Vivido na série por Jason O’Mara, ele é um personagem que remete às raízes dos gibis da Marvel na década de 40
SPOILER! No começo desta quarta temporada de Agents of SHIELD nós descobrimos que a organização está querendo (ou precisando) apagar todas as tretas do último ano envolvendo Inumanos e sair das sombras, voltando a ser uma força de manutenção da paz oficialmente sancionada pelo governo.
Depois do incidente da Guerra Civil envolvendo o Capitão América, que agora é um homem procurado, seria necessário ter alguém no comando que fosse uma face confiável. E Coulson é um cara que, pelo menos oficialmente, está morto desde o 1o filme dos Vingadores e ele acabou abandonando o cargo de diretor, já que a SHIELD agora precisaria de uma “cara”.
Quando os novos personagens foram anunciados, só sabíamos que Jason O’Mara (irlandês que dá voz a ninguém menos do que o Batman em algumas das mais recentes produções animadas direto para home vídeo) seria o tal do novo diretor. Bonitão, cheio de estilo, bom porte físico. Mas o nome dele? Mistério.
A única pista era que seria alguém que tinha relação com as raízes da Marvel, lá nos anos 40. E aí, no segundo episódio dessa temporada, Meet the New Boss, ele deu as caras e nós ouvimos o cara ser chamado por seu primeiro nome: Jeffrey. Foi o suficiente para se juntar as duas informações e chegar à possibilidade de ser o herói chamado Jeffrey Solomon Mace, que atendia pela alcunha heroica de Patriota.
E, bom, queridos leitores de gibis, é ele mesmo. A Marvel confirmou. :D
Criação do roteirista Ray Gill e do desenhista George Mandel, o Patriota surgiu originalmente em 1941, na revista The Human Torch #4 da Timely Comics, a editora que outrora se tornaria a Marvel. Depois de aparecer em mais alguns números do gibi do primeiro herói flamejante e ainda na antologia Marvel Mystery Comics, rapidamente o sujeito se tornaria um dos mais populares heróis da Timely, atrás apenas do trio principal Capitão América, Tocha Humana e Namor.
Nascido no Brooklyn, ele foi originalmente um repórter do Clarim Diário, que acabou se sentindo inspirado ao ver Steve Rogers em ação e resolveu ajudar na luta contra os espiões e supervilões nazistas. Treinando COM AFINCO, Jeffrey compensou a falta de superpoderes e tornou-se um atleta fora do comum e especialista em combate mano a mano, adotando sua própria roupa bandeirosa e multicolorida.
A sua história, no entanto, passaria por um revolução em 1964, quando a Marvel trouxe de volta o Capitão América para fazer parte dos Vingadores. Cronologicamente, Steve Rogers estaria congelado em animação suspensa desde o ano de 1945, quando rolou aquela batalha decisiva contra o Barão Zemo, conforme todo leitor dedicado bem se lembra. O grande ponto que ficou é: como diabos explicar o fato de que o Capitão América apareceu algumas MUITAS vezes em histórias depois da Segunda Guerra Mundial?
O Patriota surgiu originalmente em 1941 e já chegou a atuar como Capitão América
Simples: não era o verdadeiro Steve Rogers. Na verdade, eram alguns substitutos que assumiram o manto para manter a lenda viva com o passar dos anos. O primeiro deles, escolhido pessoalmente pelo presidente americano Harry S. Truman, foi William Nasland, que atuou como o Sentinela da Liberdade assim que o exército americano voltou para casa. Quando ele morreu, em pleno exercício do dever, adivinha quem ganhou o escudo? Exatamente, Jeffrey Mace, o Patriota.
Depois da guerra, Jeff continuou a combater o crime e até ajudou o chamado Esquadrão Vitorioso (do qual o próprio Capitão fez parte, inclusive) a impedir o assassinato do jovem senador John Fitzgerald Kennedy, em 1946. Mace se tornaria o terceiro Capitão logo depois, aposentando-se meros três anos depois e dando lugar ao professor William Burnside, que combateria uma versão “comunista” do Caveira Vermelha (e seria, mais tarde, o vilão Grande Diretor, mas vamos deixar esta história para contar outro dia).
Devidamente aposentado, Jeffrey se casou com Betsy Ross, a Garota Dourada, que chegou a ser ajudante do Capitão América pós-guerra. O sobrenome não lhe parece familiar por acaso: ela é tia do General Thunderbolt Ross, aquele homem de belo bigode branco que, obcecado em seu ódio pelo Hulk, se tornaria anos mais tarde o Hulk Vermelho. Tudo em família, basicamente. :P
Na cronologia moderna da Marvel, o Patriota passou ainda por outra mudança a partir de 1976, no gibi dos Invasores, como parte de um retcon ambientado na Segunda Guerra Mundial. A história revelou que o super-herói foi um dos criadores de outro grupo de justiceiros que ajudaram o exército americano, a Legião da Liberdade.
“Estamos empolgados em ter o Patriota na nossa série, um personagem que existe na Marvel há 70 anos”, afirmaram os produtores executivos Jed Whedon e Maurissa Tancharoen ao EW. “Jason O’Mara traz um equilíbrio perfeito de charme, mistério, heroísmo e humor”.
E ele traz também mais uma coisa – já que este Jeffrey é diferente da versão dos gibis, em especial por ser um Inumano com poderes. Tocada e amaldiçoada por um tipo de espírito (o que tá diretamente ligado ao universo que conheceremos em Doutor Estranho), a agente Melinda May parte pra cima dele com um cano de ferro na mão. E ao bater no chefão, nada acontece. Aí, ele usa a sua superforça para erguê-la no ar e contê-la. Ou seja: o pacote básico de força + resistência sobrehumana. Como o próprio Capitão América.
Não dá pra dizer exatamente se, apesar desta diferença óbvia, esse Jeffrey de Agents of SHIELD terá o mesmo passado heroico de sua contraparte nos gibis, mas faria sentido que fosse, inclusive, algo relacionado ao Capitão América. Afinal, estamos falando de um camarada que vem para substituir justamente aquele que é um dos maiores fãs do Capitão América em toda a história. Seria uma ironia interessante de ver retratada ao longo desta temporada. ;)