Crossover de Supergirl, The Flash, Arrow e Legends of Tomorrow teve as suas escorregadas, mas o resultado geral foi muito bom
SPOILER! O Universo DC possui um legado incrível. Seja nos quadrinhos, nas animações, na TV... São diversas interpretações, muitas delas clássicas, construídas a partir do ARQUÉTIPO do que seria o super-herói. Você pode achar chato eventualmente, mas é inegável essa herança no DNA das criações da empresa – e, quando isso é negado, bom, o resultado é um Batman vs. Superman da vida.
Na última semana, o CW promoveu aquele que é, até hoje, o maior crossover da DC fora dos quadrinhos. Juntaram Supergirl, The Flash, Arrow e Legends of Tomorrow em uma história única, coesa, que correu por quatro noites na TV americana. O resultado, no geral, foi alcançado: honrou toda essa herança de mais de 75 anos da DC Comics.
Como já era previsto, a presença de Flash e Cisco no final do episódio de segunda (28) de Supergirl foi apenas para esquentar as coisas. A treta começou de fato no dia seguinte, 29, com os vilões Domínions sendo apresentados na série do Corredor Escarlate. Talvez aqui esteja o maior defeito do crossover: os vilões são genéricos, apesar de muito inspirados no visual do Todd McFarlane na HQ Invasão. Estão aqui com o pretexto de temerem o crescimento meta-humano na Terra e, por isso, atacam o planeta – algo já previsto por nós há alguns meses, aliás.
Ainda assim, você pode pegar Os Vingadores, no qual também existe uma HORDA alienígena genérica invadindo a Terra, e o filme funciona muito bem. Não é, necessariamente, algo que atrapalhe o todo.
A parte que cabe ao Flash neste LATIFÚNDIO ainda sofreu com certa pressa para estabelecer todos os preceitos básicos da Invasão e juntar os heróis. Porém, depois de todo mundo junto, a história passou a evoluir de forma interessante, inclusive construindo conflitos entre esses heróis tão diferentes. Pena que, entre um episódio e outro, alguns desses heróis simplesmente sumiam, sem muita explicação para onde eles foram. Talvez algo inerente ao formato, já que eram capítulos de uma única história ocorrendo em produções diferentes.
O ponto alto foi no trecho seguinte, em Arrow, com o 100º episódio, exibido quarta-feira (30). Comemorando a marca, a história trouxe os personagens da série (ou que, ao menos, começaram lá, como a Sara Lance) em um mundo de fantasia criado pelos Domínions, uma mistura da saga O Homem Que Tinha Tudo, do Alan Moore, e a trilogia Matrix.
Nesse ~universo, Oliver Queen e Sara nunca afundaram com o Queen’s Gambit, assim como os pais do herói nunca morreram. Ollie vive uma vida feliz, prestes a se casar com Laurel Lance, que também não morreu. Só que ao resistir a esse controle mental dos aliens, os personagens passam a experimentar visões das vidas que realmente tiveram, além de enfrentar vilões que passaram por Arrow, como o Exterminador.
Isso serviu para nos relembrar as origens do Arqueiro Verde e pelo que ele luta, se encaixando como uma luva numa temporada que tenta trazer de volta algumas características das primeiras temporadas.
Por fim, a Invasão terminou com um episódio com viagens do tempo em Legends of Tomorrow, que foi ao ar na quinta, 1º de dezembro. Mais uma vez as coisas se apressaram um pouco e rolaram alguns furos, mas, mesmo com tudo isso, foi um dos melhores episódios de Legends até hoje.
No geral, a audiência também foi muito boa – The Flash teve o maior público desde 2014, enquanto Legends chegou perto da audiência do piloto.
Ressaltando o orçamento limitado e o formatão do CW, Invasion! trouxe esse clima clássico da DC sem soar maniqueísta – afinal, os Domínions querem acabar com os meta-humanos justamente para proteger quem não tem poderes, seja da Terra ou do resto do universo. Tanto é que, no clímax, eles reduzem toda a preocupação deles a apenas um personagem: Barry Allen, que ficou por aí brincando de mudar a linha temporal.
Além disso, o canal soube aproveitar muito bem o formato da TV linear, juntando histórias diferentes em uma série de uma semana por si só. É algo que não dá pra fazer no streaming — é só ver a Marvel, que vai lançar a série dos Defensores para conseguir ter o mesmo efeito no Netflix.
Pena que, provavelmente, Greg Berlanti e seus parças não puderam chamar a equipe originada para defender a Terra de “Liga da Justiça”, por mais que tenha sido criada de alguma forma com base no legado da Sociedade da Justiça da América e tenha tido, em suas fileiras, diversos personagens que estiveram no time das HQs. O motivo pra não usar o nome da LJA? Bom, por causa da versão dos cinemas... Que eu ainda não vi e, sei lá, pode até ser legal. Mas aqueles inúmeros tons de cinza nunca superarão as diversas cores vistas em Invasion!.
Pelo menos os produtores e roteiristas conseguiram encaixar uma bela referência. É que a base do time foi um antigo hangar do Star Labs, que, olha só, tem exatamente o mesmo visual da Sala da Justiça dos Superamigos.
Sua vez, Zack Snyder. ;)