Marina La Torraca: uma OUTRA voz brasileira no Avantasia | JUDAO.com.br

Cantora, atualmente morando na Alemanha, substituiu Amanda Sommerville no final da turnê mais recente e conta pro JUDÃO como foi a experiência

Quando a gente fala de presença brasileira na ópera metálica Avantasia, o projeto repleto de convidados especiais do alemão Tobias Sammet (Edguy), é inevitável pensar imediatamente no nome de André Matos. O ex-vocalista do Angra já participou de três discos da iniciativa, saiu em turnê mundial com a galera, vive trocando gentilezas com o líder do grupo via imprensa especializada... Mas agora existe mais um outro nome que pode ajudar a fincar de vez a bandeira verde e amarela no coração do combo germânico. Trata-se de Marina La Torraca.

Nascida em São Paulo e sem qualquer relação com o Ney (aposto que isso deve ter passado pela sua cabeça), a cantora mora na Alemanha há cinco anos, mudança ocasionada inicialmente para que ela pudesse completar seus estudos e sua especialização em teatro musical. Atualmente, Marina é a vocalista da banda Phantom Elite, cujo primeiro disco está sendo produzido pelo guitarrista holandês Sander Gommans, fundador do After Forever.

E, veja você, Marina até já cantou com o Avantasia. Entre os meses de Julho e Agosto, a cantora assumiu o posto de voz feminina que é ocupado costumeiramente pela poderosa Amanda Somerville e cantou no circuito de festivais europeus, em palcos como o do Tollwood Festival em Munique (Alemanha), do Rock of Ages em Seebronn (Alemanha) e do Szad Festival, na região polonesa de Straszecin. “Foi tudo muito inesperado”, conta ela, em entrevista ao JUDÃO.

“Recebi uma ligação da Amanda dizendo que ela não poderia fazer alguns shows esse verão e me perguntando se eu poderia/gostaria de substituí-la”, revela. As duas já se conheciam há algum tempo: Amanda tinha sido treinadora vocal da Marina durante as gravações da banda romena de metal progressivo Highlight Kenosis, uma das primeiras aventuras musicais da brasileira assim que ela chegou na Alemanha. Desde então, tinham se tornado bem próximas.

O único ponto é que o convite para o Avantasia tinha uma pegadinha. “As condições eram que o primeiro show seria dali duas semanas e não teríamos nenhum ensaio”. Marina não pensou duas vezes. “Eu fui louca o suficiente pra aceitar”. O próprio Tobias, ao apresentá-la nos primeiros shows, a descreveu desta forma para a platéia. ;)

Como se trata de um set com belas 3h de duração, a cantora não pôde se dar ao luxo de pausar a preparação nem um dia, mesmo acometida por uma forte gripe. Afinal, Amanda canta em praticamente todas as músicas, no mínimo fazendo os backing vocals. Mas uma coisa a ajudou em todo o processo: a experiência prévia com musicais. “No Brasil, fui finalista de grandes produções em São Paulo e Rio de Janeiro, como Cats e A Noviça Rebelde”, explica, lembrando ainda que em 2007 foi fazer um curso especializado neste tipo de produção em Nova York.

Eu fui louca o suficiente pra aceitar

Marina La Torraca

“Atualmente, estou em uma produção que faz um best of de musicais pela Alemanha, como O Rei Leão. (…) Em termos de técnica de canto e interpretação, tem muito que pode ser usado em um metal mais melódico e dramático. Num projeto como o Avantasia, com personagens e no qual as vozes têm um grande papel, é especialmente bacana ter esse background”.

Fã de metal melódico/power metal (aqui no Brasil, chegou a ter aulas com o renomado cantor Mario Pastore e tocou em bandas cover que faziam músicas do Angra, Helloween, Stratovarius), ela descreve como “surreal” o primeiro contato com os músicos. “Sempre fui muito fã do [Michael] Kiske e do Jorn (com quem não consegui trocar muitas palavras articuladas num primeiro momento). Mas você acaba se acostumando e percebendo que são todos seres humanos”, conta, deixando claro que todos foram bem simpáticos e receptivos, mesmo que ela fosse a única mulher do time. “Foi tranquilo, não sofri nenhum ataque direto! (Risos) E ter o seu próprio camarim também não é nada mau”.

Com relação às canções, o momento favorito dela era mesmo em Farewell, dueto com Tobias que lhe permitia ter um solo maior. “Mas Mystery of a Blood Red Rose [primeiro single do recente Ghostlights] também tem vozes muito bacanas, foi bem divertido abrir o show com ela”.

Marina acredita que a exposição que teve com o Avantasia pode ajudar a trazer algum tipo de exposição para álbum do Phantom Elite, previsto para a segunda metade de 2017.

“Ainda estamos na fase de composição de mais algumas músicas, mas posso adiantar que será uma boa mistura entre metal progressivo com um toque de sinfônico e, claro, bastante peso”, explica. Recentemente, o quinteto lançou o lyric video de seu primeiro single, Siren’s Call, saído da pré-produção. “É uma pequena prévia do nosso álbum de estreia, mas o disco tem muito mais facetas... Eu diria que vale a pena esperar o álbum antes de tentar definir o estilo da banda”.

Aliás: agora que ela saiu em turnê no Avantasia com estes caras incríveis, existe chance de colocar algum deles como convidado especial no disco de estreia do Phantom Elite? “Existe”, responde Marina, bastante empolgada. “Mas como não temos nada certo ainda, deixemos o convidado especial como fator surpresa por hora”.