O que o novo logo da Marvel Studios diz sobre o futuro do estúdio | JUDAO.com.br

A última San Diego Comic-Con demonstrou que muita coisa mudou depois da reorganização interna da Disney

Faz quase um ano que Mickey Mouse promoveu uma grande mudança interna, tirando a Marvel Studios, presidida por Kevin Feige, do guarda-chuva da Marvel Entertainment, liderada há uma década por Isaac Perlmutter, o Ike. A partir daquele momento, Feige passou a responder diretamente ao presidente da Walt Disney Studios, Alan Horn. Ike, claro, continuou mandando no resto da Casa das Ideias — incluindo aí as divisões de quadrinhos e televisão.

Parece pouco tempo, mas esse quase um ano é o suficiente pra mudar muita coisa no estúdio – algo que ficou bem claro durante a última San Diego Comic-Con.

Começa pelo novo logo da Marvel Studios. Cê reparou? Saiu de cena o visual anterior, que era o da Marvel, clássico, com um “Studios” posicionado discretamente na parte de baixo, entrou um com o “sobrenome” colocado ao lado do nome da Casa das Ideias, dando o mesmo peso tanto pra “Marvel” quando pra “Studios”.

É a demonstração clara de que não estamos falando de uma simples e subordinada divisão. Tanto é que, quando você for olhar agora pros logos dos filmes, vai ficar bem claro ali que não é só uma produção da Marvel, mas sim da Marvel Studios.

"Call me Captain Marvel"

“Call me Captain Marvel”

Não só isso: Ike ficou famoso por não apostar muito nas heroínas, algo que ficou bem claro em um e-mail vazado durante o #SonyHack, no qual comentou que os filmes de super-heróis estrelados por mulheres eram um desastre. Apesar da produção da Capitã Marvel ter sido anunciada ainda durante a liderança de Perlmutter, o anúncio de Brie Larson como protagonista foi a cereja do bolo de um painel que mais parecia uma festa.

Quer mais? Ike sempre foi tido como um executivo das antigas. Não que seja AVESSO à diversidade, mas vamos combinar que ele nunca apareceu levantando essa bandeira por aí – enquanto, nos bastidores, doou US$ 1 milhão para uma empresa de caridade ligada a Donald Trump, aquele mesmo. Porém, quando você olha pro elenco de Spider-Man: Homecoming, que está sendo gravado neste momento e teve destaque no painel do estúdio, você já vê uma caminhada num outro sentido em relação aos outros filmes da Marvel Studios, que agora também tem o controle criativo dos filmes do Amigão da Vizinhança. São duas mulheres no elenco principal – Michelle, interpretada pela Zendaya, e Laura Harrier, a Liz Allan – sendo que uma é latina e a outra é negra.

Em Thor: Ragnarok, Tessa Thompson fará a Valquíria, além de estar confirmada a presença de Cate Blanchett como Hela – duas adições importantes ao elenco. Também durante a SDCC, Lupita Nyong’o foi confirmada no elenco de Pantera Negra no papel de Nakia, enquanto a Danai Gurira foi anunciada como Okoye. Além disso tudo, Ryan Coogler, de Creed, foi chamado para dirigir Pantera Negra em Dezembro, já nessa atual fase do estúdio.

O novo logo não é só uma questão estética. Agora não se trata mais de uma divisão da Marvel: essa é a Marvel Studios.

Marvel na Comic-Con 2016

Com essas novidades, a foto de família da Casa das Ideias no Hall H ficou mais feminina e mais diversa, o que é ótimo. Não à toa, Kyle Buchanan, editor sênior do Vulture, foi rapidamente ao twitter definir que “isso tudo é o pior pesadelo do Ike Perlmutter, e eu estou amando”.

Tudo isso é reflexo de poucos meses sem o dedo de Ike e, a cada dia, a Marvel Studios deve representar mais a visão de Feige, que nunca se deu lá muito bem com Perlmutter – inclusive porque, sob o guarda-chuva de Horn, o famoso Comitê Criativo da Marvel (que tinha gente como Brian Michael Bendis, Joe Quesada e Louis D’Esposito) passou a ter pouco ou nenhum peso nas decisões do estúdio. São menos decisões colegiadas – o que não é necessariamente bom pro presidente da Marvel Studios, que também terá que responder diretamente pelos fracassos.

Sabemos que diversidade, além de importante, vende – seja nos gibis, seja no cinema — e que há MUITA COISA que a Marvel precisa fazer nesse sentido. Mas a vida sem Ike Perlmutter parece bem mais interessante. :)