

Simon, quem faz uma declaração destas, tem que estar preparado para bancar a cobrança que vem depois, rapaz.

A produção da primeira temporada, formada por oito episódios encomendados inicialmente, começa nos próximos meses, durante o verão do hemisfério norte, lá em Vancouver e, por enquanto, ainda não tem data de estreia confirmada.