Mas o título também poderia ser “quando um fã hardcore acabou sacaneado pela franquia que ama… e aparentemente não ligou. Muito, pelo menos”
Kevin Smith sempre fez questão de deixar claro o quanto é maluco por Star Wars. Ponto. Basta assistir aos seus filmes para ver que pelo menos uma pequena referência ele vai fazer à saga espacial — isso pode variar da discussão racial em Procura-se Amy (“o Darth Vader é apenas um branquelo fracote vestido por baixo da fantasia de um negro poderoso”) às sérias questões trabalhistas levantadas em O Balconista (“quais eram as condições de trabalho dos caras que construíram a Estrela da Morte?”).
E não dá pra esquecer da participação especial de Mark Hamill e Carrie Fisher em O Império do Besteirol Contra-Ataca (aliás, o próprio nome do filme, Jay & Silent Bob Strikes Back no original, que independente da língua faz referência) e, claro, do próprio Smith, no papel de Silent Bob, tentando fazer o truque mental com a Força em Barrados no Shopping. Um clássico.
“A minha carreira começou a crescer por causa de Star Wars”, disse ele, certa vez, para a MTV gringa. “Eu amava isso quando era moleque, então em meus filmes eu comecei a falar sobre as coisas que amo, quadrinhos, hockey, Star Wars”. Funcionou.
Quem diria, no entanto, que Smith acabaria sendo trollado pelos próprios jedis que tanto idolatra em plena San Diego Comic-Con? E na frente de 6.000 pessoas? No Hall H? :D
Eis o que aconteceu: na sexta-feira (10), rolou aquele painel histórico de Star Wars, sabe? Extremamente emocional, pra mexer com os corações de todos os presentes, uma experiência única complementada por um vídeo de bastidores que era uma verdadeira prova de amor.
Só que não acabou ali. Ao final, todos os presentes foram convocados para sair e, numa verdadeira procissão geek, foram até a baía de San Diego, atrás do centro de convenções, onde ganharam (TODOS!) sabres de luz e puderam assistir a um concerto da Orquestra Sinfônica da cidade, tocando os clássicos temas musicais da saga.
Logo, o Hall H acabou sofrendo um inédito esvaziamento em massa.
Um RESUMO em vídeo do que aconteceu nessa sexta (10) na San Diego Comic-Con. Nós estávamos lá e, olha... FOI DO CARALHO! Leia tudo aqui, ó http://judao.com.br/star-wars-na-comic-con-nem-essas-1800-palavras-conseguem-descrever/
Posted by Judão on Saturday, July 11, 2015
Mas o lance é que a programação do dia não tinha acabado ainda. E adivinha de quem era o próximo painel? Sim, do Kevin Smith. Que iria falar sobre seus próximos filmes e, possivelmente, mostrar alguma coisa de seu lançamento seguinte, Yoga Hosers (estrelado por sua própria filha e pela filhota de Johnny Depp). Só que todo mundo saiu. E Smith ficou sozinho, na escuridão.
Ou quase isso.
Não é como se Smith não estivesse, digamos, acostumado com isso. Historicamente, seus painéis costumam ser os últimos do sábado, que é o “grande dia” da Comic-Con. Nos últimos anos, eles acabam vindo logo depois dos da Marvel – e, claro, quem está no Hall H não é OBRIGADO a ficar lá até o final, pode sair eventualmente se quiser. Então, ele sabe o que é encarar um êxodo, por assim dizer. Mas nada, definitivamente, assim tão grande. E, de uma vez só, ver a sala relativamente vazia.
“Sinto um grave distúrbio na Força. Como se 6.000 pessoas fossem repentinamente silenciadas por um concerto grátis. Talvez tenha que cancelar meu painel”, brincou o diretor, no Twitter, no momento em que viu a galera saindo e pouco depois de postar esta foto, com os stormtroopers que entraram na área do painel e ajudaram a organizar a saída da turma toda.
Claro, era de esperar, Smith riu da situação e, óbvio, sobrou uma galera pra prestigiar o sujeito. Do lado de fora, quem não tinha conseguido entrar deve ter ficado bastante agradecido com a oportunidade. Não, ele não ficou falando pra moscas. Numa contagem que ele mesmo revelaria pouco depois, a sala foi preenchida com cerca de 2.000 pessoas – um número razoavelmente bom, considerando as circunstâncias. “Apesar do poder da Força. #SithHappens”, brincou.
O diretor chegou, inclusive, a descrever a coisa toda como o final do filme Carrie, A Estranha. “Um bando de stormtroopers entrando, novos e antigos. Eu estava ‘cara, isso é um sonho virando realidade’? Lembra da Carrie, na festa de formatura? Quando ela estava tendo um momento foda? E tudo em câmera lenta, e você pensando ‘as coisas vão dar certo pra Carrie’. E então, de repente... BOOM! E eu vi tudo em câmera lenta”.
Em seu podcast, o Hollywood Babble-On, Smith revelou que, enquanto via dos bastidores sua potencial plateia saindo, deu de cara com o diretor J.J.Abrams. Ambos acabaram ficando amigos nos últimos anos – quem não se lembra, por exemplo, da visita exclusiva que Smith fez ao set de filmagens do Episódio VII, convidado especialmente por Abrams?
Pois é. Naquela sexta-feira, Abrams veio correndo falar com Smith, pra se desculpar. “Oh, meu Deus. Me desculpe. Estou me sentindo como o Darth Vader”. Como se não bastasse, Abrams ainda reforçou com um e-mail, enviado mais tarde naquela noite. “Estou passado, eu jamais faria isso com ninguém, ainda mais deixar sozinho um cara que eu adoro, como você”, conta Smith.
Abrams, precisamos te contar uma coisa, então... :D
Kevin Smith afirma que pensou em cancelar o seu próprio painel DE VERDADE, pra poder seguir com a caravana e ver o concerto de perto. “Você pode me ouvir falando sobre meus filmes em qualquer dia da semana em dezenas de podcasts. Este concerto é um evento único na vida!”. Mas acabou, por respeito à galera do lado de fora do Hall H, decidindo continuar. “Primeira regra desse negócio: entregue o show pra quem apareceu”.
Como o próprio Smith diz em seu podcast, doeu um pouco no momento. Mas “vai ser uma ótima história para contar em múltiplos podcasts para diversas gerações que estão por vir”.
ATUALIZADO! E, então, Kevin Smith liberou na internet o Q&A que veio a seguir de toda a tempestade criada por JJ Abrams. :)