Entre tantos rumores, informações, confirmações e apostas, o que faz sentido na versão da Casa das Ideias para o Escalador de Paredes
O Homem-Aranha nos cinemas, pela Marvel Studios. Aquele sonho de muita gente já é realidade. Quer dizer, é realidade no papel, depois do acordo entre Sony e a Casa das Ideias. Agora, estamos naquele momento do estúdio realmente empreender a sua marca, com as decisões dos produtores, contratação de diretor, atores, encontrar o tom... De cada peça se juntar pra tudo estar pronto no momento que o filme estrear.
Algumas dessas peças já são públicas. Tom Holland será um Peter Parker ainda na época de colégio, Marisa Tomei vai ser uma Tia May mais jovem, a dupla John Francis Daley e Jonathan M. Goldstein (do novo Férias Frustradas) vai cuidar do roteiro, Jon Watts será o diretor e a ideia é fazer um ~filme de John Hughes, mas com super-heróis. Mas...
O que virá depois?
Podemos esquecer um Homem-Aranha pronto e acabado em pouco minutos de tela. A série do Demolidor, por exemplo, levou toda uma temporada pra surgir com o uniforme característico do personagem – e, quando apareceu, teve toda uma construção sobre de onde veio o tecido e o costureiro. Até mesmo se voltarmos um pouco para o primeiro Homem de Ferro, vamos lembrar que Tony Stark fez duas armaduras antes de criar o visual vermelho e dourado que todo mundo conhece, num caminho parecido com as HQs. Até o Capitão América passou por um uniforme provisório, que fez homenagem aos gibis e tinha como desculpa toda a importância do Supersoldado para a propaganda de Guerra. Só depois veio aquele uniforme mais prático pra batalha.
Agora, pensa no caso do Peter Parker. Ele é um moleque, fodido. Mal tem dinheiro pra pagar as contas, quanto mais pra ter um tecido emborrachado cheio de relevos ou pra pagar um curso de costura. Se bobear, toda a mesada do mês foi gasta pra fazer o disparador de teias. Faz mais sentido que o primeiro uniforme do Cabeça-de-Teia seja totalmente feito em casa, com coisas que ele tenha à mão.
Algo que tem inspiração até na própria primeira HQ do personagem, na qual ele usa um visual bem simples quando usa os poderes em público pela primeira vez.
“Mas isso já foi feito nos filmes do Sam Raimi e do Marc Webb”. Ok, foi. Mas em contextos e usos diferentes. Em Homem-Aranha, o de 2002, o Peter Parker do Tobey Maguire cria um visual bem simples pra LUTINHA, mas ali serve mais como motivo de piada do que qualquer coisa – tanto é que, depois, o Amigão da Vizinhança cria o seu visual final meio que num passe de mágica.
Já em O Espetacular Homem-Aranha, o Parker do Andrew Garfield também cria um primeiro visual improvisado. Depois, pro definitivo, pega coisas próximas – como a lente de um óculos de sol – pra criar o uniforme, vemos ele costurando, criando o disparador de teias e tudo mais, numa sequência bem interessante e que, pro diretor, servia justamente pra mostrar a genialidade do personagem. Inclusive, há uma certa inspiração na graphic novel Com Grandes Poderes... no visual final do Aranha. Só que como ele consegue uma roupa tão elaborada assim, sozinho, sem dinheiro e rápido, fica sem explicação.
Faz sentido a Marvel ir num sentido mais roots pro primeiro visual do Aranha, mas que, ao mesmo tempo, realmente pareça um uniforme e tente fugir do cômico. Algo que dure além de duas ou três cenas. Ou seja, o mesmo efeito que conseguiram com o Demolidor.
Isso bate diretamente com o rumor levantado pelo Latino Review e com uma imagem publicada no Twitter por uma conta que seria dos Irmão Russo, diretores de Capitão América – Guerra Civil, filme no qual o Aranha faria uma aparição. James Gunn, o diretor de Guardiões da Galáxia, já negou que a conta seja verdadeira – mas também sabemos como funciona essa coisa de negações e confirmações lá na Casa das Ideias...
O que se diz é que o primeiro visual do Homem-Aranha do Tom Holland não teria nada de azul, voltando pro preto original de Amazing Fantasy #15 – afinal, o azul só surgiu pra conseguirem dar um degradê no preto, da mesma forma que com o Batman. Além disso, a roupa teria luvas mais simples e lentes que, quem sabe, poderiam trazer ao live action as “lentes emocionais” que o herói tem na mão de alguns artistas. Tudo que, de alguma forma, um moleque poderia fazer dentro do próprio quarto.
A fonte que passou as informações, inclusive, achou essa ilustração ao lado no DevianArt pra ilustrar essa ideia desse “Cosplayer-Aranha” que veríamos na tela. Dá pra acreditar que o Peter Parker que será visto pela primeira vez em Capitão América: Guerra Civil vai ter essa vibe.
LEMBRE-SE: a ideia aqui é ser mais orgânico possível e se diferenciar do que foi feito antes, mas não quer dizer que o Homem-Aranha será assim pra sempre. Ele não pode fazer um uniforme legal por conta própria, mas vai conhecer quem o faça por ele.
Na Guerra Civil dos gibis, Tony Stark deu ao então parceiro um uniforme que ficou conhecido pelos leitores como “Aranha de Ferro”, com as cores vermelha e dourada e com umas tecnologias a mais. No cinema, nada impede do mesmo conceito ser transportado e Stark mandar um “ô garoto, tira esses trapos e usa isso aqui” em algum momento, sendo que esse “isso aqui” pode ser o visual definitivo do herói pela Marvel.
Nem digo também que isso acontecerá logo de cara no filme do Capitão América. Pode ser até no final filme solo do Aranha, como uma forma do Stark agradecer alguma coisa da Guerra Civil OU de pedir desculpas.
Outra inspiração de enredo que pode vir dos gibis é a do segundo Ultimate Homem-Aranha, Miles Morales. Depois da morte de Peter Parker, Miles compra uma fantasia daquelas de loja e começa a se aventurar por aí. É de Nick Fury e da SHIELD que vem aquele visual preto e vermelho. Nem disparador de teias ele tinha, ainda.
E lá em cima não falamos que o novo Aranha vai ter o visual preto e vermelho na tela grande, sem azul? Pois é. Esse poderia ser um ótimo final pro primeiro filme solo do personagem...
Podemos imaginar também que Os Vingadores tenham um grande peso pro jovem Peter Parker. Nas HQs, ele se sente meio perdido nas primeiras aventuras e, logo em Amazing Spider-Man #1, vai procurar o Quarteto Fantástico, querendo se juntar ao time. Como o Quarteto tá com a Fox, faz sentido imaginar que os Novos Vingadores vão ocupar esse espaço, até porque o Homem-Aranha se encaixa nessa coisa de “heróis que precisam de treinamento” que deram ao grupo no final de Vingadores: Era de Ultron.
Também dá pra esquecer essa história de filme de origem. A Marvel Studios sabe que ninguém quer ver pela terceira vez um nerd sendo picado por uma aranha radioativa/modificada geneticamente. Tanto é que o Homem-Aranha JÁ está por aí. Ele foi inclusive citado no final do filme do Homem-Formiga.
A Amazing Fantasy #15 dos cinemas já passou, apenas ninguém comprou o exemplar. Capitão América: Guerra Civil vai ser, de alguma maneira, a Amazing Spider-Man #1, mesmo que a aparição do Cabeça-de-Teia seja rápida. O filme dele será mais um Amazing Spider-Man #2 em diante. Teremos o herói em ação, mas ainda jovem e inexperiente, ficando totalmente sozinho contra o primeiro grande inimigo.
Mas... Quem seria esse antagonista?
Um dos detalhes que escaparam pela boca de Kevin Feige, chefão da Marvel Studios, é que teremos um vilão nunca antes visto nos cinemas nesse primeiro filme. Isso tira da lista de prováveis nomes como Venom, Homem-Areia, Duende Verde, Dr. Octopus e Lagarto, mas o Escalador de Paredes ainda tem uma vasta galeria de vilões.
Abutre, Escorpião e Kraven são caras que apareceram nos primórdios do personagem e poderiam encaixar como uma luva nesse contexto que tão querendo criar. E não somos apenas nós que achamos isso: os dois primeiros nomes constam numa lista de casting pro filme do Aranha que foi postada no Reddit.
Só que tal lista não parece ter muita veracidade, já que é nada mais que uma foto de um documento do Word. Até você pode fazer uma listinha dessa, tirar uma foto e postar por lá.
Bom, vamos considerar por uns 8segs que ela seja verdadeira. Ou, pelo menos, vamos considerar algumas ideias que aparecem ali.
Consta que Billy Zane (o FANTASMA, LOL) tá negociando pro papel de Abutre e Jason Biggs (sim, o de American Pie) tá também negociando pra ser o Escorpião. São nomes que combinam com todo um casting mais jovem (hey, pense: a Marisa Tomei é a Tia May!), mas... Talvez Zane convença mais como uma versão mais recente do Abutre, que tem um uniforme vermelho/preto (yeap, essas cores AGAIN) e que atende pelo nome civil de James Natale.
Agora, será que colocariam mais uma vez dois vilões na mesma história? Já tivemos alguns filmes assim, pode ser que a Marvel não julgue impossível. Pode rolar, independentemente desses serem os nomes que estarão no filme. Ou nada impede de um vilão ter uma ponta menor (como o Rhino de O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro) ou surgir apenas em sua identidade civil, antes de ser alguém realmente superpoderoso.
Outro ponto dessa lista maluca que faz algum sentido é colocar Hugh Laurie como J. Jonah Jameson. Independentemente desse ser o nome ou não, a Casa das Ideias sabe que a interpretação de J.K. Simmons é insuperável e respeitosa ao personagem original ao extremo – tanto é que a própria Marvel escala o cara pra dublar o personagem em suas animações, e a Marc Webb resolveu tirar o jornalista de cena nos dois filmes que dirigiu pra Sony justamente pra evitar comparações. Parece certo que agora é hora de escalar um outro grande ator, um nome conhecido, alguém que a gente sabe que encontraria um tom próprio pro Jameson.
É, mal comparando, o mesmo problema que a Warner teve depois do Coringa do Jack Nicholson. E, depois, com o Coringa do Heath Ledger. E que, pelo visto, vai continuar depois do Jared Leto. Um grande ator substituindo o outro, com pegadas completamente diferentes pro mesmo vilão.
Laurie pode ser esse cara pra Marvel.
A lista também mostra um variado elenco jovem. Independente dos atores, temos personagens como Liz Allen, Harry Osborn, Flash Thompson, Betty Brant, Mary Jane… Gente que foi importante nas fases Lee/Ditko e Lee/Romita da HQ e com toda a certeza ajudaria nesse clima John Hughes que a Marvel quer. Também tem até um Flash Thompson negro – até porque, do elenco de apoio clássico do Aranha, apenas o Robbie é negro.
Porém, faz falta uma Gwen Stacy aí na lista. Ok, já tivemos duas versões dela na tela grande, mas o jogo Peter/Gwen/MJ (ou mesmo a interação delas com os OUTROS personagens) das HQs clássicas é pra lá de interessante e seria tentador tê-las juntas.
Por fim, a tal lista ainda tem o Ned Leeds. Introduzido em Amazing Spider-Man #18, Ned é um jornalista do Clarim Diário e que disputa, por um certo momento, as atenções da Betty Brant com Peter. Esse lado repórter poderia ser interessante, ainda mais depois que Ben Urich já foi ~alocado lá na série do Demolidor...
Se você olhar na frieza dos perfis da Wikipedia e de outras Wikias da vida, Ned aparece como o “Duende Macabro II”, indicando que uma aparição dele nos cinemas poderia ser como o vilão – caminho até levantando pelo próprio Latino Review.
Só que a realidade é bem longe disso.
Leitores de longa data do Homem-Aranha sabem que Leeds não era pra ser, originalmente, o Duende Macabro. Na verdade, o mistério da identidade do vilão foi carregado por anos e anos na década de 80 pelo roteirista Roger Stern, que criou o Macabro. A ideia de Stern é que a real identidade do mascarado fosse a de Roderick Kingsley, um estilista rico do elenco de apoio. Quando ele deixou Amazing Spider-Man, contou o segredo pro editor (e, a partir daí, novo roteirista) Tom DeFalco.
Só que DeFalco sentiu que aquilo não era correto. Assim, assumiu que algumas pistas falsas deixadas pelo Stern sobre o Duende Macabro eram verdadeiras, passando a ser Ned Leeds. Ainda sem revelar essa ~verdade pros leitores, DeFalco seguiu sua fase pelo herói e deixou novas pistas. No especial Spider-Man vs. Wolverine, de 1987, o roteirista Jim Owsley resolveu por conta própria matar Leeds, sem avisar ninguém — e sem saber dos planos pro jornalista ser o vilão.
Olha a merda...
Isso gerou uma grande revolta na Marvel, mas já tava publicado e, literalmente, Inês era morta – ainda mais numa época que as mortes eram mais definitivas nas HQs do que hoje em dia. Sobrou pro então roteirista de Amazing, Peter David, contar quatro meses depois que o tão misterioso Duende Macabro era um cara... morto.
Ele criou toda uma justificativa pra morte de Leeds, juntando as pontas com o fato dele ser o vilão, mas nunca colou. Na verdade, o Duende Macabro ficou sem o seu grande final.
Por isso, já nos anos 90, Roger Stern voltou ao Homem-Aranha e conversou com os editores (que, na época, eram Glenn Greenberg e Tom Brevoort, além do editor-chefe Bob Harras) sobre o plano original. Foi publicada então a minissérie Spider-Man: Hobglobin Lives, na qual os leitores descobrem que o Duende Macabro sempre foi o Roderick Kingsley, que fez uma espécie de controle mental do Leeds para usá-lo em algumas circunstâncias – e, no meio disso, acabou morrendo.
O que isso tem a ver com os cinemas? Bom, digamos que todo esse rolo de bastidor é delicioso e seria tentador pra um roteirista botar Leeds lá não pra ser um Duende Macabro puro e simples, mas talvez ter alguma dualidade ou ser usado de alguma forma pelo vilão verdadeiro. Algo não pro primeiro filme, mas pra se desenrolar nas produções seguintes.
Escolham brincar com isso ou não, o que importa é que não falta material do Cabeça-de-Teia pra ser explorado, não é?
Fosse eu executivo da Marvel, me inspiraria num gibi do passado pro título do novo filme: Web of Spider-Man. Isso só porque Peter Parker, The Spectacular Spider-Man é muito grande. :D
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