Pokémon Go pega seu espaço no Hall H da Comic-Con | JUDAO.com.br

Definitivamente, ninguém esperava o sucesso do joguinho. E tem gente que não tá muito feliz com isso, também.

No ano em que completa duas décadas de existência, não dá pra dizer que Pokémon é daquelas febres passageiras. Pô, nestes 20 anos já tivemos 19 temporadas da série animada (sempre devidamente alinhadas com o tema do joguinho da vez), mais de 279 milhões de jogos vendidos em todo o mundo e uma média aí de 21,5 bilhões de cards espalhados em 74 países.

“Ter a Nintendo aqui traria mais exposição para a marca, mas não sentimos falta deles”, revela o coordenador de projetos da Copag, Fernando Carvalho, que cuida da produção do card game de Pokémon aqui no Brasil, em entrevista ao UOL. “Desde que começamos a produção do card game em 2011, quebramos recordes de vendas todos os anos”, afirma, dizendo ainda que, por mais que não possa revelar números específicos, as vendas no Brasil em 2016 já são o dobro das do período equivalente no ano passado.

Talvez nem o mais otimista dos executivos por trás da franquia pudesse imaginar que, neste ano de aniversário, Pokémon estaria sendo tão, mas TÃO comentado como nos dias de hoje. Duas palavras para você: Pokémon Go.

Em uma semana de lançamento, o aplicativo desenvolvido pela Niantic já tinha sido mais instalado em smartphones com Android do que o Tinder foi em CINCO ANOS. E não apenas foi o jogo da história a atingir mais rápido a marca de 10 milhões de downloads (considerando que, de acordo com a consultoria de inteligência para aplicativos Sensor Tower, hoje já estamos em mais de 30 milhões de BAIXADAS), mas também é o aplicativo no qual as pessoas mais estão passando tempo, superando Facebook, Twitter, Instagram, Snapchat, a porra toda. Detalhe importante aqui: Pokémon Go está disponível apenas em 27 países do mundo, segundo os números mais recentes.

No Craigslist, você já encontra anúncios de treinadores de Pokémon Go dispostos a te ensinar a ser o melhor jogador da parada por apenas 20 doletas, por mais que isso seja contra os termos de uso da Niantic. Um maluco na Nova Zelândia pediu demissão para passar dois meses por aí, caçando Pokémons. Um Vaporeon, Pokémon raro que é uma evolução de água do Eevee, apareceu no Central Park recentemente e causou um tumulto entre os jogadores de NY. E, em Portugal, tá rolando até um serviço especial de táxi para dar uma força no deslocamento da galera em busca de novos Pokémons. Dá pra imaginar o caos que vai ser quando esta bagaça chegar oficialmente ao Brasil? ;)

Para Oliver Stone, diretor de Snowden, Pokémon Go é um novo tipo de invasão, que pode levar a uma sociedade-robô e totalitarismo

No mundinho do entretenimento, era de se esperar que a parada tivesse seus reflexos. Depois de anos de luta pelos direitos do filme live-action, finalmente temos um vencedor: a Legendary, estúdio que vinha despontando como o favorito da Pokémon Company, empresa da qual a Nintendo é sócia e que cuida de todo o LEGADO de Pikachu e seus pequenos comparsas. A produção do primeiro filme da franquia deve começar só em 2017, mas o tema já está definido – será um filme live-action baseado em Detective Pikachu.

Detective PokémonO joguinho é uma espécie de spin-off de Pokémon, criação da Creatures inicialmente apenas para Nintendo 3DS na qual um garoto chamado Tim Goodman descobre um Pikachu diferente. Além de falar, o pequeno rato elétrico amarelo é muito inteligente e botou na cabeça que é bom de resolver mistérios. Então, a nova dupla sai pela cidade desvendando casos que, claro, têm relação direta com o universo dos Pokémons. No mundo todo, a distribuição ficará a cargo da Universal. Ou melhor, “quase” no mundo todo, já que no Japão será mantida a parceria com a Toho, empresa responsável pelo Godzilla e parceira da Legendary no reboot do monstrengo gigante.

Agora, imagina que a maior reunião de fanáticos por cultura pop do planeta começa a partir de hoje, lá em San Diego. Um grupo de usuários do Reddit, claro, já mapeou PokeStops e ginásios na cidade, para que visitantes de todo o mundo possam afiar (?) suas pokébolas e um painel de Pokémon Go com John Hanke, fundador da Niantic, estava programado para esta quinta-feira, na sala 25ABC – com capacidade para 480 pessoas. Mas as coisas mudaram um pouco.

A organização da SDCC sacou que estava fazendo algo de errado aí e mudou o painel para domingo (24), a partir das 13h45 (17h45, horário de Brasília) no Hall H. É, lá mesmo, o lugar mais nobre da Comic-Con de San Diego, com cerca de 6.000 lugares. Um baita upgrade, não? “Vamos examinar o passado, o presente e o futuro de jogos de realidade aumentada além da tela”, diz o anúncio oficial do painel.

Há anos discutem mudança de lugar (e de cidade) devido ao aumento de visitantes, todos os anos. Comic-Con aguentou Crepúsculo, The Walking Dead, Game of Thrones e tantos outros... Será que agora vai?

Oliver Stone

Seja como for, Pokémon Go não vai estrear no Hall H somente no domingo. Nessa quinta (21), durante o painel de Snowden, bastante focado em liberdades individuais e privacidade, Oliver Stone se mostrou um pouco preocupado com essa brincadeira toda. “É um novo nível de invasão”, afirmou o diretor, que acredita que isso poderia levar ao totalitarismo e nos levar a uma sociedade-robô. “Eles estão fazendo mineração de dados em cada uma das pessoas dessa sala. É o que eles chamam de capitalismo de vigilância”.

Capitalismo de vigilância é o que Julian Assange, fundador do WikiLeaks, considera o novo modelo de negócios mundial. “Por exemplo, o Google está tentando dominar o transporte. Por que? Porque tem uma vantagem comparativa de mapas e imagens de satélites das ruas, pessoas com celulares sendo monitoradas pelo Google Search” afirmou Assange o seminário internacional Liberdade de Expressão, Direito à Comunicação Universal e Imprensa Plural para as Democracias do Mundo, que foi realizado em Santiago, parte da celebração dos 60 anos do Colégio de Jornalismo do Chile.

NO MÍNIMO dá pra dizer que Oliver Stone tem um ponto, mas não me parece que essas trinta milhões de pessoas que já baixaram o app (e as outras todas que estão esperando pra poder fazê-lo) se preocupem com isso. Gotta catch ‘em all!