Randy Rhoads Remembered: tributo ao mestre chega ao Brasil! | JUDAO.com.br

Apresentação vai acontecer em outubro, para delírio dos fanáticos pela fina arte da guitarra

No dia 22 de novembro, o Brasil vai receber uma apresentação única, em São Paulo, do projeto Metal All-Stars – um supergrupo formado por nomes como Joey Belladona (Anthrax), Zakk Wylde (Black Label Society), David Ellefson (Megadeth), Vinnie Appice (Black Sabbath/Dio), Cronos (Venom), Chuck Billy (Testament) e Geoff Tate (Queensryche), que vai tocar canções de suas respectivas bandas e também clássicos do hard rock/metal. Esta parte você já sabia.

O que talvez você ainda não soubesse é que um mês antes, em outubro, chega ao Brasil mais uma reunião de monstros sagrados – desta vez, especificamente da guitarra. Trata-se do Randy Rhoads Remembered, um tributo ao saudoso guitarrista que fez história em sua trajetória na carreira solo de Ozzy Osbourne. Duas apresentações estão confirmadas: uma para o dia 10/10 em São Paulo no HSBC Brasil e outra para o dia 12/10 no Rio de Janeiro, lá no Vivo Rio.

O projeto surgiu no começo deste ano, cortesia de Brian Tichy e Joe Sutton, as mesmas mentes criativas por trás do chamado Bonzo Bash, show especial que celebrava a vida e a obra do baterista do Led Zeppelin, John Bonham. Enquanto conversavam sobre que outros artistas os teriam influenciado de alguma forma, a dupla imediatamente chegou ao nome de Rhoads. Bastou apenas um papo com o irmão do músico, Kelle, para conseguir sua benção, e pronto, a noite em homenagem a Randy estava pronta para ficar de pé.

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O primeiro show aconteceu na cidade natal de Randy, Santa Monica, na Califórnia, no dia 25 de janeiro. Tichy, que chegou a tocar bateria do Whitesnake e no Foreigner, ficou responsável pelas baquetas. No baixo, ninguém menos do que Rudy Sarzo, grande amigo de Randy e seu companheiro não apenas na banda solo de Ozzy, mas também nos dois primeiros discos do Quiet Riot. Nos vocais, Robert Mason, ex-Warrant e Lynch Mob.

Obviamente, o destaque do Randy Rhoads Remembered é o estrelado line-up de guitarristas – que, na performance inicial, contou com nomes como Nuno Bettencourt (Extreme), Marty Friedman (Megadeth), Gus G. (Ozzy Osbourne, Firewind), Alex Skolnick (Testament), Phil Demmel (Machine Head), Brad Gillis (Night Ranger), Rowan Robertson (Dio), Tracii Guns (L.A. Guns) e Ron “Bumblefoot” Thal (Guns n’ Roses), além do brasileiro Kiko Loureiro (Angra).

Abaixo, veja o último número acústico reunindo todos os mestres das seis cordas.

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A banda aqui no Brasil vai contar com Bumblefoot, Tichy, Kiko e Rudy Sarzo – além de Phil X (Bon Jovi), Michael Devin (Whitesnake), Felipe Andreoli (Angra), Roy Z (Bruce Dickinson, Halford), Edu Falaschi (Almah), Chris Caffery (Savatage), Moyses Kolesne (Krisiun), Ivan Busic (Dr.Sin), Andreas Kisser (Sepultura), Ricardo Confessori (Shaman) e Kelle Rhoads, o irmão de Randy.

Uma lenda de curta trajetória

Nascido em 6 de dezembro de 1956, Randy é o mais novo de três irmãos em uma família que simplesmente respirava música – seus pais eram ambos professores da matéria. Quando seu pai, William, abandonou a casa no momento em que Randy tinha apenas 17 meses, sua mãe Delores abriu uma escola de música para poder sustentar os rebentos. Como os pequenos não tinham rádio em casa, uma de suas diversões favoritas era criar suas próprias canções: Randy, inclusive, começou a fazer aulas de violão clássico aos sete anos de idade, na escolinha da família, além de ter aulas particulares de piano com a própria mãe para melhorar o seu entendimento de teoria musical. Nos anos 70, ensinou o melhor amigo a tocar baixo para que eles pudessem formar sua primeira banda, The Whore, que logo se transformaria em um projeto de covers chamado Violet Fox, tocando Alice Cooper, David Bowie e Rolling Stones. Por falar em Cooper, o irmão de Rhoads afirma que ao assistir a uma apresentação da Titia Alice, ainda na adolescência, o jovem aspirante a músico teve certeza do que queria fazer para o resto da vida.

Aos 16 anos, tornou-se professor de guitarra na escola dos Rhoads, ensinando durante o dia e apresentando-se durante a noite, logo depois de se formar na escola fundamental. Ao lado do tal melhor amigo – no caso, Kelly Garni – formou a banda Little Women (que antes já tinha se chamado Mach 1). Quando recrutaram um antigo parceiro baterista, Drew Forsyth, e o vocalista Kevin DuBrow, acabaram eventualmente mudando o nome do grupo para Quiet Riot. O quarteto se tornaria um dos mais populares no circuito dos clubes de Los Angeles, abrindo com sucesso diversos shows do Van Halen e, em 1976, estavam tão famosos que acabaram chamando a atenção da poderosa gravadora CBS/Sony. Rhoads era, obviamente, o grande destaque, com uma sonoridade que já se destacava da realidade dos guitarristas daquela cena. Seus dois primeiros discos, Quiet Riot (1977) e Quiet Riot II (1978) foram inexplicavelmente lançados apenas no Japão. A banda só atingiria seu ápice de sucesso comercial com as saídas de Garni e Rhoads, levando ao line-up definitivo que lançaria Metal Health, em 1983, com o hit absoluto Cum On Feel The Noize, releitura de uma faixa dos ingleses do Slade. Mas isso é outra história.

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Randy Rhoads

A saída de Rhoads aconteceria logo depois de sua última apresentação ao vivo com o Quiet Riot, em setembro de 1979. Desiludido com a impossibilidade de ver o Riot lançar seus discos noa EUA, conversou com a mãe e perguntou o que ela achava de ele tentar entrar em uma banda já estabelecida, para ter mais chances de mostrar seu trabalho. Depois deste papo, Randy convenceu-se de que esta era a melhor coisa a fazer: depois de descobrir que Ozzy Osbourne estava em Los Angeles, procurando músicos para formar uma nova banda solo após sua tumultuada saída do Black Sabbath, o jovem músico exercitou ao máximo a arte de ser cara de pau e foi procurar o britânico, no dia anterior ao seu retorno para a Terra da Rainha. De posse de sua Gibson Les Paul e com um pequeno amplificador, Rhoads sentou o dedo e convenceu Ozzy na hora. Mas, como de costume, o vocalista estava bêbado. Eles chegaram a passar alguns dias juntos antes de Ozzy voltar para casa. Rhoads estava bastante empolgado. Mas tinha um complicador no meio do caminho. Ele se chamava Bob Daisley.

Em terras inglesas, Ozzy conheceu Daisley, ex-baixista do Rainbow, e ambos combinaram de trabalhar juntos. A intenção era que o line-up da tal nova banda de Ozzy fosse inteiramente britânico, atendendo aos pedidos do empresário, mas Ozzy não estava satisfeito com o músico que estava trabalhando com eles. Eis que Ozzy se lembrou daquele jovem músico que conhecera nos EUA. Parece que ele estava bêbado, mas nem tanto. Trazido da Terra do Tio Sam, Randy Rhoads foi diretamente para a mansão dos Osbourne, que tinha um enorme espaço para ensaio. Durante suas primeiras semanas em Londres, foi lá que o guitarrista morou ao lado de Ozzy, sua primeira esposa Thelma e seus dois primeiros filhos.

Com a adição do baterista Lee Kerslake, eles criaram Blizzard of Ozz, o primeiro disco solo de Ozzy, o álbum que ajudou a reinventar sua carreira e a torná-lo mais uma vez relevante no mercado musical e uma figura tão forte quanto a própria banda da qual tinha saído. Incentivado por Ozzy e Daisley, Randy resolveu soltar um pouco mais a mão, deixando aflorar um estilo até hoje batizado de neoclássico, com forte influência da música clássica. Foi este tipo de sonoridade que deu força a singles como Mr.Crowley e Crazy Train. “Um dia, Randy sentou comigo e me disse que a maior parte das músicas de heavy metal eram escritas em uma estrutura de acordes que ia de Lá a Mi”, disse Ozzy, certa vez. “Então, Randy disse: vamos mudar isso”. Foi o que ele fez, tanto em Blizzard of Ozz quanto em Diary of a Madman (1981), o segundo disco – tão bem-sucedido musical e comercialmente quanto o primeiro.

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Ozzy e Randy

Rhoads, um fenômeno em ascensão, já tinha confessado aos amigos mais próximos que tinha interesse de deixar o rock por alguns anos para obter a formação superior em violão clássico na UCLA, universidade respeitadíssima na Califórnia. Ainda em turnê com Osbourne, tinha aulas de perfil clássico nos intervalos sempre que podia. Mas o vocalista chegou a confirmar, anos mais tarde, que tinha certeza de que Randy não teria continuado na banda…caso aquele acidente não tivesse acontecido.

O ônibus de turnê da banda se dirigia, em março de 1982, para um festival em Orlando, na Flórida. Depois de dirigir por toda a noite, eles pararam para consertar um problema no ar-condicionado do veículo. Ozzy estava caído em uma das poltronas, numa mistura clássica de sono, álcool e drogas. Como estacionaram perto de uma pista de pouso na qual estavam pequenos helicópteros e aviões particulares, o motorista do ônibus da banda, Andrew Aycock, ex-piloto de aviação comercial, resolveu brincar um pouco. O primeiro voo seguiu OK. No segundo, estavam a bordo Rhoads e a maquiadora Rachel Youngblood. O piloto quis assustar as pessoas que estavam dentro do ônibus, voando cada vez mais perto. Até que uma das asas bateu no teto do ônibus e quebrou. O avião perdeu o controle, bateu em uma árvore e entrou em uma mansão próxima. Explosão imediata. Morte imediata. Desaparecia da existência um jovem gênio de 25 anos.

Ozzy relembra a última conversa que teve com Rhoads antes do acidente – o guitarrista parecia preocupado com as enormes quantidades de bebida alcóolica que o vocalista andava entornando. “Um dia destes, você vai acabar se matando, sabia?”.

Foram apenas quatro discos gravados. Mas, antes dos 30 anos, Randy Rhoads tornou-se um dos mais influentes guitarristas da história, frequentemente selecionado como um dos maiores mestres do instrumento de todos os tempos. Além de seus substitutos diretos na banda de Ozzy, Jake E. Lee e Zakk Wylde, Rhoads tornou-se influência direta para nomes como Yngwie Malmsteen, Dimebag Darrell (Pantera), Steve Vai, Kirk Hammett (Metallica), Michael Romeo (Symphony X), John Petrucci (Dream Theater), John Frusciante (Red Hot Chili Peppers), Tom Morello (Rage Against The Machine), George Lynch, Synyster Gates (Avenged Sevenfold), Alexi Laiho (Children of Bodom), Paul Gilbert (Mr.Big) e Buckethead (Guns ’n Roses).

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“Eu o ouvi tocando na rádio, certa vez, e soava muito bom”, afirmou Angus Young, guitarrista do AC/DC. “Eu admiro qualquer um que consiga tocar uma guitarra com um estilo que é facilmente identificável – e era isso que ele fazia. Tem gente que diz que não existe nada de novo que possa ser feito com uma guitarra, mas quando você ouve Randy Rhoads tocando, você sabe que eles estão errados”. Seu parceiro Rudy Sarzo concorda e completa: “Em seus piores momentos, Randy era ótimo. Em seus melhores momentos, ele era Randy Rhoads”.